Um mês travada e recuperação lenta: influencer conta como aula de spinning a levou para UTI após lesão e xixi preto
Mais de um mês depois de ir parar em uma UTI após uma única aula de spinning, a influenciadora Kamila Rigobeli contou em entrevista ao g1 que ainda não pode retomar a rotina.
Eu tive que ficar sem me mexer por 30 dias para evitar o desgaste dos músculos e que eles liberassem mais enzimas no meu sangue. Ainda sinto minhas pernas muito fracas, tenho dificuldade para fazer esforço e vou ter que passar por fisioterapia.
— Kamila Rigobeli, diagnosticada com rabdomiólise
Ela foi diagnosticada com rabdomiólise, uma doença que ocorre pela reação do corpo a uma lesão muscular grave.
Durante o exercício, nossos músculos passam por um processo natural de desgaste que gera microlesões das fibras musculares. Essa "quebra" das fibras musculares é uma resposta normal ao esforço físico e levam à ativação de enzimas. Elas são então metabolizadas pelo fígado e pelos rins. Na doença, o corpo não consegue metabolizar e sobrecarrega os rins. O quadro pode, dependendo da gravidade, levar à morte.
Segundo Kamila, ela fazia exercícios diariamente, mas parou com o nascimento da filha, que tem nove meses. Ainda assim, praticava tênis e vôlei. Ela decidiu ir à aula de spinning com a amiga pela primeira vez, quando teve o caso de rabdomiólise.
“A aula era muito intensa, mesmo avisando que era iniciante. Teve flexão e levantamento de peso na bicicleta. Eu cheguei a cair e saí de lá quase carregada pela minha amiga”, conta.
Com dores, Kamila conta que procurou primeiro o fisioterapeuta, mas começou a fazer xixi preto e foi ao pronto-socorro, onde foi internada por uma semana na UTI. Ela teve uma lesão grave no quadríceps, músculo da parte superior da coxa, que levou à doença. Kamila conta que ainda hoje há sinais da lesão, como edemas e inchaço.
“Eu vou voltar à rotina aos poucos, fiz minha primeira caminhada na semana passada. Minha coxa ainda está bem inchada e preciso fazer exames periódicos para garantir que meus órgãos estão saudáveis”, explica.
A influenciadora contou sua jornada com a doença nas redes sociais e o vídeo tem milhões de visualizações. Segundo Kamila, a publicação foi feita para alertar as pessoas sobre a doença, que é silenciosa, e que a única forma de evitar é respeitando os limites do corpo.
O discurso dessas aulas é de ultrapassar os limites, de insistir. E se você não insistir, você está errado. O que é totalmente ao contrário do que precisa ser feito, que é respeitar o corpo e não se expor ao risco que eu passei. Poderia ter morrido e não quero que as pessoas passem por isso.
— Kamila Rigobeli, influenciadora.
Veja perguntas e respostas sobre a rabdomiólise
Qualquer pessoa pode ter a doença?
O médico Fabrício Buzatto, membro da sociedade brasileira de Medicina do Exército e do Esporte (SBMEE), explica que o quadro pode acontecer com qualquer pessoa, mas depende do condicionamento físico e da exposição a atividades intensas.
Pessoas sedentárias e iniciantes estão mais expostas, já que atletas geralmente têm o acompanhamento do desgaste do corpo antes de chegar a doença.
O risco é só para pessoas que praticam spinning?
Os especialistas dizem que não e que qualquer atividade intensa, sem o preparo, alimentação e hidratação adequada podem causar a doença. Isso inclui: crossfit, funcional, aulas de spinning, futebol e até musculação.
A médica do Espaço Einsten, Karina Hatano, explica que fica comum em atividades que entram "na moda" porque muitas pessoas sem preparo começam a praticar e acabam expondo o corpo a uma intensidade para a qual não estava preparada.
O que fazer para evitar?
O médico Fabrício Buzatto explica que o principal é não tentar atividades intensas se era uma pessoa sedentária e não forçar além do que pode suportar. Além disso, reforça que a hidratação antes e depois do exercício é uma questão importante.