Com influência dos melôs, cantora alagoana Mammi lança EP que aborda a vida na periferia

Por Gustavo Cândido/Redação 02/06/2022 16h04 - Atualizado em 02/06/2022 18h06
Por Gustavo Cândido/Redação 02/06/2022 16h04 Atualizado em 02/06/2022 18h06
Com influência dos melôs, cantora alagoana Mammi lança EP que aborda a vida na periferia
Cantora Mammi - Foto: Divulgação

A cantora Mammi lança o EP "Deboche Vibration" neste sábado (4), trazendo influências musicais e culturais da periferia alagoana em quatro faixas.

Natural de Maceió, Ana Karolina Justino da Silva Santos, a Mammi, começou sua trajetória artística em 2018, no coletivo de rap Guerreiros do Guetto.

"Lá eu pude colocar pra fora meu lado que até então só tinha mostrado na escola e esteve adormecido durante o tempo que concluí o ensino médio", disse.

A cantora de 26 anos conta que os sons da cidade são inspiração para que ela crie seu próprio som, inclusive as músicas que seus vizinhos colocam para tocar.

"Os vizinhos ajudam muito nesse processo. Tem sempre alguém com paredão do lado. A periferia sempre foi um local com muita diversidade, acho os ritmos e a cultura que surgem dentro dela muito interessantes", afirma.

Entre esses ritmos, ela cita o arrocha, a swingueira, o forró e principalmente os melôs, que se mantém populares em Maceió através dos anos.

A artista explica que "a cultura periférica de Maceió é marcada por algumas músicas de
reggae/reggaeton/dancehall que são chamadas de melôs".

Mas afinal, com toda essa mistura maceioense, como definir o Deboche Vibration? Para dar essa resposta, nada melhor que a própria criadora. Para ela, é um EP que "fala sobre a vida na periferia, sobre a autoestima de quem sempre é visto como ralé pela galera de fora da periferia ou até quem está dentro dela e tem a mentalidade colonizada".

Aliás, Ana Karolina afirma que já enxergou de uma maneira não tão positiva a periferia, mas com o passar do tempo essa visão mudou e hoje foi substituída pelo sentimento de orgulho.

"Eu mesmo já pensei que estava fora desses padrões, mas estava enganada. Tentava me "embranquecer", renegando as origens mas a ficha sempre cai. Percebi que eu sou o que eu criticava. Nada melhor do que assumir isso e usar como combustível".

Uma obra nasce em plena pandemia

Para o Deboche Vibration ganhar vida foi preciso esperar dois anos, por conta de um problema encontrado por muitos artistas independentes em início de carreira: a questão financeira.

"Arquivei o projeto porque tava bem ruim financeiramente. Demorei 2 anos para lançar. Ponto positivo é o de realização pessoal mesmo, porque sinceramente, ser artista independente é super difícil. Você tira do próprio bolso e acaba ficando limitado para criar por causa do orçamento baixo", diz.

O EP é cria da pandemia e a ideia surgiu em um momento complicado para Ana Karolina. Ela havia perdido o emprego e usou parte do tempo livre para compor, coisa que tinha deixado de fazer por causa da rotina.

"Procurei alguns beats na internet e comecei a criar. Descartei algumas coisas e o que achei legal fui lapidando, trabalhando com o beatmaker RareblacK e vendo alguns feedbacks de amigos".

Apesar da proximidade do dia 4, a alagoana tem certeza que esse momento marca uma nova fase e já pensa no que fará após a data, como o lançamento de outras músicas.

"No momento tô focada em criação de repertório. Já tenho algumas músicas prontas para serem lançadas após o Deboche Vibration. Quero que esse EP seja a marcação da minha nova fase, mais decidida, mais experiente e mais preparada do que antes".

Deboche Vibration estará disponível nas principais plataformas digitais às 12h do dia 4. O EP foi produzido por RareblacK e teve direção, mixagem e masterização de Thebosh.