Intubada com covid, mãe dá à luz gêmeos prematuros, no MS
Érika Santana, de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, estava feliz. Ela, que queria engravidar, descobriu no final de 2020 que estava esperando gêmeos. "Estava tudo certo com o pré-natal, ela estava fazendo o acompanhamento, certinho", conta Amélia Ferreira de Santana, mãe dela, em entrevista exclusiva a CRESCER.
Até que, no início de junho, ela começou a ter sintomas e testou positivo para covid-19. Ela precisou ser internada e intubada. Com 29 semanas de gestação, os médicos optaram por fazer uma cesárea de emergência. Sem nem saber, Érika deu à luz os gêmeos Gabriel e Rafael, que, agora, estão na UTI para ganhar peso. "Estão bem", conta a avó, que ainda não pode conhecer os netos, por conta dos protocolos, na pandemia.
"Ela estava trabalhando ainda. Ia parar agora, nesse mês de junho", conta Amélia. Érika é autônoma e estava fazendo marmitas para vender. "A gente não tem ideia de onde ela se contaminou. Se foi no trabalho... Ela tomou a primeira dose da vacina e, no outro dia, começou a ter sintomas. Então, os médicos acreditam que ela já estava com a covid antes", explica a mãe.
Segundo Amélia, no dia 9 de junho, a filha começou a tossir muito e não tinha apetite, além de sentir dor no peito. "Ela foi ao médico, mas acharam que era reação da vacina. No dia 11, ela começou a piorar e, no dia 12, foi internada. No dia 13, conseguimos um leito de UTI e ela já foi intubada. No final da semana passada, fizeram traqueostomvia", explica.
Os médicos examinavam os bebês por ultrassom quase diariamente, segundo a avó. Até então, eles estavam bem, ganhando peso, coração em ritmo normal. "Na última, perceberam que eles tinham entrado em sofrimento fetal e decidiram fazer a cesárea de emergência, que aconteceu na quarta-feira, 30 de junho", diz. Érika estava com 29 semanas de gestação.
Apesar da prematuridade, Gabriel e Rafael nasceram bem, um com 1,215 kg e outro com 1,240 kg. Agora, eles estão na UTI para ganhar peso. O pai do bebê era quem os visitava, mas, agora, não pode mais, porque também testou positivo para covid-19, apesar de estar bem, em quarentena e se tratando em casa. Os gêmeos também foram testados para coronavírus, segundo a avó, mas a família ainda não recebeu os resultados.
O estado de saúde de Érika, no entanto, continua preocupante. "O estado dela está mais grave. Deu muita complicação e ela continua com a traqueostomia. A infecação do pulmão está muito grave", conta Amélia, que fica dividida entre a alegria com a chegada dos netos e a aflição pela situação da filha. "O coração está feliz e triste ao mesmo tempo. É uma mistura de sentimentos. Feliz, por causa dos bebês, que chegaram saudáveis, é o mais importante. Mas, ao mesmo tempo, fico com o coraçao apertado, triste, porque sei que ela não está bem", lamenta. "Ela teve uma piora ontem. Como está sedada, acho que nem sabe que os bebês nasceram", diz.
Como Érika não conseguiu fazer o enxoval, a família agora pede ajuda. "Estamos recebendo muitas doações e acho que ela vai ficar feliz quando se recuperar e souber dessa corrente do bem", diz a avó dos gêmeos. "Estamos intensificando os pedidos de fraldas, RN e P, que é o que mais usa", explica.
A mãe e os dois bebês estão internados no Hospital El Kadri.