As recomendações do Conselho Estadual de Segurança Pública (Conseg) não têm agradado os integrantes da Polícia Militar. Nem mesmo o comandante-geral da corporação, coronel Marcus Pinheiro, tem se mostrado satisfeito com a atuação do conselho. Nesta quinta-feira (31), ele reclamou de não ser ouvido a respeito das determinações.

“Nós precisamos do Conseg para apoiar. O nosso representante da Polícia Militar no conselho não é da corporação. Não foi escolhido pelo comandante-geral. Eu assumi em janeiro e não pude escolher o representante. Isso gera problemas porque, na hora em que se discute alguns assuntos, é preciso que algumas explicações sejam dadas rapidamente. O comandante-geral não é ouvido em nenhum momento pelo conselho de segurança”, ressaltou Marcus Pinheiro, em entrevista ao programa Ministério do Povo, da Rádio Gazeta.

Uma recomendação que tem deixado os militares insatisfeitos é a suspensão, pelo Conseg, das novas escalas de serviço que haviam sido implantadas pelo Comando-Geral da Polícia Militar.

No início de julho, os militares foram atendidos pela corporação, que implantou as escalas de 24 por 72 horas, e de 12 por 48 horas, em Maceió e nas cidades do interior. Com a suspensão determinada pelo Conselho de Segurança, eles voltaram ao que chamam de “escala escrava", ou seja, de 24 por 48 horas. A alegação, segundo o comandante-geral Marcus Pinheiro, é a de que, em algumas cidades do interior, os trabalhos são reduzidos.

A mudança na escala de serviço havia sido feita em cumprimento à sugestão do próprio Conseg, que recomendou que fosse colocada em prática uma 'escala digna', pois, o policial militar geralmente ultrapassa as horas de serviço no dia a dia e precisa ter tais horas de descanso. "Nós colocamos a nova escala em prática e, para nossa surpresa, houve a recomendação para que a portaria fosse revogada. A escala é de 24 por 72 horas na capital e no interior porque a polícia é uma só, e não podemos tratar os iguais com desigualdade", destacou o comandante-geral.

Ainda segundo ele, com a nova escala, a motivação da tropa aumentou na capital e no interior, assim como o número de apreensões e prisões. “O policial militar não pode se exceder no serviço por falta de efetivo", completou o representante da corporação. 


Vejam a nota que o Comandante Geral da Polícia Militar de Alagoas postou em sua rede social "facebook":

Boa noite a todos que leem esta página! Aos que vem acompanhando a nossa luta diária em favor da nossa tropa, com a única intenção de valorizá-los através do respeito, sobretudo ouvindo seus anseios e suas necessidades, mas hoje principalmente, em favor da sociedade alagoana, da qual fazemos parte e juramos servir e proteger, onde firmamos este compromisso há 182 anos, na condição de comandante-geral desta bicentenária instituição, patrimônio do povo alagoano, tomei a decisão de manter as escalas de serviço da forma como estavam na Portaria nº 036/2014 editada por este comando, ou seja, no interior 24h por 72h e na capital 12h por 48h. Agradeço a estima e apoio prestado pelas associações militares e também por nossos policiais militares, pois suas palavras de conforto nos dão força para seguir em frente e jamais esmorecer na difícil tarefa de decidir os rumos de uma instituição de quase 8000 homens e mulheres de fibra, corajosos, de muito caráter e de um esforço fora do comum. Assumimos um compromisso com o governo e estamos lutando para manter a segurança do povo alagoano, portanto a população não deve sofrer com mais uma operação padrão como aquela ocorrida em dezembro passado, baseado no que foi decidido em assembleia nesta tarde. O moral da tropa não pode ser abatido, até por que as pessoas de bem reconhecem o nosso valor e nos incentivam cada vez mais, prova disso são as constantes operações com prisões na capital, na zona da mata, no agreste e no sertão, inclusive em muitas delas nossos policiais são recebidos à bala, mas nunca se acovardam e respondem à altura. A sociedade pode ficar tranquila, pois nossos policiais militares continuam motivados, as escalas permanecerão conforme nosso senso de justiça e correição e vamos juntos dar a nossa contribuição para uma cultura de paz em nosso amado Estado de Alagoas!