Caso Anic: réu assume que matou vítima e 'vai apontar onde ela foi morta', dizem advogados
A defesa do técnico de informática, principal suspeito do desaparecimento da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, admitiu, nesta sexta-feira, que ele assassinou a vítima. Segundo a advogada Flávia Froés, uma das responsáveis por defender o suspeito, ele seria ouvido, na tarde de hoje, pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) sobre o que aconteceu com Anic. O acordo de colaboração era a liberdade dos filhos e de uma ex-namorada do suspeito, o que não se confirmou.
Réu assume que matou Anic
A oitiva aconteceria no Complexo Penitenciário de Gericinó, onde o técnico de informática está preso. O procedimento faria parte de uma tratativa para viabilizar uma colaboração premiada, onde o suspeito revelará a existência de um mandante do desaparecimento. Anic está desaparecida desde o dia 29 de fevereiro deste ano. Ela sumiu após sair a pé de um shopping, em Petrópolis, na Região Serrana. Segundo a defesa do suspeito, a vítima foi morta nesta data, e nunca houve sequestro.
— O (...) quer esclarecer, é de interesse dele, inclusive, levar a Justiça, a imprensa ao local onde Anic morreu. Onde uma perícia com luminol perfeitamente vai apurar a existência de sangue dela no local — disse a advogada Flávia Froés, que defende o suspeito.
Qual é o objetivo da confissão?
Ainda segundo a defesa, a confissão é "para desvincular outras três pessoas que não participam" do crime. Segundo contou, no local onde Anic foi morta é possível encontrar vestígios de sangue da vítima mediante exames.
— Isso vai ser objeto desse esclarecimento. A pretensão dele é, havendo ou não um acordo de colaboração com o Ministério Público, levar tudo à Procuradoria de Justiça, tendo em vista que as tratativas não evoluíram com o promotor da causa. Ainda que não haja um acordo de colaboração premiada, é a intenção do (...) já esclarecer isso, levar a polícia, a Justiça, a imprensa, ao local onde os fatos se deram, onde vai se poder apurar com solar clareza, com uso de técnicas periciais da polícia científica, vai se apurar plenamente que Anic morreu naquele local — disse a advogada Flávia Froés.
Como será possível analisar material genético de Anic?
Segundo a defesa, é possível encontrar e analisar material genético da vítima no local a ser apontado pelo suspeito:
— Há vestígios de sangue, de material genético, é sabido que o luminol consegue detectar presença de sangue até cinco anos depois do fato. Não adianta lavar. O luminol é capaz de verificar isso no local do fato aonde Anic morreu, e vai revelar a intenção dele. Havendo ou não a colaboração. Mas quanto antes puder dar fim, dar uma resposta à sociedade, aos amigos da Anic, principalmente à filha de Anic, a intenção do (...) e da sua defesa colaborar com a Justiça.
Pagamento no valor de R$ 4,6 milhões chegou a ser feito
O suspeito e outras três pessoas suspeitas de envolvimento no desaparecimento da advogada estão presas. Um pagamento de resgate no valor de R$ 4,6 milhões chegou a ser feito pela família da vítima, mas ela nunca retornou para casa. A polícia concluiu, num relatório de inquérito, que a estudante de Psicologia foi possivelmente assassinada.
Segundo a defesa, desde o início a intenção era o homicídio da vítima, e que a narrativa do sequestro fazia parte do plano. O suspeito diz que agiu mediante ordem do mandante. Ele admitiu que tinha um relacionamento com Anic. O réu escreveu uma carta no cárcere contando detalhes do crime. Este documento está com a advogada Flávia Froés.
— Dependemos de uma tratativa com MPRJ para entregar este documento. O (...) se predispõe a ir no local para mostrar à polícia onde está o corpo — afirma.
Caso Anic completou seis meses
Nesta quinta-feira, o mistério sobre onde está Anic completou seis meses. Apesar de buscas terem sido feitas por policiais da 105ªDP (Petrópolis), o corpo da advogada nunca foi localizado. O relatório da investigação do caso, feito pela Polícia Civil, revela ainda a proximidade entre o suspeito e a vítima, que segundo depoimento de uma testemunha, mantinham um caso extraconjugal. Ele também conclui que Anic teria entrado em um carro dirigido pelo suspeito, após ter sido vista pela última vez caminhando pelo Centro do município de Petrópolis, no fim da manhã do dia 29 de fevereiro de 2024. A família da vítima pagou a quantia de R$ 4,6 milhões, exigida por uma pessoa que fez contato por mensagens de texto.