Joesley Batista e Ricardo Saud se antecipam e decidem se entregar à Polícia Federal

Por G1 10/09/2017 13h01 - Atualizado em 10/09/2017 17h05
Por G1 10/09/2017 13h01 Atualizado em 10/09/2017 17h05
Joesley Batista e Ricardo Saud se antecipam e decidem se entregar à Polícia Federal
Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O empresário Joesley Batista – um dos donos do grupo J&F – e o diretor de Relações Institucionais do grupo empresarial, Ricardo Saud, decidiram se entregar à Polícia Federal (PF). Eles se entregam por volta das 14h15 à Polícia Federal (PF), em São Paulo. A informação foi confirmada pela assessoria da companhia.

Um dos responsáveis pela defesa dos executivos da J&F, o advogado Pierpaolo Bottini disse ao G1 que a decisão de Joesley e Saud de se entregar seria “uma possibilidade”, desde que os defensores sejam notificados oficialmente da ordem de prisão. Os dois delatores estão em São Paulo e teriam que se deslocar para Brasília para se entregar à PF.

Fachin autorizou a prisão temporária (de cinco dias) dos dois executivos da J&F, acolhendo um pedido de prisão apresentado, na última sexta (8), pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O chefe do Ministério Público solicitou a prisão de Joesley e Saud após a descoberta do áudio de uma conversa de quatro horas entre os dois delatores da Lava Jato.
A prisão foi autorizada porque os dois executivos da J&F são suspeitos de omitir informações dos investigadores, o que quebra cláusulas do acordo.

O magistrado, entretanto, negou a prisão do ex-procurador da República Marcello Miller, suspeito de ter cometido crime ao, supostamente, auxiliar os dirigentes do grupo empresarial controlador do frigorífico JBS a fechar o acordo de delação premiada com a PGR.

Miller se desligou da carreira de procurador somente em abril, mas, na polêmica gravação entre Joesley e Saud aparentemente gravada por descuido, os dois delatores sugerem que o ex-auxiliar de Janot auxiliou os executivos do grupo empresarial a negociarem os termos da delação premiada com a PGR.

Uma semana depois de pedir exoneração do cargo, Miller já atuava em reuniões na PGR como advogado do escritório que negociou o acordo de leniência da J&F, uma espécie de delação premiada das empresas. Fachin, no entanto, não viu motivos para a prisão do ex-procurador da República.

O pedido de prisão de Joesley, Saud e Miller entrou no sistema eletrônico do Supremo com sigilo – não é possível saber o conteúdo, as razões que levaram a Procuradoria a fazê-lo e se há informações novas da investigação nesse pedido.

Passaportes

A defesa do grupo J&F colocou à disposição na última sexta-feira, por meio de um ofício protocolado no Supremo, os passaportes de Joesley Batista e Ricardo Saud.
Além disso, os defensores dos dois executivos da J&F haviam pedido para serem ouvidos por Fachin antes de o magistrado tomar uma decisão sobre o pedido de prisão apresentado pelo procurador-geral da República.

O relator da Lava Jato, entretanto, determinou a prisão dos dois delatores da J&F sem ouvi-los. Não é usual acusados serem ouvidos pela Justiça antes de um mandado de prisão ser decretado.

Os advogados de Marcello Miller também apresentaram uma petição no STF pedindo para que fosse rejeitado o pedido de prisão apresentado por Janot.

Assim como fizeram os defensores da J&F, os advogados do ex-procurador da República também pediram para serem ouvidos antes do relator da Lava Jato decidir sobre o pedido de prisão. A defesa de Miller ainda disponibilizou o passaporte dele ao Supremo como garantia de que o ex-auxiliar de Janot não iria deixar o país.

Os advogados de Miller tentaram entregar o passaporte do ex-procurador à Polícia Federal no Rio, mas o delegado de plantão disse que não poderia aceitar o documento porque não havia uma decisão judicial determinando a apreensão.