Pastores são condenados a 21 anos de prisão por morte de adolescente em templo em Salvador
Após 22 anos, o caso Lucas Terra pode estar próximo de chegar ao fim. Os pastores Fernando Aparecido da Silva e Joel Miranda foram condenados a 21 anos de prisão pela morte do adolescente, à época com 14 anos. A decisão foi publicada na manhã desta sexta-feira, 28, após três dias de julgamento, em Salvador.
O assassinato ocorreu em 21 de março de 2001, por volta das 23h, dentro de um templo da Igreja Universal do Reino de Deus, no bairro do Rio Vermelho, na capital baiana. Fernando Aparecido e Joel Miranda agiram junto com um outro pastor, Silvio Roberto dos Santos Galiza, que foi condenado em 2004, em um outro julgamento.
O que consta na decisão é que os três imobilizaram Lucas, agrediram o adolescente sucessivamente e queimaram o seu corpo com uma substância inflamável.
Ainda segundo o texto assinado pela juíza Andrea Teixeira Lima Sarmento Netto, os pastores cometeram o crime após Lucas Terra responder de forma negativa às investidas sexuais dos acusados.
Fernando Aparecido e Joel Miranda foram considerados culpados por maioria dos votos no júri popular. Os dois só foram indiciados anos depois do crime, em 2007, por causa de uma denúncia feita pelo pastor Galiza, quando ele já havia sido condenado pelo crime.
Aparecido e Miranda chegaram a ser julgados em novembro de 2013 e inocentados, por decisão de apenas um juiz. A família então recorreu, e o Tribunal de Justiça da Bahia decidiu levá-los a júri popular.
Como a defesa dos pastores ainda podem recorrer da decisão, a juíza decidiu que Fernando Aparecido e Joel Miranda poderão aguardar em liberdade.
Sobre a sentença desta sexta, a Igreja Universal disse que vai analisar se deve entrar com recurso e, tendo sido procurada pelo Terra, afirmou que parte da imprensa estaria "ignorando a defesa e a voz da Universal".
Veja a íntegra da nota:
"A Igreja Universal do Reino de Deus esclarece que cabe recursos. E isso será analisado pelos advogados dos pastores após a sentença ser disponibilizada.
Vale destacar que lamentamos o que foi visto, parte da Imprensa que não cumpre a sua missão de modo ético, ao realizar uma cobertura “jornalística” que contrariou completamente o princípio básico da Justiça, dando tratamento de “culpados” aos pastores desde sempre, como campanha condenatória. E ainda ignorando a defesa e a voz da Universal — ferindo o princípio base do jornalismo: ouvir os dois lados e dar igual espaço. Isso só prova o tremendo preconceito contra a igreja cristã e a dignidade do pastor evangélico no Brasil. Contudo, os abusos e eventuais crimes contra a honra praticados serão levados ao Poder Judiciário, para que sejam punidos na forma da lei."