Possível doença do goleiro Alisson não tem cura mas pode ser controlada
Em clima de Copa do Mundo, desde o início do mês não se fala em outra coisa a não ser sobre os jogos das seleções classificadas no torneio.
Com quase todas as atenções dos brasileiros voltadas para a Rússia e, consequentemente, para a Seleção, é difícil deixar passar despercebido o goleiro titular do Brasil Alisson Becker.
No entanto, não foi bem o futebol de Alisson que chamou a atenção das pessoas na internet, mas sim a condição que afetou seu rosto, a rosácea.
Ao aparecer para treinar com o rosto vermelho, com pápulas e pústulas - “bolinhas” pequenas com pus - na região do nariz e bochechas, o goleiro chegou a ser questionado sobre o assunto, que tomou conta das redes sociais, e levantou dúvidas sobre o qual seria o problema de Alisson: acne, rosácea ou puberdade tardia.
“Não me incomoda, não. Estou na puberdade. Faz parte”, respondeu ele durante entrevista coletiva em Sochi, na Rússia, ao ser questionado se ficava incomodado com os comentários a respeito de seu rosto.
Apesar de destacar que é preciso uma avaliação pessoalmente do paciente, com luz adequada e uma lupa, para cravar um diagnóstico, a dermatologista membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da American Academy of Dermatology (AAD) Claudia Marçal acredita que o caso do jogador pode ser configurado como rosácea. “As características da condição são muito patognomônica, muito inconfundíveis, por isso acredito que seja o caso do goleiro”, ressalta ela.
O dermatologista Abdo Salomão Jr., que também é membro da SBD e da AAD concorda com a avaliação da colega. “Um bom dermatologista, quando analisa e faz a dermatoscopia, sabe quando o paciente tem rosácea. Não há necessidade de biópsia, não há necessidade de exame de sangue", afirmou. No entanto, os recursos podem ser usados em alguns casos.
A condição afeta até 10% da população e ocorre principalmente em mulheres entre 30 e 50 anos. Mas também é comum em homens e, nesses casos, costuma ser ainda mais agressiva, podendo evoluir para rinofima, que consiste no aumento gradual do nariz por dilatação dos folículos.
De acordo com Salomão, essa é “uma doença dermatológica em que ocorre uma instabilidade nos vasos superficiais da pele da face, de tal forma que a pele por vezes fica muito avermelhada e quente”.
A SBD ressalta que a doença vascular inflamatória crônica também é chamada erroneamente de “acne rosácea”. No entanto, a entidade pondera que a acne é uma doença da glândula sebácea, totalmente diferente da rosácea, seja pela causa e aspectos clínicos.
Sintomas da rosácea
A região mais afetada pela doença é a centrofacial. A pele das bochechas e do nariz fica mais sensível, geralmente mais seca, tornando-se eritematosa - vermelha - facilmente e irritada com ácidos e produtos dermatológicos, no geral.
É comum também que o paciente apresente flushing facial, ou seja, períodos de sensação abrupta de vermelhidão e calor na pele como se fosse um surto de vasodilatação.
De acordo com a SBD, com o passar do tempo, a vermelhidão tende a ficar permanente e vasos finos, tecnicamente chamados de telangiectasias, passam a aparecer, além de pápulas e pústulas que lembram a acne. Ainda é possível ocorrer edemas e nódulos, além de alterações oculares, como irritação, ressecamento, blefarite, conjuntivite e ceratite.
Quando a doença pode se manifestar?
Ainda não se sabe exatamente qual a origem da infecção. Para a associação, há uma predisposição individual, mais comum em pessoas brancas e descendentes de europeus, que pode ser familiar. Isso porque 30% dos casos têm uma história familiar positiva, evidenciando uma possível base genética.
Além disso, os especialistas afirmam que há forte influência de fatores psicológicos, como o estresse, o que, no caso de Alisson, pode ter sido fundamental para a remissão da doença. “Provavelmente ele já estava com um quadro pouco controlado, pela característica do estresse, houve uma piora, uma exacerbação desse quadro”, analisou Marçal.
