Pais de PM morta cobram apuração e criticam lentidão da perícia
Faz pouco mais de um mês da morte da soldado Izabelle Pereira dos Santos, baleada por 17 tiros de metralhadora quando fazia rondas dentro de uma viatura da Radiopatrulha, no mês de agosto, em Maceió, e só agora a família resolveu romper o silêncio. Os pais da soldado falaram à imprensa na manhã desta sexta-feira (3) e criticaram a demora na entrega dos laudos periciais, a conclusão do inquérito e afirmaram crer em imprudência, mas não fizeram referência direta a ninguém.
Para o subtenente reformado da PM Cláudio Silva dos Santos, pai de Izabelle, não há dúvidas de que a arma tinha defeito, mas ele acha que teve participação humana. "A arma vem com uma trava, segundo a fabricante Taurus. Ela com defeito pode até disparar, mas não dispararia 30 balas. Acho que houve uma imprudência e eu só quero esclarecer isso", disse Santos.
Ele destaca ainda a suspeita de que a arma não estava em posse da soldado Izabelle. "Como ela era mulher, ela preferia usar a pistola .40 e chegava cedo no trabalho para pegar a arma que gostava. A submetralhadora estava acautelada no nome do capitão e de um patrulheiro", diz Santos ao rebater o depoimento dos colegas que estavam com ela no momento do acidente.
Os militares que estavam na viatura disseram à polícia que a arma disparou acidentalmente após uma curva realizada pelo veículo, mas que eles só perceberam que os disparos haviam sido de dentro da viatura quando chegaram ao hospital para socorrer a soldado. A primeira hipótese levanta foi de atentado.
Rosa Amélia, mãe da soldado, acompanhou o marido durante a entrevista. Mas as declarações eram feitas sempre por Santos, que tem 30 anos de polícia.
"A gente fica revoltado com a lentidão que parte da perícia oficial. A coisa estava andando rápido pelo menos por parte do delegado que preside o inquérito. Quando chegou na perícia, empacou. Acredito que o órgão está totalmente incapacitado para agir com rapidez", afirmou Santos.
Por meio de nota à imprensa, a assessoria de comunicação da Direção Geral da Perícia Oficial e da Direção do Instituto de Criminalística informou que os órgãos recebem por mês uma média de 800 solicitações para realização de exames periciais externos e internos relacionados aos mais diversos crimes e que a emissão destes respeita a ordem de solicitação e realização das perícias. (Leia a nota na íntegra no fim do texto).
O advogado da família, Thiago Pinheiro, afirmou que requereu na última quinta-feira (2) a agilidade para a entrega dos laudos da perícia oficial. "Estamos esperando o laudo residuográfico, o da perícia da arma que efetuou os tiros, o do local do crime, além das comparações balísticas e a reconstituição do caso", afirmou.
"Izabelle estava com outros três militares no carro e eles pediram licença médica de 30 dias. A participação deles na reconstituição é facultativa mas é fundamental para esclarecer os fatos", completou o advogado.
Pinheiro reforça que nenhuma hipótese está sendo descartada pela família. "Chegam informações de que poderia ter sido homicídio doloso, mas o mais palpável é falha do dispositivo com falha humana, no entanto, não estamos desconsiderando nada".
Leia abaixo a nota na íntegra:
A Direção Geral da Perícia Oficial e a Direção do Instituto de Criminalística vêm por meio desta nota, esclarecer alguns pontos em relação à entrevista coletiva realizada pela família da soldado PM Izabelle Pereira dos Santos:
1. O Instituto de Criminalística de Alagoas recebe por mês uma média de 800 solicitações para realizações de exames periciais externos e internos relacionados aos mais diversos crimes;
2. Que a emissão desses laudos respeita a ordem de solicitação e realização das perícias;
3. Que fatores externos como repercussão de caso não influenciam na sua antecipação em relação a outros exames, pois, ao priorizar um caso de repercussão, o Instituto de Criminalística estaria indo contra a Constituição Federal que garante a igualdade entre os cidadãos;
4. Que a solicitação da prorrogação para entrega do laudo está previsto no parágrafo único do artigo 160 do Código de Processo Penal Brasileiro, conforme divulgação realizada no último dia 30 de setembro;
5. Esclarecemos ainda que o perito durante o seu trabalho, necessita do tempo necessário para realizar a perícia e emitir o seu laudo, garantindo a ele a qualidade necessária para a conclusão do inquérito policial;
6. Que a pressa ou coação para a conclusão do laudo pericial pode ocasionar problemas na sua construção, impedindo a oferta da denúncia e a elucidação dos crimes, comprometendo a aplicação da lei, e acarretando prejuízos à sociedade em geral, que já sofre com os elevados índices de violência e da impunidade.
