Em júri, marido de mulher decapitada no Carminha conta detalhes do crime

Por G1 Alagoas 23/02/2015 13h01
Por G1 Alagoas 23/02/2015 13h01
Em júri, marido de mulher decapitada no Carminha conta detalhes do crime
Foto: Dicom - TJ/AL
O pedreiro Adriano José dos Santos, marido da dona de casa Maria de Lourdes Farias de Melo, assassinada e decapitada em 2011, no Conjunto Carminha, bairro Benedito Bentes, foi a primeira testemunha a depor no julgamento dos réus, que acontece nesta segunda-feira (23) no Fórum da Capital, em Maceió.

Três dos quatro acusados sentam no banco dos réus. São eles: Willians Vicente dos Santos Ferreira, Jamison Jonas dos Santos Luna e Cremilda Nicolau dos Santos.

Santos contou detalhes da morte brutal da esposa. "Ela foi arrastada pelos cabelos, atiraram nela e depois ela foi degolada", contou emocionado.

O pedreiro ainda contou que chegou do trabalho na noite anterior ao crime e foi dormir em um colchão na sala. A esposa dormia no quarto com os três filhos, de um, dois e quatros anos. Na madrugada do dia seguinte, quatro homens encapuzados invadiram a casa, o ameaçaram com um revólver e retiraram a mulher da cama de camisola.

"Ela morreu duas vezes porque uma foi de medo. Não pude nem sair de casa porque não deixaram. Fiquei na porta e vi quando colocaram a cabeça dela na estaca". Santos disse que depois do crime os assassinos fugiram, mas antes roubaram um micro-ondas em sua casa e ainda o ameaçaram.

Ele contou que não teve como reconhecer nenhum deles, mas ficou sabendo de dois suspeitos conhecidos como "Gabinha" e "Língua", que seria pela suspeita da ameaça de traficantes. Apesar da informação, o pedreiro disse que sua esposa nunca falou sobre qualquer ameaça ou se havia falado alguma coisa a respeito de traficante aos policiais.

O marido disse que depois do crime sua família acabou. "Meus filhos foram separados porque não tive como criar os três. Aí fiquei com um e os outros com parentes. É muito triste isso, eles ainda estão muito abalados", disse em lágrimas.

O julgamento começou com quase 2h de atraso devido à espera pelo defensor público Rildson Martins, que defende Ferreira e Luna. O juiz Geraldo Cavalcante Amorim, que conduz o júri do caso, informou que foram arroladas nove testemunhas de defesa e acusação,mas que nem todas deverão comparecer. "Mesmo com o atraso, a sessão tem previsão de acabar hoje a noite ou na madrugada", disse.

O promotor José Antônio Malta Marques disse que nove pessoas participaram do crime, segundo apurou o Ministério Público. Destes, cinco eram menores. "Vamos mostrar neste julgamento que os três réus estavam no local e participaram do crime", ressaltou.

Marques disse que segundo o inquérito, Maria de Lourdes estava dormindo quando o grupo invadiu sua casa. "O marido dela teve a arma apontada para a cabeça e ela foi arrastada para a rua. Lá, foi agredida com chutes e depois baleada. A vítima ainda foi esfaqueada, teve os braços e a cabeça arrancados", falou.

O promotor disse que vai pedir que o crime seja tipificado como homicídio triplamente qualificado por ter motivo torpe, de forma cruel e com invasão à residência. "Tudo aconteceu a luz do dia e na frente de várias pessoas. Os criminosos pegaram o braço da mulher e escreveram com sangue na parede e ainda colocaram sua cabeça em uma estaca", falou.

Ainda de acordo com ele, a motivação para o assassinato seria uma suposta delação que teria partido de Maria de Lourdes.

O advogado de Cremilda Nicolau disse que ela alega inocência. Segundo ele, a ré confirma que estava no local do crime, mas diz que não participou da ação. "Ela estava bebendo com os outros e foi até a casa da vítima, mas não sabia o que iriam fazer lá. Tanto que testemunhas confirmam que ela estava distante do fato. O erro dela foi o envolvimento com o tráfico e ter pego um microondas da casa da vítima após o crime. Isso ela já assumiu", disse o advogado. 
 

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