Mais de 20 mil alunos são beneficiados com Educação Emocional e Social em Arapiraca
O município de Arapiraca, localizado no Agreste alagoano, com uma população de 231 mil habitantes, desperta para uma nova e importante fase na construção de uma educação mais inclusiva, inovadora e cidadã. A iniciativa da Prefeitura Municipal, que tem como parceiros o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Prevenção à Violência (Seprev) e da organização Inteligência Relacional, permitirá que mais de 20 mil alunos, do 1º ao 7º ano da rede municipal, possam conhecer e aprender a lidar com suas emoções, buscando-se, assim, a redução da violência, a melhoria da aprendizagem e a construção da paz.
A Metodologia Liga Pela Paz, que por meio da Educação Emocional e Social, desenvolve o respeito, o diálogo, o afeto, a ética e a tolerância, passa a ser uma realidade em Arapiraca. Seminário de Sensibilização, Formação Inicial, Acompanhamento Pedagógico, Formação Continuada e Avaliação de Resultados são etapas da metodologia que se relacionam e complementam, garantindo os bons resultados da iniciativa. A cidade vem conseguindo mobilizar cerca de 800 professores que irão aplicar a metodologia em 57 escolas municipais. A comunidade escolar irá acolher, a exemplo das mais de 2.000 unidades de ensino parceiras da metodologia espalhadas pelo país, um novo cenário, buscando aprimorar habilidades sociais e emocionais que possam gerar harmonia e desenvolvimento humano e social.
Ação inovadora e preventiva
Para o prefeito em exercício, Yale Fernandes, a iniciativa é muito positiva. “Arapiraca abraçou a Metodologia Liga Pela Paz, porque compreende que para um bom desempenho escolar é fundamental que, antes de tudo, a criança saiba lidar com as suas emoções. Violência se reduz com educação e inclusão. O melhor caminho sempre será o da Cultura de Paz!”. De acordo com Jardel Aderico, secretário estadual de prevenção à violência, é também uma ação educativa preventiva. “Vamos criar em Arapiraca uma engrenagem efetiva de respostas aos casos de violência, prevenindo a vulnerabilidade social através
da educação”, disse.
De acordo com Jardel Aderico, secretário
estadual de prevenção à violência, é também uma ação educativa preventiva
Com 34 anos dedicados ao magistério, a secretária municipal de educação, Maria Gorete Queiroz, fala do significado da implantação da metodologia no currículo escolar. “Muito positiva a aceitação de todos os profissionais da Educação. A expectativa da nossa prefeita Célia Rocha, que abraçou com carinho essa proposta, é a de que possamos melhorar ainda mais os indicadores educacionais na rede de ensino, o envolvimento entre família, escola e comunidade, assim como a relação entre professor e aluno. Arapiraca avança com esse trabalho”, explica.
Lucicleide da Silva, diretora do Departamento Pedagógico da Secretaria Municipal de Educação, explica que os professores ficaram bastante motivados. “A Liga Pela Paz traz para a educação de Arapiraca a expectativa de minimizar a violência na escola. O sentimento do respeito e da harmonia entre a família, a escola e a sociedade é o maior desejo de todos nós”, conclui.
Bons resultados
Dos dias 25 de fevereiro a 05 de março, foi realizada a Formação Inicial da Metodologia Liga Pela Paz, com duração de 16 horas, para cerca de 1.000 gestores e educadores que irão implantar a Educação Emocional e Social na comunidade escolar. A formação ficou a cargo da equipe da Inteligência Relacional, composta pelas consultoras pedagógicas, Domitila Gonzaga, Amanda Oliveira, Caren Domingues e Lauren Ribeiro, pela coordenadora local, Rosângela Ribeiro, pela coordenadora regional do polo Nordeste, Maíse Cordeiro, e pela Líder Pedagógica, Maria Tereza Belchior. Um momento importante e fundamental em que foi possível ganhar a confiança de gestores e educadores e ainda ampliar as expectativas de transformação no ambiente escolar.
