Igreja paga dívida às pressas para impedir a quebra de sigilo de Valdemiro
A Igreja Mundial quitou às pressas a dívida com o proprietário de um imóvel na cidade de Guararema, no interior paulista, a fim de tentar sustar a quebra do sigilo bancário do apóstolo Valdemiro Santiago.
O pagamento foi feito na terça-feira (2 de março), horas depois de a reportagem noticiar que a juíza Monica Di Stasi, da 3ª Vara Cível de São Paulo, decretou a quebra do sigilo com o objetivo de investigar se o patrimônio da Mundial se confunde com o do seu fundador.
A Mundial pagou R$ 53.650, valor total em aluguéis cobrados por S.L.S.J. em mais de um processo. Em documento enviado à Justiça, a igreja diz que, com o pagamento, torna-se "desnecessária a realização da quebra do sigilo bancário dos réus". Além do apóstolo, a decisão atingiu as contas de Mateus Machado de Oliveira, que à época era presidente em exercício da igreja.
O apóstolo e Mateus haviam argumentado no processo que a dívida era da igreja, e que eles não poderiam ser atingidos pela cobrança. "Valdemiro Santiago não faz parte do contrato social da igreja e nem assinou o contrato de locação como fiador", afirmaram os advogados do apóstolo no processo.
Segundo a defesa do apóstolo, ele apenas prega a palavra de Deus na Mundial. "Não existe confusão patrimonial entre igreja e a pessoa física do sr. Valdemiro, não havendo nenhuma ligação entre os dois."
S.L.S.J. disse à Justiça que o fundador da Mundial leva uma vida "nababesca" enquanto a igreja responde a mais de mil processos por dívidas não pagas. "É pública e notória a sua conexão com a Mundial", afirma no processo. Para ele, há uma evidente tentativa de se "ocultar" o patrimônio.
A juíza, que limitou a quebra do sigilo ao período de vigência do contrato, de 28 de agosto de 2018 a 26 de janeiro de 2021, ainda não analisou o pedido da Mundial.
Ex-bispo da igreja Universal do Reino de Deus, Valdemiro fundou a Mundial em 1998, na cidade de Sorocaba. A igreja diz contar atualmente com cerca de 6.000 templos em 24 países.