Com atraso de 7 meses, seleção brasileira enfrenta Bolívia na Neo Química Arena

09/10/2020 11h11 - Atualizado em 09/10/2020 22h10
09/10/2020 11h11 Atualizado em 09/10/2020 22h10
Com atraso de 7 meses, seleção brasileira enfrenta Bolívia na Neo Química Arena
Seleção enfrenta a Bolívia em amistoso na Neo Química Arena - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Depois de muita espera, a seleção brasileira, enfim, inicia sua caminhada pela classificação à Copa do Mundo de 2022, no Catar. Provavelmente sem Neymar, que se recupera de dores na região lombar e não participou dos últimos dois treinos, o time do técnico Tite estreia nas Eliminatórias Sul-Americanas diante da Bolívia, nesta sexta-feira, às 21h30, na Neo Química Arena, com o pensamento de ganhar, convencer e resgatar o interesse perdido de parte dos torcedores.


O Brasil começa a sua campanha rumo ao Mundial jogando em casa pela primeira vez na competição e também atuará sem público pela primeira vez em sua história de mais de 100 anos. A medida faz parte do protocolo de prevenção ao coronavírus.

O torneio começa com atraso de sete meses em razão da pandemia de covid-19 e deve durar até março de 2022. Assim como nos últimos anos, a América do Sul terá quatro vagas diretas no Mundial do Catar e mais um representante na repescagem intercontinental. Na segunda rodada, o Brasil vai enfrentar a seleção do Peru na terça-feira, às 21 horas (de Brasília), em Lima.


O retrospecto contra os bolivianos é amplamente positivo. Em 30 partidas, o Brasil venceu 21 vezes, empatou outras quatro e perdeu apenas cinco partidas. O adversário nunca venceu a seleção no País.

Será o primeiro duelo da seleção brasileira em 2020. A última vez que os comandados de Tite entraram em campo foi em novembro de 2019, na vitória por 3 a 0 sobre a Coreia do Sul, em amistoso realizado em Abu Dabi. Antes disso, foram outros cinco amistosos, todos sem triunfos: derrotas para Peru e Argentina e empates com Colômbia, Senegal e Nigéria.

O último jogo oficial foi a final da Copa América, em julho, vencida por 3 a 1 sobre os peruanos. Com o título, Tite aliviou a pressão sobre o seu trabalho, mas as cobranças voltaram depois do desempenho ruim nos amistosos e agora fica a dúvida sobre como a equipe vai se comportar após quase um ano de inatividade. É possível que, sem torcida, o caminho para o Catar seja mais complicado.

"Quando você inicia um trabalho, e logo em seguida, rapidamente, ele se consolida, é exceção à regra. Não é assim que as coisas funcionam no futebol, em que há a construção de equipe, lançamento de jovens, mesclas, funções definidas, jogadores crescendo nos clubes. Tomara que a gente tenha essa felicidade, mas não é o real. A gente procura equilibrar todos esses fatores. A expectativa é fazer um bom jogo contra a Bolívia, numa situação anormal com a pandemia, e conseguir a vitória", comentou o treinador.

"Não é só vencer e ponto. Acho importante a forma como vence, é jogar bem para vencer. Tite sempre bate nessa tecla de jogar bem para vencer. A nossa preparação diária antes dos jogos tem o mesmo nível de importância dos jogos. A gente começou com foco grande na preparação e isso te dá grande chance de jogar bem. A seleção, com a qualidade que tem, se jogar bem, imagino que vai vencer a maioria dos jogos", analisou o lateral Danilo.

Neymar, mais uma vez, pode desfalcar a seleção. Fora de jogos importantes nas últimas temporadas por conta de lesão, o camisa 10 trata dores na região lombar e não participou das duas últimas atividades. Rodrigo Lasmar, chefe do departamento médico, explicou que o atacante fez um tratamento à parte de fisioterapia para estar apto. Se não puder atuar, Tite já confirmou que irá escalar Everton Ribeiro como substituto. Coutinho vai jogar mais centralizado, com Everton Cebolinha na ponta direita e Roberto Firmino no comando de ataque.

Neymar perdeu a Copa América do ano passado por causa de lesão no tornozelo. Antes, o craque levou uma pancada na lombar e não esteve em campo nos 7 a 1 para a Alemanha, na Copa de 2014. Em 2018, no Mundial da Rússia, pouco fez na eliminação para a Bélgica. O camisa 10 sabe que está devendo, mesmo já sendo, aos 28 anos, o terceiro maior artilheiro da história da seleção, com 61 gols, atrás apenas de Pelé e Ronaldo. Ele conquistou a Copa das Confederações em 2013 e a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos em 2016, no Rio.

As outras incógnitas quanto à escalação titular eram quem seria o goleiro e o meio-campista ao lado de Casemiro. Tite tratou de saná-las na entrevista coletiva concedida na véspera do jogo e revelou que Weverton será o titular no gol e Douglas Luiz ganhou a disputa com Bruno Guimarães no meio de campo.

BOLÍVIA - A seleção boliviana tem como aliado o maior tempo de preparação para o duelo. Como o futebol na país está paralisado desde março em razão da pandemia, o grupo convocado pelo técnico César Farias treina junto há quase dois meses, de acordo com a imprensa local.

A Bolívia veio para São Paulo sem o atacante Marcelo Moreno, do Cruzeiro, e outros três atletas que atuam fora do país: Jaume Cuéllar (SPAL, da Itália), Boris Céspedes (Servette, da Suíça) e Alejandro Chumacero (Puebla, do México).

Dos cinco convocados que jogam no futebol estrangeiro, o único que estará disponível para o confronto é o zagueiro Leonardo Zabala, jovem que integra o elenco sub-20 do Palmeiras. Todos estarão à disposição para a partida em La Paz contra a Argentina, na próxima terça-feira, pela segunda rodada.

Os bolivianos, que não se classificam a um Mundial desde a sua primeira participação, em 1994, e que terminaram em último lugar nas Eliminatórias passadas, chegam envoltos em uma crise institucional depois da morte de César Salinas, presidente da federação local. Ele faleceu vítima de complicações da covid-19.

O discurso é cauteloso e o que o técnico César Farias garante é que seu time será competitivo na intenção de fazer história e vencer a primeira partida no Brasil. "Nada pode garantir bons resultados, mas estamos aqui para mostrar que podemos competir", disse. "Estamos esperançosos", completou.