A dermatologista também lembra que existem outros gatilhos que podem fazer com que a condição piore e se exacerba, “como variações bruscas de temperatura, ingestão de comidas condimentadas, vinho tinto, alimentos vasodilatadores e até o uso de produtos tópicos com fragrâncias, conservantes, corantes e álcool”.
“Hoje, considera-se importante a participação de um fungo (e de restos dele) da flora normal da pele chamado de Demodex folliculorum, e da bactéria Bacillus oleronius, que colonizam esse fungo”, escreveu a SBD em seu informe.
Controle depende da fase clínica
Não há cura para a rosácea. Contudo, o tratamento e controle para a condição existem e, diante dos muitos avanços recentes, as chances de eficácia aumentaram. Tudo depende da fase clínica que o paciente está.
Outro fator importante é que todos os agravantes ou desencadeantes devem ser afastados ou controlados, como bebidas alcoólicas, exposição solar, vento, frio e ingestão de alimentos quentes.
O tratamento também requer uso de sabonetes adequados, protetor solar com alta proteção contra UVA e UVB e com veículo adequado à pele do paciente e também o uso de antimicrobianos tópicos, como metronidazol, ivermectina. Após essa fase, pode ser preciso o uso de derivados de tetraciclina - doxiciclina, por exemplo - orais. Em casos persistentes e recidivantes, se utiliza isotretinoina oral em dose baixa.
A SBD informa também que existe um novo tratamento tópico para o eritema não persistente, periódico, que vem em surtos (flushing). "O laser ou a luz pulsada são excelentes para tratamento das telangiectasias. Para o rinofima, a abordagem pode ser cirurgia, radiofrequência, dermoabrasão ou laser. O médico dermatologista avalia o grau, a fase e a pessoa como um todo para indicar o melhor tratamento".
A pele do paciente com rosácea é extremamente sensível a produtos químicos e físicos como sabões, higienizadores alcoólicos, adstringentes, abrasivos e peelings. Isso porque os agentes antimicrobianos apresentam-se efetivos no tratamento. Para a prevenção, o uso de filtros solares cotidianamente no rosto é fundamental, ajudando no controle da doença e manutenção dos resultados do tratamento, já que a radiação ultravioleta é um fator desencadeante e agravante.
Fonte: Portal IG
Com quase todas as atenções dos brasileiros voltadas para a Rússia e, consequentemente, para a Seleção, é difícil deixar passar despercebido o goleiro titular do Brasil Alisson Becker.
No entanto, não foi bem o futebol de Alisson que chamou a atenção das pessoas na internet, mas sim a condição que afetou seu rosto, a rosácea.
Ao aparecer para treinar com o rosto vermelho, com pápulas e pústulas - “bolinhas” pequenas com pus - na região do nariz e bochechas, o goleiro chegou a ser questionado sobre o assunto, que tomou conta das redes sociais, e levantou dúvidas sobre o qual seria o problema de Alisson: acne, rosácea ou puberdade tardia.
“Não me incomoda, não. Estou na puberdade. Faz parte”, respondeu ele durante entrevista coletiva em Sochi, na Rússia, ao ser questionado se ficava incomodado com os comentários a respeito de seu rosto.
Apesar de destacar que é preciso uma avaliação pessoalmente do paciente, com luz adequada e uma lupa, para cravar um diagnóstico, a dermatologista membro titular da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e da American Academy of Dermatology (AAD) Claudia Marçal acredita que o caso do jogador pode ser configurado como rosácea. “As características da condição são muito patognomônica, muito inconfundíveis, por isso acredito que seja o caso do goleiro”, ressalta ela.
O dermatologista Abdo Salomão Jr., que também é membro da SBD e da AAD concorda com a avaliação da colega. “Um bom dermatologista, quando analisa e faz a dermatoscopia, sabe quando o paciente tem rosácea. Não há necessidade de biópsia, não há necessidade de exame de sangue", afirmou. No entanto, os recursos podem ser usados em alguns casos.
A condição afeta até 10% da população e ocorre principalmente em mulheres entre 30 e 50 anos. Mas também é comum em homens e, nesses casos, costuma ser ainda mais agressiva, podendo evoluir para rinofima, que consiste no aumento gradual do nariz por dilatação dos folículos.
