Avião que fez pouso forçado com Angélica e Huck não tinha condição de voar, diz FAB
O avião que fez um pouso forçado em Mato Grosso do Sul há quase um ano com o casal de apresentadores Luciano Huck e Angélica não tinha condições de voar. O relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), do Comando da Aeronáutica, mostra que houve falha da tripulação e que o avião não poderia ter levantado voo por causa de dois equipamentos essenciais que estavam inoperantes.
Piloto e copiloto não cumpriram o checklist obrigatório em casos de pane. Se tivessem seguido o procedimento padrão, conseguiriam chegar a Campo Grande, segundo o relatório. “A condição em que foram encontrados os manetes de potência, hélice e combustível dos motores, associada aos relatos de passageiros que viram a hélice do motor esquerdo rotacionando em molinete, revelam que os procedimentos previstos em checklist para o caso de falha do motor em voo não foram seguidos”, diz o documento. Ainda conforme o relatório, a tripulação levou 12 minutos para notificar o problema.
A aeronave tinha dois equipamentos essenciais sem funcionar: o gravador de dados de voz, que é uma das caixas-pretas, e um sistema que diminui automaticamente resistência do ar em uma das hélices quando ela para.
Outro problema que resultou na necessidade do pouso forçado do bimotor foi a troca da posição dos sensores de combustível da asa esquerda. O do tanque interno estava instalado no externo, e vice-versa, o que fez com que o piloto achasse que havia combustível naquela asa, o que não era verdade.
Se não fosse a troca dos sensores, os pilotos poderiam ter usado o combustível que estava na outra asa. Uma válvula de alimentação cruzada interligava os sistemas direito e esquerdo, possibilitando, quando necessário, o fornecimento de combustível de uma mesma asa para ambos os motores ou, no caso de um motor inoperante, a alimentação do motor em funcionamento com combustível da asa oposta.
Sem combustível naquela asa, durante o procedimento de descida para pouso no aeródromo de Campo Grande, ocorreu o apagamento do motor esquerdo e a aeronave realizou pouso de emergência em uma fazenda, em Rochedo – a 83 quilômetros de Campo Grande. Os pilotos e os passageiros saíram com ferimentos leves.
Após o pouso forçado, não foi encontrado combustível na asa esquerda da aeronave, enquanto a asa direita havia aproximadamente 320 litros.
Sem manutenção
Outro ponto importante revelado pelo relatório é que a empresa de táxi-aéreo orientava os pilotos a não escriturar “não conformidades” no diário de bordo da aeronave. Eles sequer tinham acesso às cadernetas de motor, célula e hélice.
Além disso, segundo o documento, equipamentos que não eram considerados essenciais para o despacho da aeronave não costumavam sofrer nenhum tipo de manutenção pela empresa.
Os pilotos faziam anotações apenas em um livro de discrepâncias criado pela própria empresa, evitando, assim, a indisponibilidade das aeronaves para o voo.
Eles também sofriam pressão da empresa de táxi-aéreo para voar sempre que possível. Quando um piloto se negava a realizar um voo, a empresa o substituía, temporariamente, por um piloto sem vínculo empregatício, diz o documento.
Pane seca causou queda de avião com Huck e Angélica, diz Aeronáutica.
Aeronave errada
O relatório também revela que os pilotos não faziam os treinamentos periódicos na aeronave modelo EMB-820C Carajá, que fez o pouso forçado. Eles faziam os treinamentos apenas no EMB-210D Sêneca. A apuração concluiu que esse fato se dava porque as horas de voo do outro modelo eram mais custosas.
“Apesar de não ser requisito estabelecido pela agência reguladora (Anac), constatou-se desejável que, depois de realizados treinamentos teóricos, o treinamento prático em voo fosse feito no mesmo tipo de aeronave, principalmente quando se tratasse de aeronave efetivamente pilotada. Isso se justificaria pelo fato de as características operacionais serem distintas e a ambientação dentro da cabine ser extremamente importante diante de uma emergência”, diz o documento.
Histórico
A aeronave decolou da Estância Caimam, em Mato Grosso do Sul, com destino ao aeródromo de Campo Grande, às 13h15, com dois pilotos e sete passageiros a bordo. Além do casal de apresentadores, o bimotor levava os três filhos deles e duas babás.
O documento também mostra que as condições climáticas eram favoráveis ao voo visual. Também de acordo com os relatos de piloto e copiloto, o tempo estava bom, o vento estava calmo e eles puderam reagir com certa tranquilidade. O comandante estava pilotando e o copiloto comunicando e navegando.
Após 35 minutos de voo, o motor esquerdo “apagou”. No momento que o motor falhou, o copiloto teria declarado emergência. A intenção deles era a de manter o avião voando até encontrar em uma alternativa para o pouso.
Mas devido à incapacidade de manter a altitude, a tripulação realizou o pouso forçado na Fazenda Palmares, em Rochedo.
A área escolhida tinha um declive e era livre de obstáculos naturais, o que minimizou os danos à aeronave. Durante a tentativa de pouso forçado, a aeronave colidiu apenas contra uma cerca de arame localizada, a aproximadamente 250 metros do local da parada final da aeronave.
