Este ano, o projeto Pelotão Mirim, do 3º Batalhão da Polícia Militar, está em sua sexta edição. Desde 2010, em parceria com a Prefeitura Municipal de Arapiraca, são desenvolvidas diversas atividades nas áreas de educação, esporte e lazer. Essas atividades já beneficiaram mais de 500 crianças e adolescentes na faixa etária dos 10 aos 12 anos.

Com o intuito de atender meninos e meninas, provenientes de famílias de baixa renda e em situação de vulnerabilidade social, o projeto proporciona opções válidas para a promoção do bem estar e integra-os no contexto comunitário.

O projeto, pioneiro no Nordeste, conta com uma equipe de seis policiais militares e é coordenado desde seu início pelo tenente Johnatan Barbosa.
De acordo com o tenente Johnatan, ao aproximar a polícia do público infantil, é possível atingir além daquela criança, todo seu relacionamento, como a família, a escola e os amigos.

“Queremos atender à comunidade, através do exemplo das nossas crianças e adolescentes. Eles levam para suas casas e para os grupos em que estão inseridos os ensinamentos que absorvem aqui e temos inúmeros relatos de pais que testemunham a mudança de comportamento do filho após a inclusão no projeto”, ressalta o coordenador.

Já sobre a questão da disciplina, o subcomandante do Pelotão Mirim, sargento José Francisco Souza, explica que não funciona como um reformatório e que, para o ingresso, é preciso que o candidato atenda a alguns requisitos. “ Como o projeto atende alunos oriundos de escolas públicas dos municípios de Arapiraca e Limoeiro de Anadia e dos povoados Pé Leve e Mamoeiro e exige do candidato um bom comportamento e rendimento escolar. Com frequência, estamos visitando as escolas para verificar se este critério está sendo respeitado. Para manter-se nas atividades, é preciso garantir as boas notas e isso acaba sendo um incentivo para eles, que gostam tanto de estar conosco”, destaca o sargento.

Apesar da exigência, o militar acrescenta que o projeto também recebe alunos com temperamentos considerados difíceis, o que exige um trabalho diferenciado. Nestes casos, juntamente com a escola, a criança e os pais são orientados, através do apoio para resolução de determinados conflitos ou situações específicas. No desenvolvimento do projeto, também estão previstas aulas de reforço de português e matemática, ministradas por duas professoras cedidas pela prefeitura municipal.

Relacionamento com a família e o ambiente escolar

Para ser eficaz, a coordenação do Pelotão Mirim entende que o relacionamento com o ambiente escolar e com a família precisa ser reforçado no decorrer do ano. Dessa forma, são realizadas frequentemente reuniões com os diretores das escolas públicas que possuem alunos inseridos no projeto. Os pais também são convidados para participar dessas reuniões.

“Esses encontros facilitam os laços entre os envolvidos no projeto e contribui para reunir informações importantes para o acompanhamento dos alunos”, explica a diretora da Escola Municipal Prefeito Benício Ferreira Reis, Sara Souza.

Para a dona de casa Josefa Soares, mãe da aluna Vitória Silva, de 13 anos, o projeto fez uma grande diferença para a sua família. “Vitória apresentava um temperamento difícil e frequentou o Pelotão Mirim no ano passado, mudando consideravelmente, seu comportamento em casa e na escola. Pelo destaque que obteve, foi promovida a cabo e hoje participa do projeto no pelotão Alpha, sendo referência para os chamados ‘recrutas’”, orgulha-se a dona de casa.

A aluna Nathalia da Silva, de 10 anos, também mudou o comportamento, desde que iniciou no projeto há sete meses. “O pelotão Mirim só me trouxe coisas boas. Aqui aprendo todos os dias sobre qual o caminho devo seguir”, afirma Nathalia.

Estrutura do Pelotão Mirim

Cada turma do projeto dura cerca de 10 meses. Fardadas, as crianças iniciam as instruções na graduação de soldado mirim, sempre no mês de março e no final de cada ano é realizada a solenidade de formatura. As atividades são desenvolvidas no ambiente militar do 3º Batalhão, em Arapiraca, de segunda a quinta-feira, no horário oposto ao escolar. Um transporte cedido pela prefeitura local é responsável por realizar o deslocamento das crianças diariamente.

Na edição deste ano, 102 alunos integram os quatro pelotões do projeto: Alpha, Valentes, Fortes e Guerreiros, sendo o Alpha o pelotão com integrantes remanescentes da edição anterior, que se destacaram e foram promovidos a cabos. Eles auxiliam algumas atividades do projeto e servem como referências para os recém-incorporados.

Entre as atividades desenvolvidas estão noções de disciplina, segurança, higiene e saúde, relações interpessoais, prevenção a incêndios, prevenção e resistência às drogas, cidadania, esporte, lazer, ética, civismo, música, trânsito e meio ambiente. Um dos pilares do militarismo, a hierarquia, está presente no cotidiano das atividades, e por isso eles precisam, por exemplo, prestar a continência aos superiores hierárquicos.

A seleção para novas turmas ocorre no início de cada ano e após cadastro nas escolas dos alunos, que não podem ser repetentes, é agendada uma data para a aplicação de uma prova de conhecimentos básicos em português e matemática. Os melhores colocados preenchem as vagas.