Pandemia aumentou número de acidentes com moto no Brasil, diz pesquisa
Considerados por especialistas como a segunda maior causa de morte não natural no Brasil, os acidentes de trânsito são motivo de preocupação para os órgãos de saúde. Embora a pandemia do novo coronavírus tenha tirado muita gente das ruas, devido ao isolamento social recomendado tanto pelo governo federal, como pelos organismos nacionais e internacionais de saúde, as internações por acidentes com motociclistas no Sistema Único de Saúde (SUS) têm aumentado.
Segundo um estudo divulgado pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) na manhã desta sexta-feira (17/9), que se baseou em informações do Ministério da Saúde, de março de 2020 a julho de 2021 foram 308 mil internações de pessoas acidentadas no trânsito em todo o Brasil – 54% delas eram motociclistas, ou seja, 167 mil. O levantamento da entidade mostrou ainda que, desse total, 85% eram homens jovens, com idades entre 20 e 29 anos.
Para a Abramet, o número de internações de motociclistas é considerado histórico. Os 71.344 casos graves registrados no período custaram quase R$ 108 milhões aos cofres públicos só em 2021. Em todo o ano passado, o governo federal, por meio do SUS, gastou cerca de R$ 171 milhões para tratar motociclistas traumatizados em acidentes de trânsito.
“É importante entender porque estão acontecendo tantos acidentes e o perfil de quem está morrendo, além de quais modais registram mais acidentes. Com isso, podemos agir e tomar medidas para tentar reverter o alto registro de internações e óbitos. Para a Abramet, o maior remédio para tragédias de trânsito é a prevenção. Temos de atuar para impedir que o sinistro de trânsito aconteça. Nós entendemos que, no trânsito, não existe acidente, já que podemos prevenir”, disse o presidente da entidade, Antônio Meira Júnior, em entrevista coletiva.
Segundo Meira Júnior, os motociclistas estão inseridos em um grupo mais exposto ao risco e vulnerável a sofrer lesões em acidentes de trânsito. Para o presidente da Abramet, com o avanço da vacinação em todo país, as pessoas tendem a circular mais nas ruas, aumentando a probabilidade de acidentes de trânsito. Além disso, a grande quantidade de motos na rua reflete, segundo Meira Júnior, a “uberização” dos serviços na pandemia.
“Com o aumento da imunização, as pessoas se sentem mais protegidas, tendem a relaxar e sair mais. Há uma tentativa de voltar ao normal e isso aumenta o número de pessoas circulando. As motos foram muito importantes durante a pandemia, quando estávamos em casa, quem levava entregas eram motociclistas. Também houve aumento no uso da moto como meio de trabalho e para ganho de renda. Com isso, a exposição ao risco aumentou”, explica.
Prevenção a acidentes - Para o presidente da Abramet, investir na segurança do trânsito reduz o número de acidentes nas vias e os custos com tratamentos em hospitais. “É muito mais barato investir na prevenção do que no pós-acidente. Por isso, é essencial o uso de equipamentos de segurança e, no caso das motos, o uso do capacete reduz o risco de morte. Observamos, onde há menos fiscalização, as pessoas pilotando e conduzindo outro passageiro sem usar capacete. É preciso investir em campanhas de conscientização permanentes, que são muito mais baratas”, reforçou Antônio Meira Júnior.
Para dirigir em segurança e evitar sinistros nas ruas, os motociclistas devem prestar atenção ao entrar nos chamados “corredores” das vias. Além do uso de equipamento de segurança, como capacete, é preciso também investir na revisão da moto (motor, pneus e freios) e ficar atento à sinalização, sobretudo a dos semáforos. Respeitar o pedestre e os outros veículos também ajuda a reduzir os números de acidentes.