Procurados pelo Jornal Nacional, piloto e representante da empresa de táxi-aéreo não quiseram dar entrevista.
Piloto e copiloto não cumpriram o checklist obrigatório em casos de pane. Se tivessem seguido o procedimento padrão, conseguiriam chegar a Campo Grande, segundo o relatório. “A condição em que foram encontrados os manetes de potência, hélice e combustível dos motores, associada aos relatos de passageiros que viram a hélice do motor esquerdo rotacionando em molinete, revelam que os procedimentos previstos em checklist para o caso de falha do motor em voo não foram seguidos”, diz o documento. Ainda conforme o relatório, a tripulação levou 12 minutos para notificar o problema.
A aeronave tinha dois equipamentos essenciais sem funcionar: o gravador de dados de voz, que é uma das caixas-pretas, e um sistema que diminui automaticamente resistência do ar em uma das hélices quando ela para.
Outro problema que resultou na necessidade do pouso forçado do bimotor foi a troca da posição dos sensores de combustível da asa esquerda. O do tanque interno estava instalado no externo, e vice-versa, o que fez com que o piloto achasse que havia combustível naquela asa, o que não era verdade.
Se não fosse a troca dos sensores, os pilotos poderiam ter usado o combustível que estava na outra asa. Uma válvula de alimentação cruzada interligava os sistemas direito e esquerdo, possibilitando, quando necessário, o fornecimento de combustível de uma mesma asa para ambos os motores ou, no caso de um motor inoperante, a alimentação do motor em funcionamento com combustível da asa oposta.
Sem combustível naquela asa, durante o procedimento de descida para pouso no aeródromo de Campo Grande, ocorreu o apagamento do motor esquerdo e a aeronave realizou pouso de emergência em uma fazenda, em Rochedo – a 83 quilômetros de Campo Grande. Os pilotos e os passageiros saíram com ferimentos leves.
Após o pouso forçado, não foi encontrado combustível na asa esquerda da aeronave, enquanto a asa direita havia aproximadamente 320 litros.
Sem manutenção
Outro ponto importante revelado pelo relatório é que a empresa de táxi-aéreo orientava os pilotos a não escriturar “não conformidades” no diário de bordo da aeronave. Eles sequer tinham acesso às cadernetas de motor, célula e hélice.
Além disso, segundo o documento, equipamentos que não eram considerados essenciais para o despacho da aeronave não costumavam sofrer nenhum tipo de manutenção pela empresa.
Os pilotos faziam anotações apenas em um livro de discrepâncias criado pela própria empresa, evitando, assim, a indisponibilidade das aeronaves para o voo.
Eles também sofriam pressão da empresa de táxi-aéreo para voar sempre que possível. Quando um piloto se negava a realizar um voo, a empresa o substituía, temporariamente, por um piloto sem vínculo empregatício, diz o documento.
Pane seca causou queda de avião com Huck e Angélica, diz Aeronáutica.
Aeronave errada
O relatório também revela que os pilotos não faziam os treinamentos periódicos na aeronave modelo EMB-820C Carajá, que fez o pouso forçado. Eles faziam os treinamentos apenas no EMB-210D Sêneca. A apuração concluiu que esse fato se dava porque as horas de voo do outro modelo eram mais custosas.
“Apesar de não ser requisito estabelecido pela agência reguladora (Anac), constatou-se desejável que, depois de realizados treinamentos teóricos, o treinamento prático em voo fosse feito no mesmo tipo de aeronave, principalmente quando se tratasse de aeronave efetivamente pilotada. Isso se justificaria pelo fato de as características operacionais serem distintas e a ambientação dentro da cabine ser extremamente importante diante de uma emergência”, diz o documento.
Histórico
A aeronave decolou da Estância Caimam, em Mato Grosso do Sul, com destino ao aeródromo de Campo Grande, às 13h15, com dois pilotos e sete passageiros a bordo. Além do casal de apresentadores, o bimotor levava os três filhos deles e duas babás.
O documento também mostra que as condições climáticas eram favoráveis ao voo visual. Também de acordo com os relatos de piloto e copiloto, o tempo estava bom, o vento estava calmo e eles puderam reagir com certa tranquilidade. O comandante estava pilotando e o copiloto comunicando e navegando.
Após 35 minutos de voo, o motor esquerdo “apagou”. No momento que o motor falhou, o copiloto teria declarado emergência. A intenção deles era a de manter o avião voando até encontrar em uma alternativa para o pouso.
Mas devido à incapacidade de manter a altitude, a tripulação realizou o pouso forçado na Fazenda Palmares, em Rochedo.
A área escolhida tinha um declive e era livre de obstáculos naturais, o que minimizou os danos à aeronave. Durante a tentativa de pouso forçado, a aeronave colidiu apenas contra uma cerca de arame localizada, a aproximadamente 250 metros do local da parada final da aeronave.
Procurados pelo Jornal Nacional, piloto e representante da empresa de táxi-aéreo não quiseram dar entrevista.
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