Por fim, esclarecemos logo seja concluído o laudo pericial, o mesmo será encaminhado às autoridades competentes pela investigação do caso.
Para o subtenente reformado da PM Cláudio Silva dos Santos, pai de Izabelle, não há dúvidas de que a arma tinha defeito, mas ele acha que teve participação humana. "A arma vem com uma trava, segundo a fabricante Taurus. Ela com defeito pode até disparar, mas não dispararia 30 balas. Acho que houve uma imprudência e eu só quero esclarecer isso", disse Santos.
Ele destaca ainda a suspeita de que a arma não estava em posse da soldado Izabelle. "Como ela era mulher, ela preferia usar a pistola .40 e chegava cedo no trabalho para pegar a arma que gostava. A submetralhadora estava acautelada no nome do capitão e de um patrulheiro", diz Santos ao rebater o depoimento dos colegas que estavam com ela no momento do acidente.
Os militares que estavam na viatura disseram à polícia que a arma disparou acidentalmente após uma curva realizada pelo veículo, mas que eles só perceberam que os disparos haviam sido de dentro da viatura quando chegaram ao hospital para socorrer a soldado. A primeira hipótese levanta foi de atentado.
Rosa Amélia, mãe da soldado, acompanhou o marido durante a entrevista. Mas as declarações eram feitas sempre por Santos, que tem 30 anos de polícia.
"A gente fica revoltado com a lentidão que parte da perícia oficial. A coisa estava andando rápido pelo menos por parte do delegado que preside o inquérito. Quando chegou na perícia, empacou. Acredito que o órgão está totalmente incapacitado para agir com rapidez", afirmou Santos.
Por meio de nota à imprensa, a assessoria de comunicação da Direção Geral da Perícia Oficial e da Direção do Instituto de Criminalística informou que os órgãos recebem por mês uma média de 800 solicitações para realização de exames periciais externos e internos relacionados aos mais diversos crimes e que a emissão destes respeita a ordem de solicitação e realização das perícias. (Leia a nota na íntegra no fim do texto).
O advogado da família, Thiago Pinheiro, afirmou que requereu na última quinta-feira (2) a agilidade para a entrega dos laudos da perícia oficial. "Estamos esperando o laudo residuográfico, o da perícia da arma que efetuou os tiros, o do local do crime, além das comparações balísticas e a reconstituição do caso", afirmou.
"Izabelle estava com outros três militares no carro e eles pediram licença médica de 30 dias. A participação deles na reconstituição é facultativa mas é fundamental para esclarecer os fatos", completou o advogado.
Pinheiro reforça que nenhuma hipótese está sendo descartada pela família. "Chegam informações de que poderia ter sido homicídio doloso, mas o mais palpável é falha do dispositivo com falha humana, no entanto, não estamos desconsiderando nada".
Leia abaixo a nota na íntegra:
A Direção Geral da Perícia Oficial e a Direção do Instituto de Criminalística vêm por meio desta nota, esclarecer alguns pontos em relação à entrevista coletiva realizada pela família da soldado PM Izabelle Pereira dos Santos:
1. O Instituto de Criminalística de Alagoas recebe por mês uma média de 800 solicitações para realizações de exames periciais externos e internos relacionados aos mais diversos crimes;
2. Que a emissão desses laudos respeita a ordem de solicitação e realização das perícias;
3. Que fatores externos como repercussão de caso não influenciam na sua antecipação em relação a outros exames, pois, ao priorizar um caso de repercussão, o Instituto de Criminalística estaria indo contra a Constituição Federal que garante a igualdade entre os cidadãos;
4. Que a solicitação da prorrogação para entrega do laudo está previsto no parágrafo único do artigo 160 do Código de Processo Penal Brasileiro, conforme divulgação realizada no último dia 30 de setembro;
5. Esclarecemos ainda que o perito durante o seu trabalho, necessita do tempo necessário para realizar a perícia e emitir o seu laudo, garantindo a ele a qualidade necessária para a conclusão do inquérito policial;
6. Que a pressa ou coação para a conclusão do laudo pericial pode ocasionar problemas na sua construção, impedindo a oferta da denúncia e a elucidação dos crimes, comprometendo a aplicação da lei, e acarretando prejuízos à sociedade em geral, que já sofre com os elevados índices de violência e da impunidade.
Por fim, esclarecemos logo seja concluído o laudo pericial, o mesmo será encaminhado às autoridades competentes pela investigação do caso.
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