Mulher morre durante retirada de DIU na Grande BH

Por redação com G1 09/11/2023 19h07
Por redação com G1 09/11/2023 19h07
Mulher morre durante retirada de DIU na Grande BH
Fachada da clínica Med Center, em Matozinhos, na Grande BH - Foto: Reprodução/Google Street View

"A minha filha não morreu, ela foi assassinada".

A fala indignada é do aposentado Lino Antônio Vieira, de 64 anos, pai de Jéssica Marques Vieira, de 32, que morreu no último sábado (4) durante procedimento para a retirada de um dispositivo intrauterino (DIU) na clínica Med Center, em Matozinhos, na Grande BH.

Vieira contou à reportagem que Jéssica era paciente do cardiologista Roberto Márcio Martins de Oliveira, desde 2011, porque nasceu com sopro no coração, e ele quem faria a retirada do contraceptivo.

"Eu e meu genro que levamos ela lá, ficamos das 7h até as 11h. Ele tinha matado minha filha, retirou ela para a UPA de Matozinhos. Só lá que eu tomei conhecimento da morte. Eu quero justiça, aquele homem matou minha filha e ele tem que pagar por isso. O que eu estou passando, não desejo pra nenhum pai, pra nenhum familiar".

De acordo com o boletim de ocorrência (BO) registrado por Vieira na Polícia Militar (PM), o procedimento começou às 7h e às 9h30 ele e o genro, Elvis Fernandes dos Santos, não tinham recebido nenhuma notícia da paciente, o que levou a suspeitar que havia algo de errado.

O documento policial relata que a recepcionista da clínica passou com duas bolsas de soro em direção ao consultório, retornou assustada e dispensou os demais pacientes que aguardavam atendimento. Questionada, ela alegou que "não sabia de nada".

Algum tempo depois, funcionários da unidade de pronto atendimento (UPA) de Matozinhos chegaram à clínica com um desfibrilador e Jéssica foi levada para a UPA.

Vieira contou à polícia que, quando os profissionais da saúde passaram com a filha dele pelo corredor para colocá-la na ambulância, ele percebeu que ela estava mais pálida que o normal e com os lábios bem roxos. Nesse momento, segundo o pai, ele viu que a filha já estava morta.

Ficaram sabendo da morte pelo rabecão

O aposentado perguntou ao médico se ela havia morrido, mas ele negou e disse que tinha feito procedimentos de ressuscitação por 19 vezes. O médico impediu que Elvis, marido de Jéssica, a acompanhasse na ambulância.

Já na UPA, por volta das 14h30, um rabecão do Instituto Médico Legal (IML) chegou ao local e Vieira descobriu conversando com o motorista do veículo que ele foi para remover o corpo de uma "mulher de nome Jéssica".

Na sequência, o médico Roberto Márcio informou à família sobre a morte da paciente. O pai de Jéssica pediu para ver o corpo da filha no necrotério da UPA, que segundo ele "já encontrava-se frio, com os lábios mais arroxeados e agora a face também encontrava-se com o aspecto arroxeado, e iniciando rigidez", o que o levou a pensar que a filha morreu mais cedo.

Vieira procurou a clínica Med Center para pedir esclarecimentos sobre a morte de Jéssica, mas não teve resposta. O corpo dela foi enterrado no domingo (5).

O g1 Minas entrou em contato com o Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRM-MG) e com a Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig) e aguarda os retornos.

A reportagem tenta contato com a clínica Med Center de Matozinhos e com o médico Roberto Márcio Martins de Oliveira.

A Prefeitura de Matozinhos informou, em nota, que profissionais da UPA seguiram para o local e transferiram a paciente para a unidade de urgência e emergência. Eles realizaram procedimentos de reanimação cardiopulmonar, mas sem sucesso.

Completou informando que a situação da clínica é regular, mas que não possui permissão para operar procedimentos ginecológicos.

O que diz a Polícia Civil

Leia a íntegra da nota:


"A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) instaurou inquérito policial e aguarda a finalização dos laudos periciais que subsidiarão as investigações que apuram as causas e as circunstâncias da morte da mulher, de 32 anos, ocorrida durante um procedimento em uma clínica médica, em Matozinhos. Mais informações serão repassadas após a conclusão do inquérito policial."