Gleyson Amaral do Nascimento, coordenador local da Metodologia Liga Pela Paz em Arapiraca
e membro da equipe multidisciplinar da Secretaria Municipal de Educação, reforça que a metodologia permite aos alunos compreender suas emoções e lidar melhor com elas. “A partir do momento em que a gente começa a trabalhar com essas crianças, elas vão crescer e se tornar adultos cientes de suas emoções. Vão se tornar cidadãos, conhecedores de seus deveres, de seus direitos”. Ele afirma ainda que a iniciativa dá a possibilidade de uma transformação, não apenas na rede de ensino municipal de educação, mas na sociedade.O grande empenho de gestores escolares, educadores e funcionários dessas unidades de ensino também garantiu o sucesso da formação. Para a maioria deles, 67% do total de educadores formados, o curso recebido foi surpreendente devido à qualificação e didática da equipe pedagógica que conduziu as formações, 84,62% dos participantes avaliaram como ótimo o quesito Domínio do Conteúdo do consultor pedagógico, 76,16% a Didática na Exposição e para mais de 94% os resultados foram bastante positivos para a Avaliação Geral nessa Formação Inicial.
Importância da Educação Emocional e Social na voz dos educadores
Seguem abaixo os depoimentos de alguns educadores que participaram da Formação Inicial da Metodologia Liga Pela Paz nas escolas municipais. Um retrato fiel à relevância do trabalho que será desenvolvido na cidade de Arapiraca em 2016.
Afetividade
Patrícia Olivense de Andrade, da Escola Prof. Mário César Fontes, cujo mestrado trata da afetividade com base no filósofo chileno Juan Casassus, fala com entusiasmo e espera colocar tudo em prática. Ela enfatiza que antes de se trabalhar as emoções dos alunos é preciso olhar também para os professores. “Muitas doenças sentidas pelo professor, como estresse, síndrome do pânico, tem origem nas emoções. A Liga Pela Paz vai ajudá-los muito.” A educadora reforça a importância do conteúdo desenvolvido e considera o material bastante dinâmico, com linguagem acessível às crianças, com potencial de trabalho em todas as disciplinas.
Família participativa
A ex-gestora escolar, e atual professora da Escola Eneas Benedito dos Santos, Djaci Correia de Oliveira, reconhece a relevância da proposta. “A família precisa assumir seu papel e com a Liga Pela Paz poderá participar de forma mais intensa das atividades escolares. Essa é uma luta constante da educação. As coisas só vão funcionar melhor quando a família se aproximar e não deixar a educação dos filhos exclusivamente sob responsabilidade da escola. Se a criança for trabalhada desde o início, conseguiremos resultados bem melhores”, opina Djaci.
Já para o educador Elinson Soares de Araújo, da Escola Prof. Benildo B. Medeiros, existe uma carência em humanização na rede pública de ensino de Alagoas. “Esse rico conteúdo pedagógico traz a paz para a escola e os professores. Há uma angústia porque muitos profissionais não têm a sensibilidade para lidar com certas situações e optam por um caminho de entregar as crianças para a direção escolar”, exemplifica. Ele diz ainda que a maioria desses conflitos que ocorrem em sala de aula tem origem na família, a qual precisa ser convidada para participar também desse processo de aprendizagem das emoções.
Transformação
A transformação do eu, com abertura para compreender os estados emocionais das pessoas, a expressão dos sentimentos, a afetividade são alguns dos instrumentos bastante utilizados na metodologia e que permitem aos educadores e educandos viverem em mais harmonia. A educadora Nayara Stheffany Tenório de Barros, da Escola Zélia Barbosa Rocha, exemplificou algo ocorrido com um aluno dela, assíduo às aulas, mas que não conseguiu render no aprendizado. “A gente percebia sua dificuldade em lidar com as emoções. A Liga Pela Paz chegou para nos ajudar, como um forte alicerce para a nossa relação com o aluno, garantindo melhores resultados”.
Atividades Psicopedagógicas
Dinâmicas inovadoras desenvolvem a consciência corporal e o reconhecimento das emoções. É o momento de integrar, desinibir, “quebrar o gelo”, divertir, refletir, aprender, presentar, promover o conhecimento, incitar a aprendizagem e aquecer. Estas atividades são uma resposta às necessidades lúdicas nas interações em grupos e são propostas de acordo com os objetivos dos encontros. Por isso são abordadas de forma atrativa, lúdica e pedagógica.
