Três brasileiros que participaram da invasão ao Capitólio respondem processo na Justiça dos EUA

Por redação com O Globo 20/02/2022 07h07
Por redação com O Globo 20/02/2022 07h07
Três brasileiros que participaram da invasão ao Capitólio respondem processo na Justiça dos EUA
Brasileiros foram flagrados durante a invasão ao Capitólio, nos EUA - Foto: Foto: Reprodução

Três brasileiros que participaram da invasão ao Capitólio, em janeiro do ano passado, em Washington, nos Estados Unidos, respondem criminalmente na justiça americana. Um deles já foi condenado e outros dois foram presos.

Contra o trio pesam acusações de conduta desordeira, desordem civil, entrar ou permanecer conscientemente em qualquer prédio ou terreno restrito sem autorização legal. Todos eles foram flagrados dentro da sede do Legislativo americano quando o prédio foi invadido por apoiadores do ex-presidente Donald Trump.

O caso mais recente foi o de Letícia Vilhena Ferreira, de 32 anos, presa nesta quarta-feira na cidade de Indian Head Park, no estado de Illinois. Imagens das câmeras de segurança registraram a brasileira dentro do prédio em meio à multidão, usando uma jaqueta camuflada e um gorro vermelho com o nome do então presidente Trump.

Em um dos vídeos, ela está na cripta do Capitólio, local onde os invasores pararam e gritaram palavras de ordem como “nossa casa” e “pare o roubo”.

Durante o motim, os apoiadores de Trump atacaram fisicamente os policiais do Capitólio que tentaram impedir o avanço dos invasores. De acordo com a denúncia, Letícia aparentemente não participou de nenhum ataque aos policiais.

Os investigadores tiveram acesso a mensagens trocadas por Letícia em seu celular. Em uma das conversas, no dia seguinte à invasão ao Capitólio, a brasileira trata abertamente do assunto e afirma que foi "irresponsável" ao participar do motim.

— Você acha que eles vão atrás de todos que estiveram no Capitólio? — pergunta Letícia.

— Não fique triste. Esteja preparada. Estamos todos ferrados — respondeu o interlocutor. — Sim, eles vão atrás de todas aquelas pessoas — acrescentou o amigo da brasileira.

— Eu fui tão irresponsável de andar até lá. Estava com uma família legal. Um senhor e dois filhos. Caminhada pacífica — disse Letícia.

Denunciado por ex-colega de classe

Samuel Camargo, de 26 anos, foi preso duas semanas após a invasão ao Capitólio. Ele é filho de brasileiros e vive no condado de Broward, na Flórida.

Agentes do Departamento Federal de Investigação dos Estados Unidos (FBI) chegaram a Camargo após a denúncia de um ex-colega de escola e seguidor nas redes sociais. O denunciante informou às autoridades que o brasileiro havia postado fotos e vídeos em suas páginas do Instagram e Facebook mostrando ter participado do motim no Capitólio.

Em uma captura de tela, que consta na denúncia, Camargo parece estar segurando uma peça de metal do prédio ou do terreno do Capitólio com a legenda "consegui algumas recordações, fiz isso sozinho".

O brasileiro também postou um vídeo que "mostra Camargo lutando ativamente para entrar no prédio do Capitólio dos EUA", afirma a denúncia. A peça de acusação também inclui uma mensagem na qual o investigado se desculpa por suas ações.

"Para todos os meus amigos, familiares e pessoas dos Estados Unidos da América peço desculpas por minhas ações hoje no Capitólio. Eu estava envolvido nos eventos que aconteceram hoje cedo. Vou sair de todas as mídias sociais e vou cooperar com todas as investigações que possam surgir do meu envolvimento. Peço desculpas a todas as pessoas que decepcionei", dizia a mensagem.

Um ano em liberdade condicional


Eliel Rosa, de 53 anos, foi condenado pela Justiça americana por ter participado da invasão à sede do Legislativo americano junto com apoiadores do ex-presidente Donald Trump. A sentença foi proferida em outubro do ano passado e estabeleceu pena de um ano em liberdade condicional, multa de US$ 500 e 100 horas de serviço comunitário.

Rosa chegou a ser preso em 13 de janeiro do ano passado, uma semana após a invasão. Na ocasião, declarou-se inocente de todas as acusações. No entanto, em 29 de julho de 2021, firmou um acordo de confissão, segundo informações do Departamento de Justiça do Distrito de Columbia.

O brasileiro respondeu na Justiça por obstrução de processo, por entrar e permanecer em local restrito, conduta desordeira e perturbadora em local restrito e por participar, ajudar, encorajar o protesto e os piquetes no Capitólio.

Morador de Midland, no Texas, Rosa vive nos Estados Unidos desde 2016. De acordo com a CBS, a defesa de Rosa apresentou um memorando de 17 páginas que incluía um pedido de desculpas do brasileiro. Segundo a rede de televisão americana, Rosa afirmou no documento que sua participação no motim foi a coisa mais estúpida que ele já fez.