Idosa de 103 anos tem pé amputado por enfermeira em casa e sem anestesia, no DF
Uma idosa, de 103 anos, teve o pé amputado por uma enfermeira, em casa, no Distrito Federal. O caso foi comunicado à Polícia Civil na última segunda-feira, e é investigado pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).
A cirurgia de amputação, segundo o Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF), foi feita "com um bisturi inadequado, em ambiente domiciliar e sem anestesia".
Ao g1, o Coren-DF afirmou que "o profissional enfermeiro não realiza amputações, podendo atuar apenas na reabilitação de pessoas amputadas". Além disso, condenou qualquer prática que fira preceitos éticos, técnicos e legais da enfermagem (veja nota completa abaixo).
A idosa – que é acompanhada, desde 2023, por uma equipe médica e de enfermagem em casa – tinha uma ferida no pé que aumentou a ponto de ter uma indicação médica para amputação, segundo a Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Mas, por conta da idade, a família optou por tratar o ferimento com cuidados paliativos, que poderia gerar uma amputação natural.
Após a amputação, a vítima foi submetida a uma cirurgia e está internada na UTI, de acordo com a PCDF. Segundo a delegada Ângela Maria dos Santos, "foi instaurado o inquérito policial para apurar em que circunstâncias se deram estes fatos".
"As investigações correm em sigilo e, muitas diligências ainda precisam ser realizadas, como obtenção de informações técnicas, oitivas de várias pessoas e profissionais envolvidos, bem como a realização de exames periciais. Somente após a análise de todas as provas apresentadas, a autoridade policial poderá dizer se houve ou não ilícito penal", diz a delegada.
O que diz o Coren-DF
"O Conselho Regional de Enfermagem do Distrito Federal (Coren-DF) tomou conhecimento do caso envolvendo uma enfermeira que supostamente realizou a amputação do pé de uma idosa de 103 anos, utilizando um bisturi inadequado, em ambiente domiciliar e sem anestesia. Ressaltamos que o profissional enfermeiro não realiza amputações, podendo atuar apenas na reabilitação de pessoas amputadas.
O Coren-DF condena de forma contundente qualquer prática que fira os preceitos éticos, técnicos e legais que norteiam a atuação da enfermagem. Aguardamos, no entanto, os desfechos da investigação da Polícia Civil do Distrito Federal, para apurar qual tipo de procedimento foi especificamente realizado.
A fiscalização e a regulamentação do exercício da Enfermagem são pilares fundamentais da atuação do Conselho, que tem como objetivo zelar pela ética e pela segurança na assistência.
Reforçamos que a prática profissional da Enfermagem deve sempre observar os limites de competência estabelecidos pela legislação, de modo a preservar a vida, a saúde e a dignidade dos pacientes. Casos como este não representam como um todo a categoria, que é composta por profissionais éticos e comprometidos com a assistência segura e de qualidade.
O Coren-DF está à disposição para colaborar com as autoridades competentes no decorrer das investigações."