Entenda de onde Donald Trump tirou o boato de que imigrantes comem animais de estimação de Americanos

Por Redação com Associated Press 11/09/2024 21h09
Por Redação com Associated Press 11/09/2024 21h09
Entenda de onde Donald Trump tirou o boato de que imigrantes comem animais de estimação de Americanos
Trump - Foto: Win Mcnamee/Getty Images via AFP

No debate presidencial da última terça-feira, 10, Donald Trump fez uma alegação surpreendente e absurda: imigrantes ilegais estariam comendo animais de estimação em Springfield, Ohio. A declaração, imediatamente desmentida pelo mediador do debate, levantou questões sobre a origem e a veracidade desse boato.

Durante o confronto com a vice-presidente Kamala Harris, Trump afirmou: "Em Springfield, eles [imigrantes] estão comendo os cachorros. Estão comendo os gatos. Comendo os pets das pessoas que moram lá." A alegação foi prontamente refutada pelo mediador, que entrou em contato com as autoridades locais, as quais negaram a existência de qualquer incidente relacionado.

A origem do boato remonta a um rumor amplificado nas redes sociais. Em 6 de setembro, uma postagem na plataforma X (antigo Twitter) começou a circular, alegando que "a amiga da filha do vizinho" havia visto um gato pendurado em uma árvore, supostamente para ser comido por imigrantes haitianos. A postagem incluía uma foto de um homem negro segurando um ganso canadense, e foi compartilhada amplamente sem provas concretas.

J.D. Vance, candidato a vice-presidente na chapa de Trump, contribuiu para a disseminação do rumor ao postar sobre denúncias de residentes de Springfield alegando que seus pets haviam sido sequestrados e comidos por imigrantes haitianos. No entanto, Vance também admitiu, pouco depois, que esses rumores poderiam ser falsos.

A campanha de Trump, que tem focado intensamente na imigração ilegal e frequentemente amplifica preconceitos contra estrangeiros, aproveitou o boato para reforçar sua narrativa. Outros republicanos, como o senador Ted Cruz, também compartilharam mensagens semelhantes, usando imagens e slogans para promover o medo.

Em resposta à alegação de Trump, autoridades de Springfield e especialistas destacaram a gravidade da propagação de informações falsas. Guerline Jozef, fundadora da Haitian Bridge Alliance, destacou que boatos como esse não apenas são infundados, mas também perigosos, contribuindo para a hostilidade contra comunidades imigrantes. John Kirby, porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, também expressou preocupação, enfatizando que tais narrativas podem incitar ações prejudiciais baseadas em informações absurdas.

Um incidente isolado ocorrido em Canton, Ohio, onde uma mulher foi acusada de matar e comer um gato, foi erroneamente ligado ao boato. Contudo, a mulher envolvida, Allexis Ferrell, não tem vínculo com a comunidade haitiana.

Springfield, uma cidade com cerca de 60 mil habitantes, tem visto um crescimento na população haitiana, que está legalmente no país sob um programa de proteção temporária devido às condições inseguras no Haiti. O governo dos EUA, sob a administração Biden, concedeu recentemente status legal temporário a cerca de 300 mil haitianos.