Após torta na cara, jornalistas devem virar humoristas, diz crítico
Professores e especialistas em telejornalismo reprovaram a participação de jornalistas no Domingo Legal e no Domingo Show, no último final de semana. No programa do SBT, quatro âncoras da casa, incluindo a polêmica Rachel Sheherazade, levaram tortadas na cara em uma gincana. No mesmo horário, o comentarista policial Percival de Souza tirava o bigode ao vivo na Record. Para um dos principais críticos do jornalismo brasileiro, os profissionais deveriam virar humoristas.
"Em busca de audiência, as emissoras vêm transformando a informação em espetáculo. Não contentes, avançam agora em direção ao jornalista, transformando-o em pseudo-humorista", critica o professor Laurindo Leal Filho, da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). "Embora de gosto duvidoso, não tenho nada contra esse tipo de programa, desde que aqueles que o protagonizem deixem de trabalhar como jornalistas e assumam o papel de humoristas", sugere.
Apresentadores de telejornais do SBT, Rachel Sheherazade, Neila Medeiros, Karyn Bravo e Joyce Ribeiro competiram anteontem (14) com o elenco do The Noite no Passa ou Repassa, quadro do Domingo Legal. O momento mais esperado da atração é quando os participantes erram perguntas e levam tortadas na cara. Foi o que aconteceu com os jornalistas, que brincaram com os rostos sujos.
Enquanto isso, na Record, o Domingo Show prestava uma homenagem a Percival de Souza, um dos repórteres policiais mais respeitados do jornalismo brasileiro _pelo menos até alguns anos atrás, quando virou "humorista" no Cidade Alerta. O apresentador Geraldo Luis prometeu aos telespectadores que o comentarista rasparia o bigode que cultivou durante os últimos 40 anos. Após pressão do apresentador e da mulher, ele tirou o bigode ao vivo.
Assim como Lalo Filho, outros especialistas em comunicação reprovam a atitude dos jornalistas. Para eles, os profissionais agiram errado ao trocar a seriedade do jornalismo por um espetáculo que apenas quer dar audiência, como os programas de Celso Portiolli e Geraldo Luís.
Professor de telejornalismo da Faculdade Cásper Líbero, Pedro Ortiz alerta para os riscos do uso da atividade jornalística apenas para dar ibope: "Emprestar' a credibilidade do jornalismo e dos jornalistas para o puro entretenimento, ainda mais com a superexposição dos jornalistas em sua intimidade, como se fossem estrelas ou subcelebridades de um show que usa uma espécie de vale-tudo pela audiência, não é o melhor caminho para o jornalismo".
Segundo Wagner Belmonte, professor de jornalismo da Fapcom (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação), a transformação de jornalistas em personagens de programas de entretenimento confunde o público e compromete a credibilidade do profissional.
"Não gosto da transferência de incumbência. Jornalista briga por credibilidade. Divertir é papel de quem é da linha de show, de entretenimento. Jornalista não tem que ser notícia", critica o acadêmico.
"Em busca de audiência, as emissoras vêm transformando a informação em espetáculo. Não contentes, avançam agora em direção ao jornalista, transformando-o em pseudo-humorista", critica o professor Laurindo Leal Filho, da ECA-USP (Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo). "Embora de gosto duvidoso, não tenho nada contra esse tipo de programa, desde que aqueles que o protagonizem deixem de trabalhar como jornalistas e assumam o papel de humoristas", sugere.
Apresentadores de telejornais do SBT, Rachel Sheherazade, Neila Medeiros, Karyn Bravo e Joyce Ribeiro competiram anteontem (14) com o elenco do The Noite no Passa ou Repassa, quadro do Domingo Legal. O momento mais esperado da atração é quando os participantes erram perguntas e levam tortadas na cara. Foi o que aconteceu com os jornalistas, que brincaram com os rostos sujos.
Enquanto isso, na Record, o Domingo Show prestava uma homenagem a Percival de Souza, um dos repórteres policiais mais respeitados do jornalismo brasileiro _pelo menos até alguns anos atrás, quando virou "humorista" no Cidade Alerta. O apresentador Geraldo Luis prometeu aos telespectadores que o comentarista rasparia o bigode que cultivou durante os últimos 40 anos. Após pressão do apresentador e da mulher, ele tirou o bigode ao vivo.
Assim como Lalo Filho, outros especialistas em comunicação reprovam a atitude dos jornalistas. Para eles, os profissionais agiram errado ao trocar a seriedade do jornalismo por um espetáculo que apenas quer dar audiência, como os programas de Celso Portiolli e Geraldo Luís.
Professor de telejornalismo da Faculdade Cásper Líbero, Pedro Ortiz alerta para os riscos do uso da atividade jornalística apenas para dar ibope: "Emprestar' a credibilidade do jornalismo e dos jornalistas para o puro entretenimento, ainda mais com a superexposição dos jornalistas em sua intimidade, como se fossem estrelas ou subcelebridades de um show que usa uma espécie de vale-tudo pela audiência, não é o melhor caminho para o jornalismo".
Segundo Wagner Belmonte, professor de jornalismo da Fapcom (Faculdade Paulus de Tecnologia e Comunicação), a transformação de jornalistas em personagens de programas de entretenimento confunde o público e compromete a credibilidade do profissional.
"Não gosto da transferência de incumbência. Jornalista briga por credibilidade. Divertir é papel de quem é da linha de show, de entretenimento. Jornalista não tem que ser notícia", critica o acadêmico.
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