Polícia prende primeiro suspeito por envolvimento na morte do delator do PCC Vinicius Gritzbach

Por Redação com O Globo 06/12/2024 20h08
Por Redação com O Globo 06/12/2024 20h08
Polícia prende primeiro suspeito por envolvimento na morte do delator do PCC Vinicius Gritzbach
Imagem de câmera de segurança do Aeroporto de Guarulhos mostra os dois assassinos de Gritzbach correndo de volta para o carro após o crime - Foto: Reprodução

A Polícia Militar de São Paulo prendeu nesta sexta-feira o primeiro suspeito por envolvimento na morte de Vinicius Gritzbach, empresário que tinha acordo para delatar esquemas de lavagem de dinheiro do PCC e foi morto a tiros em novembro, no Aeroporto de Guarulhos (SP).

O suspeito foi localizado na Zona Leste da capital e encaminhado ao Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), onde será ouvido. O homem teria fornecido celulares ao grupo que executou o delator e arquitetado a fuga para o Rio de Janeiro de um dos suspeitos, homem identificado pela força-tarefa que investiga o caso como o 'olheiro' dentro do Aeroporto de Guarulhos que passou informações sobre a saída de Gritzbach para os atiradores que aguardavam do lado de fora do Terminal 2.

Com o suspeito preso hoje por soldados da Rota, foram apreendidas munições de fuzil 556 e 762, mesmos calibres utilizados no atentado a Gritzbach. As munições estavam dentro do baú da moto conduzida pelo suspeito, que não confirmou ter ligações com o outro. Também foi apreendido o aparelho celular do suspeito. Tudo será periciado.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) celebrou a prisão do suspeito nas redes sociais. "Após um trabalho de inteligência, policiais de ROTA acabam de prender um dos criminosos envolvidos no assassinato de Vinicius Gritzbach, ocorrido no aeroporto de Guarulhos. Ele foi preso com munições de fuzil e está sendo conduzido ao DHPP", publicou.

O delegado-geral da Polícia Civil, Artur Dian, afirmou que a polícia "ainda está aprofundando" as apurações sobre o papel do suspeito no assassinato de Gritzbach, que segundo Dian não tem antecedentes criminais.

Até o momento, pelo menos três suspeitos de envolvimento na execução de Gritzbach já foram identificados. Além deste preso e do outro identificado, a polícia busca outro, que é suspeito de ter fornecido veículos usados na fuga dos demais criminosos.

Endereços ligados ao homem foram alvos de busca e apreensão no fim do mês passado, mas o suspeito não foi encontrado. Na quarta-feira desta semana, a polícia fez também buscas no apartamento de Gritzbach, onde apreendeu aparelhos eletrônicos e documentos.

O empresário foi executado com dez tiros de fuzil por criminosos encapuzados no último dia 8 de novembro, no Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo. Um motorista de aplicativo foi atingido pelos disparos e também morreu. Outras três pessoas que estavam no local ficaram feridas.

Gritzbach havia assinado em abril uma proposta de acordo de delação premiada com o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) para entregar integrantes da facção por lavagem de dinheiro, além de policiais civis. No documento, ao qual o GLOBO teve acesso em sua íntegra, o empresário afirma ter informações que comprometem três membros do PCC: Anselmo Becheli Santa Fausta, o Cara Preta; Cláudio Marcos de Almeida, o Django; e Silvio Luiz Ferreira, o Cebola. Dentre eles, o único integrante do PCC vivo é Cebola.

Em sua denúncia, o empresário acusa ainda agentes ligados ao Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ao 24º Distrito Policial (Ermelino Matarazzo) e ao 30º DP (Tatuapé). A Polícia Civil afastou policiais citados pelo delator, que havia prestado depoimento na Corregedoria da corporação dias antes de ser assassinado.

Ainda segundo a proposta de delação, o 30º e o 24º DP teriam se envolvido nas investigações contra Gritzbach após a equipe de um distrito ser transferida para outra delegacia, levando consigo os esquemas criminosos. Os promotores do caso apontam que as condutas dos policiais podem configurar os crimes de concussão (extorsão cometida por agentes públicos), corrupção passiva e associação criminosa.

Além de policiais civis, também foram afastados policiais militares que faziam segurança particular para Gritzbach. No dia do atentado no aeroporto, quatro PMs haviam sido escalados para buscar o delator no aeroporto, mas três deles ficaram a quilômetros de distância porque um dos carros usados pelo grupo teve uma pane.