Veneno de lesma marinha pode ser segredo contra dor crônica
Os Estados Unidos têm um baita problema com a dor – e o veneno da Conus regius , uma lesma marina muito comum no Caribe, pode ajudar o país a encontrar uma solução.
De um lado, 1 em cada 4 americanos sofre de dor crônica e precisa tomar remédios diariamente só para funcionar. De outro, 91 americanos morre de overdose por analgésicos por dia. Isso porque os melhores remédios contra a dor vendidos nos EUA são opioides – substâncias primas da heroína, a droga que apresenta o maior perigo de overdose entre todas, de longe.
A crise é que, nos últimos 18 anos, o país viu o número de mortes por abuso desses opioides quadruplicar – e não só entre os viciados em heroína, mas também entre aqueles que tinham receita para combater a dor com esses remédios.
Por causa disso, pesquisadores começaram a tentar encontrar novos remédios contra a dor que não tivessem nada a ver com o ópio. Surge aí a Conus regius , que paralisa suas presas com veneno antes de se alimentar delas.
Um dos compostos responsáveis por essa paralisia foi estudado pela Universidade de Utah, que os pesquisadores chamaram de Rg1A. Ele foi testado em um grupo de ratinhos que sofriam com dor crônica e hipersensibilidade (ao frio e ao toque). A substância ficava no organismo dos animais por 4 horas. Já o alívio da dor durava bem mais: os bichos melhoravam por até 72 horas.
Além de duradouro, esse novo analgésico funciona no cérebro de uma forma totalmente diferente dos opioides como a morfina. Eles agem ativando alguns receptores cerebrais específicos (também chamados de… opioides), produzindo a sensação de bem estar e mascarando a dor. Só que a hiperestimulação desses receptores é arriscada: pode fazer a respiração parar e doses baixas já levam à tal overdose (foi justamente o que matou Elvis Presley, Michael Jackson e Prince, todos consumidores vorazes de analgésicos opioides.
O veneno da lesma passa bem longe desse circuito cerebral onde agem os opioides. Ele atua sobre um outro receptor, do grupo dos nicotínicos acetilcolínicos (nAChR). O que os cientistas observaram nos ratos é que essa substância gruda nos receptores e bloqueia sua ação. Na hora que começou o bloqueio, a dor sumiu.
O efeito prolongado da substância pode indicar que, além de bloquear o receptor de dor, ela ainda ajuda na regeneração do sistema nervoso. Com isso, pode servir não só para tratar dores intensas, como para prevenir que elas apareçam.
A partir dos testes com ratos, os pesquisadores testaram 20 versões sintéticas do compostos do veneno. Já descobriram uma que parece igualmente poderosa para bloquear receptores no corpo humano. É claro que, para ser lançada como um analgésico novo e seguro, a droga ainda vai precisar passar longos testes clínicos com humanos.
Até agora, o que a pesquisa mostrou é que existe mais de um caminho para combater a dor no cérebro humano – e que dá para desenvolver soluções que fiquem o mais longe possível da heroína, trazendo alívio aos pacientes sem barato, nem vício.
De um lado, 1 em cada 4 americanos sofre de dor crônica e precisa tomar remédios diariamente só para funcionar. De outro, 91 americanos morre de overdose por analgésicos por dia. Isso porque os melhores remédios contra a dor vendidos nos EUA são opioides – substâncias primas da heroína, a droga que apresenta o maior perigo de overdose entre todas, de longe.
A crise é que, nos últimos 18 anos, o país viu o número de mortes por abuso desses opioides quadruplicar – e não só entre os viciados em heroína, mas também entre aqueles que tinham receita para combater a dor com esses remédios.
Por causa disso, pesquisadores começaram a tentar encontrar novos remédios contra a dor que não tivessem nada a ver com o ópio. Surge aí a Conus regius , que paralisa suas presas com veneno antes de se alimentar delas.
Um dos compostos responsáveis por essa paralisia foi estudado pela Universidade de Utah, que os pesquisadores chamaram de Rg1A. Ele foi testado em um grupo de ratinhos que sofriam com dor crônica e hipersensibilidade (ao frio e ao toque). A substância ficava no organismo dos animais por 4 horas. Já o alívio da dor durava bem mais: os bichos melhoravam por até 72 horas.
Além de duradouro, esse novo analgésico funciona no cérebro de uma forma totalmente diferente dos opioides como a morfina. Eles agem ativando alguns receptores cerebrais específicos (também chamados de… opioides), produzindo a sensação de bem estar e mascarando a dor. Só que a hiperestimulação desses receptores é arriscada: pode fazer a respiração parar e doses baixas já levam à tal overdose (foi justamente o que matou Elvis Presley, Michael Jackson e Prince, todos consumidores vorazes de analgésicos opioides.
O veneno da lesma passa bem longe desse circuito cerebral onde agem os opioides. Ele atua sobre um outro receptor, do grupo dos nicotínicos acetilcolínicos (nAChR). O que os cientistas observaram nos ratos é que essa substância gruda nos receptores e bloqueia sua ação. Na hora que começou o bloqueio, a dor sumiu.
O efeito prolongado da substância pode indicar que, além de bloquear o receptor de dor, ela ainda ajuda na regeneração do sistema nervoso. Com isso, pode servir não só para tratar dores intensas, como para prevenir que elas apareçam.
A partir dos testes com ratos, os pesquisadores testaram 20 versões sintéticas do compostos do veneno. Já descobriram uma que parece igualmente poderosa para bloquear receptores no corpo humano. É claro que, para ser lançada como um analgésico novo e seguro, a droga ainda vai precisar passar longos testes clínicos com humanos.
Até agora, o que a pesquisa mostrou é que existe mais de um caminho para combater a dor no cérebro humano – e que dá para desenvolver soluções que fiquem o mais longe possível da heroína, trazendo alívio aos pacientes sem barato, nem vício.
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