Jovens negam rótulo de despolitizados e dizem que forma de participação mudou
Segundo o tribunal, a queda é parcialmente atribuída a uma mudança na metodologia de contagem. Em 2014, foi computada a idade que os jovens terão em outubro. Em anos anteriores, o número era consolidado levando-se em conta as informações até 30 de junho.
O TSE também associa a redução do eleitorado jovem à tendência de queda dessa faixa da população de maneira geral. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens de 16 e 17 anos tem diminuído desde o pleito federal de 2002.
De acordo com Luciano Gonçalves, pesquisador do IBGE, o fenômeno tende a se aprofundar à medida que os nascidos depois dos anos 2000 atinjam idade para exercer o voto. “A taxa de fecundidade vem caindo no Brasil. Em 1990, era 3,1 filhos por mulher. Em 2000, era 2,39. Em 2010, chegou a 1,87, abaixo do índice de reposição da população, que é 2,1 filhos por mulher”, destaca.frequentemente criticadas por manterem distância da participação política. Mas, às vésperas de mais uma eleição para escolher presidente, governadores, deputados e senadores, jovens ouvidos pela Agência Brasil contestam o rótulo de despolitizados. Eles definem sua relação com as questões públicas como um envolvimento que se afastou das vias tradicionais. Na visão deles, há uma desilusão com partidos e estruturas formais de poder, mas a juventude não está desengajada.
A estudante Marina Serra dos Santos, 17 anos, diz que o ativismo desvinculado de partidos políticos é válido. A jovem, que na internet utiliza o pseudônimo Marina Saint-Hills, marca presença nas redes sociais e mantém um blog onde compartilha conteúdos sobre sua visão de mundo e suas experiências. Marina é favorável a pequenas mudanças de atitude no cotidiano e destaca as ações apartidárias como uma tendência mundial.
“Na minha opinião, muitas pessoas não encontram representação [entre os partidos]. A juventude acordou, quer mudanças, mas não sabe identificar o que quer que mude. A política vai muito além do que está acontecendo na Esplanada [dos Ministérios]. Tem a corrupção em pequena escala, o 'jeitinho' brasileiro. [O apartidarismo] não é só característico das manifestações no Brasil. O Occupy [movimento Occupy Wall Street, iniciado nos Estados Unidos, contrário às distorções sociais, ganância e corrupção] era assim. A gente viu em junho [durante as manifestações] que não era só política [tradicional]. Tinha movimento LGBT [lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros e transexuais] e muitos outros”, comenta.
O estudante João Felipe Amaral Bobroff, 17 anos, presidente do grêmio estudantil da escola em que estuda, também acredita que a participação política ultrapassa os partidos e o comparecimento às urnas. “A juventude é politizada, mas apartidária. Política não é só partido. Temos um sistema eleitoral que só dá espaço para quem entra com muito dinheiro. Não é doação, é financiamento [de campanha]”, critica. Para João Felipe, as manifestações de junho reuniram "pessoas defendendo ideais”. “É isso que está faltando, e também viver esses ideais no dia a dia”, defende.
A estudante Isabela Albuquerque, 16 anos, acredita que há um fosso entre as gerações atuais e os partidos políticos brasileiros, muitos dos quais perderam suas características originais. Entre elas, por exemplo, a polarização para esquerda ou direita do espectro político. “A gente não viu esses partidos nascerem e hoje são tantos que a gente tem dificuldade de saber de que lado eles estão. Muitos da nossa geração acreditam pouco justamente por causa disso, do número de partidos, das alianças feitas”, avalia.
Apesar do desencanto com a política institucional e de o voto ser facultativo para eles, Marina, João Felipe e Isabela não abrirão mão de participar dessas eleições. “Quero ter voz, me manifestar”, diz Marina, que é contra a obrigatoriedade do voto. “A pessoa é obrigada a votar sem estar preparada”, acredita. Segundo João Felipe, o título de eleitor foi seu presente de aniversário. “Sempre falei para minha mãe que queria. Falar contra o governo, se você não faz a diferença nas urnas, não faz sentido”, comenta. Isabela também fez questão de garantir o documento. “Sempre me interessei por política e vinha prestando atenção, pesquisando os políticos em quem poderia votar”, conta.