Transdisciplinaridade e o enfrentamento dos desafios na educação
De acordo com o estudo recente “Analfabetismo no Mundo do Trabalho”, do Instituto Paulo Montenegro e a ONG Ação Educativa, um a cada quatro brasileiros pode ser considerado analfabeto funcional. Ou seja, apenas 8% dos pesquisados mostraram domínio máximo em Português e Matemática. Nesse contexto temos a Metodologia Liga Pela Paz, que contribui para o enfrentamento desse imenso desafio. Esse é o pensamento da professora de Matemática Verônica Malaquias, da Escola Hugo José Camelo Lima. “É uma metodologia transdisciplinar, isto é, pode ser muito bem usada em qualquer disciplina, a exemplo da Matemática, pois lida diretamente com as emoções do indivíduo e contribui para o aprendizado”, enfatiza Verônica.
Já para a professora Lívia de Oliveira Silva, da Escola 31 de Março, a Língua Portuguesa tem sido a ferramenta principal. Confiante com a formação, explica que a metodologia permite compreender os sentimentos, reconhecer e regular as emoções e, principalmente, ver além da sala de aula. “Eu pretendo usá-la diariamente, desde o momento em que entro na escola até sair de lá, pois noto o quanto os alunos estão carentes de atenção sincera. Obviamente é muito importante que as crianças tenham o domínio do Português. Mas estou preocupada com a formação de cidadãos melhores, trabalhadores competentes e adultos que pensam bem antes de tomar qualquer decisão,” diz.
AGAPI E METODOLOGIA LIGA PELA PAZ: Juntos fazendo a diferença para a infância em Arapiraca
A Saúde é a porta de entrada para um dos programas socioeducativos mais significativos de Alagoas, o AGAPI – Arapiraca Garante a Primeira Infância. E o município agora passa a ter uma nova iniciativa que conversa diretamente com as prioridades do programa: a Metodologia Liga Pela Paz.
“O AGAPI ganha um grande aliado com a chegada da Metodologia Liga Pela Paz. Entendo que são duas ações que se complementam para promover a saúde e a educação na primeira infância, a gênese de tudo. São trabalhos que se coadunam. Não é uma luva para a mão, mas sim a mão direita trabalhando com a mão esquerda”, comenta a coordenadora do AGAPI, a historiadora Gineide Castro.
A coordenadora lembra que o programa, criado em 2013 pela prefeita, pediatra e médica sanitarista, Célia Rocha, acontece de forma multissetorial com o apoio de várias secretarias do município, já que os programas se interligam para fazer o acompanhamento das crianças e de suas famílias. O programa AGAPI, que conta com a parceria da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, da Universidade de Harvard, do Fundo das Nações Unidas para a Infância e da Secretaria de Estado da Saúde, atua em Arapiraca com a mobilização de 21 equipes de saúde da família, 160 agentes comunitários, de saúde, 24 creches, 36 escolas, 7 bibliotecas digitais de bairro (as Arapiraquinhas), 8 centros de referência em assistência social e um Creas, atendendo mais de 19 mil famílias e 5.503 crianças até cinco anos de idade.
Para a líder da área pedagógica da Metodologia Liga Pela Paz, Maria Tereza Belchior, a Inteligência Relacional apresenta um forte diálogo com as bases teóricas do AGAPI. “Durante o processo de formação dos professores ficou clara a interação e os objetivos dos dois programas. Temos uma grande conexão na medida em que trabalhamos com a base da neurociência, com o desenvolvimento inicial da criança e todas as frentes de atuação que conversam entre si com o objetivo único de promover a saúde, a educação e o desenvolvimento social e emocional das crianças e suas famílias”, relata Maria Tereza.
Para Gineide Castro, os programas de saúde, educação e desenvolvimento social do município de Arapiraca contribuem de maneira efetiva para o fortalecimento da rede de apoio às crianças e às famílias. “Já conquistamos o prêmio da Fundação Abrinq e por duas vezes obtivemos o Prêmio Cidade Amiga da Criança, indicado pela UNICEF. Estamos a caminho da Universidade de Harvard numa parceria para nos aperfeiçoar mais ainda nas questões da criança desde a primeira infância. Isso denota o reconhecimento da iniciativa por grandes instituições do Brasil e de todo mundo.”, encerra a coordenadora do AGAPI.
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