Mourão defende manter isolamento para atravessar mês de abril

Por Valor Econômico 03/04/2020 10h10 - Atualizado em 03/04/2020 13h01
Por Valor Econômico 03/04/2020 10h10 Atualizado em 03/04/2020 13h01
Mourão defende manter isolamento para atravessar mês de abril
Foto: Divulgação
Em sentido contrário ao discurso adotado pelo presidente Jair Bolsonaro, o vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu nesta quinta-feira o isolamento social como forma de postergar a disseminação do novo coronavírus, e disse que o país deve manter a quarentena durante todo o mês de abril. Mourão afirmou que o pico de casos de covid-19 é esperado para o fim do mês, no período entre os dias 20 e 25, e disse que o isolamento ajudará a “achatar” a curva do número de casos. No Brasil, ao menos 299 já morreram por conta da doença e há 7.910 casos de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus.

Ao falar com investidores e empresários, em palestra virtual promovida pelo BTG Pactual nesta quinta-feira, o vice-presidente da República disse que o país está enfrentando um momento de “pré-pico” do número de casos de covid-19. “Temos que continuar a política de isolamento no sentido de atravessar o mês de abril. O pico é esperado para 20, 25 de abril para ter o achatamento da curva”, afirmou. Mourão ressaltou que até lá o governo espera a chegada de insumos e o reforço do sistema de saúde para enfrentar a pandemia.

Mourão foi cauteloso ao falar sobre a previsão do governo para o fim da quarentena e disse que é preciso fazer uma “análise constante” da evolução dos infectados pela doença antes de pensar na retomada das atividades econômicas não essenciais.

O vice-presidente incentivou que indústrias e empresas façam a testagem em massa de seus funcionários para detectar possíveis infectados, mas ponderou que o pleno funcionamento das atividades não será agora, mas sim “a partir do momento que ultrapassarmos a curva do pico da doença”.

Mourão disse que pessoalmente, como vice-presidente, já vive uma vida de ‘confinamento’, com uma rotina de casa para o trabalho e do trabalho para casa. Mas disse que não tem visitado nem recebido a visita de seus filhos e netos. “Muito pouca gente tem contato comigo”, afirmou. “Recebo número reduzido de pessoas, respeitando o espaçamento de dois a três metros. Minha equipe está em sistema de rodízio para evitar sobrecarga de gente”, disse, demonstrando um comportamento diferente do presidente. No domingo, por exemplo, Bolsonaro passeou pelo Distrito Federal e teve contato com seus apoiadores, apesar das recomendações da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde sobre a quarentena.