Namorada de rapaz que teve barriga aberta diz à polícia que apagou após LSD
A estudante que estava com o namorado socorrido com a barriga aberta de uma praia de Guarapari (ES), no último dia 16 de janeiro, admitiu, em depoimento à Polícia Civil, que o casal, ambos de 20 anos, teria usado droga sintética na madrugada do crime e afirma não lembrar de nada antes de "acordar" e perceber o rapaz com a cabeça em seu colo e a barriga cortada. Ela foi ouvida na tarde de ontem, por cerca de uma hora e meia, na divisão de homicídios da cidade.
Uma fonte ligada à investigação relatou ao UOL que a jovem disse ter ingerido uma droga chamada "quadrado", nome atribuído ao LSD em papel. O casal teria dividido um único entorpecente.
"Ela conta sempre que eles foram à praia para fazer uma despedida. Transaram, tomaram banho de mar à noite, ficaram lá, tomaram duas taças de vinho, até que o menino tirou um LSD, dividiu pra eles. Quando ela acordou, ele tava deitado com a cabeça no colo dela e com a barriga toda sangrando", revelou.
As informações dão conta ainda de que, ao levantar do local, o celular da estudante estaria tocando. A mãe teria tentado falar com a filha desde 1h da manhã do dia 16, horário em que teriam combinado para que ela buscasse a garota na praia.
"Ela marcou com a mãe e a mãe ficou ligando para ela. Quando acordou, já era quase 3h da manhã e a menina atendeu a ligação muito desesperada, falando coisa com coisa. Ela contou o que estava vendo. As duas ficaram cerca de 50 minutos ao telefone até que o pai a encontrou [na praia]", disse a fonte.
A jovem teria ido até à guarita do parque pedir ajuda e encontrou o vigilante. O homem, também foi ouvido ontem pela Polícia Civil, não soube relatar nada além do pedido de socorro, por volta das 4h. Ele alegou não ter avistado ninguém na região.
Pelas circunstâncias da situação, as famílias do casal acreditam que houve uma ação criminosa de terceiros. Além do ferimento no abdômen do rapaz, a garota também tinha cortes nas mãos, barriga e perna, além de hematomas na cabeça e no rosto.
As câmeras de videomonitoramento da reserva ambiental Morro da Pescaria não flagraram nenhuma outra movimentação no parque. As imagens foram revisadas pela DHPP (Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa). Ontem, em nota, a Polícia Civil alegou que, até o momento, não há como afirmar que a namorada da vítima esteja envolvida na ação.
O UOL questionou a corporação se é considerada a hipótese de que pessoas não detectadas pelas câmeras de segurança tenham praticado o crime, mas a polícia disse apenas que realiza diligências e oitivas e que "não há outras informações que possam ser divulgadas".
No entanto, a investigação estimula que a população contribua com informações anônimas por meio do Disque-Denúncia 181 e do site disquedenuncia181.es.gov.br.
Famílias unidas
O casal que curtia um "luau a dois", conforme foi alegado pelo advogado das famílias, está junto há quase um ano. Ambos são moradores de Guarapari e aprovariam a relação do casal. Os pais contrataram um mesmo representante legal e disseram acreditar que a dupla foi vítima de ação criminosa de terceiros.
Os nomes dos estudantes, formados há pouco no Ensino Médio, não foram divulgados. A garota daria início esse ano a um preparatório num pré-vestibular, enquanto o jovem estava com data marcada para um intercâmbio nos Estados Unidos para estudar inglês — o que teria motivado a despedida no "luau".
A vítima continua internada em estado estável em um hospital particular em Vitória.