De acordo com Salomão, essa é “uma doença dermatológica em que ocorre uma instabilidade nos vasos superficiais da pele da face, de tal forma que a pele por vezes fica muito avermelhada e quente”.
A SBD ressalta que a doença vascular inflamatória crônica também é chamada erroneamente de “acne rosácea”. No entanto, a entidade pondera que a acne é uma doença da glândula sebácea, totalmente diferente da rosácea, seja pela causa e aspectos clínicos.
Sintomas da rosácea
A região mais afetada pela doença é a centrofacial. A pele das bochechas e do nariz fica mais sensível, geralmente mais seca, tornando-se eritematosa - vermelha - facilmente e irritada com ácidos e produtos dermatológicos, no geral.
É comum também que o paciente apresente flushing facial, ou seja, períodos de sensação abrupta de vermelhidão e calor na pele como se fosse um surto de vasodilatação.
De acordo com a SBD, com o passar do tempo, a vermelhidão tende a ficar permanente e vasos finos, tecnicamente chamados de telangiectasias, passam a aparecer, além de pápulas e pústulas que lembram a acne. Ainda é possível ocorrer edemas e nódulos, além de alterações oculares, como irritação, ressecamento, blefarite, conjuntivite e ceratite.
Quando a doença pode se manifestar?
Ainda não se sabe exatamente qual a origem da infecção. Para a associação, há uma predisposição individual, mais comum em pessoas brancas e descendentes de europeus, que pode ser familiar. Isso porque 30% dos casos têm uma história familiar positiva, evidenciando uma possível base genética.
Além disso, os especialistas afirmam que há forte influência de fatores psicológicos, como o estresse, o que, no caso de Alisson, pode ter sido fundamental para a remissão da doença. “Provavelmente ele já estava com um quadro pouco controlado, pela característica do estresse, houve uma piora, uma exacerbação desse quadro”, analisou Marçal.
A dermatologista também lembra que existem outros gatilhos que podem fazer com que a condição piore e se exacerba, “como variações bruscas de temperatura, ingestão de comidas condimentadas, vinho tinto, alimentos vasodilatadores e até o uso de produtos tópicos com fragrâncias, conservantes, corantes e álcool”.
“Hoje, considera-se importante a participação de um fungo (e de restos dele) da flora normal da pele chamado de Demodex folliculorum, e da bactéria Bacillus oleronius, que colonizam esse fungo”, escreveu a SBD em seu informe.
Controle depende da fase clínica
Não há cura para a rosácea. Contudo, o tratamento e controle para a condição existem e, diante dos muitos avanços recentes, as chances de eficácia aumentaram. Tudo depende da fase clínica que o paciente está.
Outro fator importante é que todos os agravantes ou desencadeantes devem ser afastados ou controlados, como bebidas alcoólicas, exposição solar, vento, frio e ingestão de alimentos quentes.
O tratamento também requer uso de sabonetes adequados, protetor solar com alta proteção contra UVA e UVB e com veículo adequado à pele do paciente e também o uso de antimicrobianos tópicos, como metronidazol, ivermectina. Após essa fase, pode ser preciso o uso de derivados de tetraciclina - doxiciclina, por exemplo - orais. Em casos persistentes e recidivantes, se utiliza isotretinoina oral em dose baixa.
A SBD informa também que existe um novo tratamento tópico para o eritema não persistente, periódico, que vem em surtos (flushing). "O laser ou a luz pulsada são excelentes para tratamento das telangiectasias. Para o rinofima, a abordagem pode ser cirurgia, radiofrequência, dermoabrasão ou laser. O médico dermatologista avalia o grau, a fase e a pessoa como um todo para indicar o melhor tratamento".
A pele do paciente com rosácea é extremamente sensível a produtos químicos e físicos como sabões, higienizadores alcoólicos, adstringentes, abrasivos e peelings. Isso porque os agentes antimicrobianos apresentam-se efetivos no tratamento. Para a prevenção, o uso de filtros solares cotidianamente no rosto é fundamental, ajudando no controle da doença e manutenção dos resultados do tratamento, já que a radiação ultravioleta é um fator desencadeante e agravante.
Fonte: Portal IG
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