Na visão do cientista político Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília (UnB), a dinâmica do envolvimento de jovens como Marina, Isabela e João Felipe com as causas públicas é um fenômeno recente, que precisa ser acompanhado. "[Nos movimentos de junho] a maioria [dos manifestantes] era jovem, mas desvinculada de interesses partidários. O jovem [dos dias atuais] é muito crítico, mas não está se envolvendo partidariamente. [Esse movimento] Precisa ser mais bem analisado", avalia Testa.
Para ele, os jovens ainda precisam encontrar um foco. "[A atitude deles] não é propositiva, é só critica. Querem mudança, mas não sabem como buscar, pois não querem usar a estrutura partidária. Mas, a não ser que haja uma reforma estrutural no sistema político, não há outra forma [de implementar mudanças] a não ser estar vinculado aos partidos", pondera.
Segundo dados divulgados no fim de julho pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 1,638 milhão de eleitores tem 16 e 17 anos, o equivalente a 23,8% da população nessa faixa etária. A proporção é a menor dos três últimos pleitos federais. Em 2002, esse percentual alcançava 28,7%. Nas eleições de 2006, foi 36,9%. No pleito de 2010, ficou em 34,8%.
Segundo o tribunal, a queda é parcialmente atribuída a uma mudança na metodologia de contagem. Em 2014, foi computada a idade que os jovens terão em outubro. Em anos anteriores, o número era consolidado levando-se em conta as informações até 30 de junho.
O TSE também associa a redução do eleitorado jovem à tendência de queda dessa faixa da população de maneira geral. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens de 16 e 17 anos tem diminuído desde o pleito federal de 2002.
De acordo com Luciano Gonçalves, pesquisador do IBGE, o fenômeno tende a se aprofundar à medida que os nascidos depois dos anos 2000 atinjam idade para exercer o voto. “A taxa de fecundidade vem caindo no Brasil. Em 1990, era 3,1 filhos por mulher. Em 2000, era 2,39. Em 2010, chegou a 1,87, abaixo do índice de reposição da população, que é 2,1 filhos por mulher”, destaca.
O TSE também associa a redução do eleitorado jovem à tendência de queda dessa faixa da população de maneira geral. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens de 16 e 17 anos tem diminuído desde o pleito federal de 2002.
De acordo com Luciano Gonçalves, pesquisador do IBGE, o fenômeno tende a se aprofundar à medida que os nascidos depois dos anos 2000 atinjam idade para exercer o voto. “A taxa de fecundidade vem caindo no Brasil. Em 1990, era 3,1 filhos por mulher. Em 2000, era 2,39. Em 2010, chegou a 1,87, abaixo do índice de reposição da população, que é 2,1 filhos por mulher”, destaca.frequentemente criticadas por manterem distância da participação política. Mas, às vésperas de mais uma eleição para escolher presidente, governadores, deputados e senadores, jovens ouvidos pela Agência Brasil contestam o rótulo de despolitizados. Eles definem sua relação com as questões públicas como um envolvimento que se afastou das vias tradicionais. Na visão deles, há uma desilusão com partidos e estruturas formais de poder, mas a juventude não está desengajada.
A estudante Marina Serra dos Santos, 17 anos, diz que o ativismo desvinculado de partidos políticos é válido. A jovem, que na internet utiliza o pseudônimo Marina Saint-Hills, marca presença nas redes sociais e mantém um blog onde compartilha conteúdos sobre sua visão de mundo e suas experiências. Marina é favorável a pequenas mudanças de atitude no cotidiano e destaca as ações apartidárias como uma tendência mundial.
“Na minha opinião, muitas pessoas não encontram representação [entre os partidos]. A juventude acordou, quer mudanças, mas não sabe identificar o que quer que mude. A política vai muito além do que está acontecendo na Esplanada [dos Ministérios]. Tem a corrupção em pequena escala, o 'jeitinho' brasileiro. [O apartidarismo] não é só característico das manifestações no Brasil. O Occupy [movimento Occupy Wall Street, iniciado nos Estados Unidos, contrário às distorções sociais, ganância e corrupção] era assim. A gente viu em junho [durante as manifestações] que não era só política [tradicional]. Tinha movimento LGBT [lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transgêneros e transexuais] e muitos outros”, comenta.
