Menina Odetinha: carioca de 9 anos pode se tornar Santa pelo Vaticano
O Papa Francisco assinou um decreto, na última semana, que reconhece as chamadas "virtudes heróicas" de seis novos candidatos a Santos pelo Vaticano. Entre os nomes está o da menina Odetinha, de apenas 09 anos.
Odetinha é Odette Vidal Cardoso, Carioca, que morreu aos nove anos, (1930-1939). Ela passou a ser venerada como Santa no Cemitério de São João Batista, no Rio de Janeiro, e sua história foi reconhecida oficialmente pelo Vaticano.
Com o decreto de papa Francisco, que ocorreu na mesma data em que celebraram-se os 82 anos da morte de Odetinha, ela pode ser considerada, a partir de agora, "venerável serva de Deus", um degrau no quase sempre longo processo de canonização.
Formalmente, isso significa que os trâmites, antes circunscritos à Arquidiocese do Rio, onde Odetinha viveu, agora prosseguem na alta cúpula do Vaticano, sob o comando da Congregação para as Causas dos Santos.
Quem foi Odetinha?
Odetinha era filha de um casal de imigrantes portugueses considerados ricos comerciantes na sociedade carioca. Segundo relato biográfico divulgado pelo escritório que cuida de sua causa junto ao Vaticano, "os pais eram profundamente religiosos e, sobretudo, de grande caridade para com os necessitados".
"Desde muito jovem, a menina aprendeu com os pais a recitar as orações e a ter uma terna devoção a Nossa Senhora, além de um amor particular pela Santa Missa", pontua o texto.
Odetinha começou a tomar aulas de catecismo aos cinco anos e, diz o relatório, para ela "aprender as coisas de Deus era tão rápido" que logo a menina estava "a ensinar os outros, tornando-se a catequista dos colegas".
Sua fé aumentava cada dia mais, com manifestações fervorosas de devoção. Odetinha incorporou hábitos de jejum. Há diversos episódios em que ela relatava, para sua mãe, conversas e interações com Jesus.
"O amor e a caridade de Odette estendiam-se a todos, sem exceção", diz ainda o texto preparado pelo escritório que defende a causa. "Para a festa de Natal, pediu aos pais que todos os empregados da casa se sentassem com eles na mesma mesa para comerem juntos. Ela nutria um amor particular por uma menina órfã e, quando recebia um presente, compartilhava com ela. Ao saber que o filho de um empregado da família ainda não havia feito a primeira comunhão, ofereceu-se para ela mesma lhe ensinar o catecismo. Mais tarde, quando a criança adoeceu, Odette se preocupou em fazer com que ele recebesse todos os sacramentos."
Segundo o relato biográfico, a garota "revelou paciência heroica durante a doença, sem nenhuma lágrima nem gemido". "Quando questionada sobre como estava indo, sempre respondia que bem. Às vezes, em êxtase, dizia que 'Jesus estava aqui, mas não me levou'. Ela não culpava ninguém e ficava triste quando via a mãe com olhos vermelhos de tanto chorar", afirma o texto.