Mulher xingada de "porca" diz que vai processar médico: "Fui humilhada"
A mulher que foi xingada de "porca" por um médico do Hospital Geral do Estado, em Maceió, enquanto acompanhava o filho de 12 anos na unidade de saúde estadual revelou a reportagem nesta terça-feira, 21, que vai processar o médico. Mais cedo nesta manhã, o secretário de Estado da Saúde, Alexandre Ayres, anunciou que o profissional foi afastado por 30 dias.
Bastante abalada após ter perdido a mãe no último domingo, 19, a dona de casa Miriam Rafaela disse que ainda não foi procurada por representantes da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) e ressaltou que a postura adotada pelo médico não teria sido correta nem mesmo se, em alguma hipótese, tivesse acontecido negligência da família.
"Com certeza devo levar para frente. Semana passada recebi a ligação de dois advogados que se sensibilizaram para processar o médico. Eles tinham marcado para poder encontrá-los ontem, mas tive que desmarcar por causa do velório da minha mãe. Creio que essa semana ainda encontre eles. Não vou deixar para trás o que ele fez, de jeito nenhum. Fui humilhada. Estou passando por muita coisa. Por mais que ele seja afastado, ele está sendo afastado por 30 dias. Isso para mim não é justo. Estou recebendo muitas mensagens de críticas, como também tem muita gente me apoiando. Estou vendo muitas críticas, falando: 'Será mesmo que a mãe realmente não era imunda?'. Estou recebendo muitas mensagens no Instagram. só eu sei como era o tratamento do meu filho, como eu tratava ele. Eu não acho justo o que eu escuto de certas pessoas. Eu não tiro da minha cabeça que, por mais que ele tivesse saído daqui com os bichos para ir ao hospital, ainda assim eu não merecia ser tratada da forma como fui", desabafou.
Segundo Miriam, mesmo após a áspera discussão no hospital, o médico não a chamou para conversar. "Se o médico pelo menos tentasse, mesmo vendo tudo isso, se chegasse para mim, que não sou uma pessoa ruim, não tenho coração ruim, se ele tivesse pelo menos tentado conversar comigo, dito: 'Eu errei, isso e aquilo outro'. Eu acho que eu até tentaria deixar isso para trás. Mas ele em momento algum me procurou. Ele chegou a me ver dentro do hospital, não tentou conversar comigo e nem nada. Então, pra mim, vou sim entrar com um processo".
Ela chegou a ser orientada pelo Conselho Regional de Medicina (Cremal) a formalizar uma denúncia no órgão para que seja feita uma apuração, e deve tomar decisão após reunião com os advogados.
Críticas e mensagens de apoio - Logo após a divulgação do vídeo, Miriam Rafaela começou a receber mensagens em seu perfil pessoal no Instagram.
"No momento em que eu me encontro, que é um momento de luto, vi muitas mensagens de apoio. Me sinto feliz por muita gente estar me apoiando, como também me sinto triste pelas críticas. Mas eu já tinha consciência que isso iria acontecer. Meio que respondi a algumas pessoas que chegaram a me criticar. Por eu explicar, muitos me pediram desculpas. Outros ficaram perguntando: 'Ah, mas me explica isso. Então, por que isso?'. Sabe? Não tenho cabeça para responder esse tipo de gente. Eu estava para fazer um ao vivo no Instagram explicando realmente o que está acontecendo, porque não estou em um momento fácil da minha vida. Foi tudo de uma vez. Um filho no hospital, sem ter ideia de quando ele vai sair, e a perda de uma mãe. Estou muito abalada. Estou sem chão. Minha vida era minha mãe, tudo. Não sei como vai ser minha vida daqui para frente quando meu filho for liberado. Vou passar por muita dificuldade, porque minha mãe quem me ajudava. Sempre morei com minha mãe. Meu filho sempre foi criado com ela, nunca me afastei dela".
Dona Rosimeire, de acordo com Miriam, tinha 52 anos, sofria de gastrite crônica, era diagnosticada com diabetes avançada e recentemente com uma bactéria no estômago. Ela faleceu no domingo, 19, após sofrer uma parada cardíaca. O velório foi nessa segunda-feira, 20.
Entenda o caso - O fato do xingamento aconteceu no domingo, dia 12, segundo Miriam Rafaela, que acompanhava o filho de 12 anos, diagnosticado no dia 9 de dezembro com pneumonia, após ela se desesperar ao ver sangue e larvas ao redor da sonda do filho. O médico chama a mulher de "porca", em meio a uma discussão.
Em nota na segunda-feira, 20, o Hospital Geral do Estado (HGE) informou que o paciente J.W.D.B, 12 anos, encontra-se internado sob os cuidados da pediatria. "Esclarece que a criança foi admitida já com o quadro pelo qual vem recebendo tratamento, não sendo permitida a divulgação deste diagnóstico, como forma de preservar a integridade da criança".
Já nesta terça-feira, 21, a reportagem, a mãe da criança relatou que a região do curativo está cicatrizando, mas o menino segue internado sem previsão de alta médica por enquanto.