O estudante João Felipe Amaral Bobroff, 17 anos, presidente do grêmio estudantil da escola em que estuda, também acredita que a participação política ultrapassa os partidos e o comparecimento às urnas. “A juventude é politizada, mas apartidária. Política não é só partido. Temos um sistema eleitoral que só dá espaço para quem entra com muito dinheiro. Não é doação, é financiamento [de campanha]”, critica. Para João Felipe, as manifestações de junho reuniram "pessoas defendendo ideais”. “É isso que está faltando, e também viver esses ideais no dia a dia”, defende.
A estudante Isabela Albuquerque, 16 anos, acredita que há um fosso entre as gerações atuais e os partidos políticos brasileiros, muitos dos quais perderam suas características originais. Entre elas, por exemplo, a polarização para esquerda ou direita do espectro político. “A gente não viu esses partidos nascerem e hoje são tantos que a gente tem dificuldade de saber de que lado eles estão. Muitos da nossa geração acreditam pouco justamente por causa disso, do número de partidos, das alianças feitas”, avalia.
Apesar do desencanto com a política institucional e de o voto ser facultativo para eles, Marina, João Felipe e Isabela não abrirão mão de participar dessas eleições. “Quero ter voz, me manifestar”, diz Marina, que é contra a obrigatoriedade do voto. “A pessoa é obrigada a votar sem estar preparada”, acredita. Segundo João Felipe, o título de eleitor foi seu presente de aniversário. “Sempre falei para minha mãe que queria. Falar contra o governo, se você não faz a diferença nas urnas, não faz sentido”, comenta. Isabela também fez questão de garantir o documento. “Sempre me interessei por política e vinha prestando atenção, pesquisando os políticos em quem poderia votar”, conta.
Na visão do cientista político Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília (UnB), a dinâmica do envolvimento de jovens como Marina, Isabela e João Felipe com as causas públicas é um fenômeno recente, que precisa ser acompanhado. "[Nos movimentos de junho] a maioria [dos manifestantes] era jovem, mas desvinculada de interesses partidários. O jovem [dos dias atuais] é muito crítico, mas não está se envolvendo partidariamente. [Esse movimento] Precisa ser mais bem analisado", avalia Testa.
Para ele, os jovens ainda precisam encontrar um foco. "[A atitude deles] não é propositiva, é só critica. Querem mudança, mas não sabem como buscar, pois não querem usar a estrutura partidária. Mas, a não ser que haja uma reforma estrutural no sistema político, não há outra forma [de implementar mudanças] a não ser estar vinculado aos partidos", pondera.
Segundo dados divulgados no fim de julho pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), 1,638 milhão de eleitores tem 16 e 17 anos, o equivalente a 23,8% da população nessa faixa etária. A proporção é a menor dos três últimos pleitos federais. Em 2002, esse percentual alcançava 28,7%. Nas eleições de 2006, foi 36,9%. No pleito de 2010, ficou em 34,8%.
Segundo o tribunal, a queda é parcialmente atribuída a uma mudança na metodologia de contagem. Em 2014, foi computada a idade que os jovens terão em outubro. Em anos anteriores, o número era consolidado levando-se em conta as informações até 30 de junho.
O TSE também associa a redução do eleitorado jovem à tendência de queda dessa faixa da população de maneira geral. Segundo cálculos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de jovens de 16 e 17 anos tem diminuído desde o pleito federal de 2002.
De acordo com Luciano Gonçalves, pesquisador do IBGE, o fenômeno tende a se aprofundar à medida que os nascidos depois dos anos 2000 atinjam idade para exercer o voto. “A taxa de fecundidade vem caindo no Brasil. Em 1990, era 3,1 filhos por mulher. Em 2000, era 2,39. Em 2010, chegou a 1,87, abaixo do índice de reposição da população, que é 2,1 filhos por mulher”, destaca.
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