Sociólogo investiga a busca dos homossexuais pela cidadania religiosa
No próximo mês de dezembro, o aluno do Programa de Pós-graduação em Sociologia, Carlos Lacerda, irá apresentar em forma de dissertação, os resultados de sua pesquisa intitulada “Homossexualidade e reconfiguração religiosa: as representações sociais em torno da sacralização da homossexualidade em uma igreja inclusiva”, sob a orientação da professora Ruth Vasconcelos.
Apesar de ainda estar com o trabalho em andamento, o tema apresenta contribuições interessantes para o atual momento, em que o principal representante da igreja católica, Papa Francisco, declarou que os homossexuais não poderiam ser marginalizados.
Conforme Lacerda, a não aceitação da homossexualidade de seus membros pelas igreja Católica e outras denominações evangélicas convencionais são a principal razão para a formação das igrejas inclusivas, predominantemente destinadas ao público LGBT, como são denominados as Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros e simpatizantes.
Foi desta experiência de rejeição, vivenciada pelo reverendo americano Troy Parry, em sua comunidade cristã de origem, a Igreja Batista, que ele resolveu fundar a Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), em 1968. A época, marcada pelas lutas feministas e o liberalismo sexual serviram como propulsor para o nascimento de outras instituições homogêneas em todo o mundo ocidental.
No Brasil, as igrejas inclusivas ganharam maior expressão na primeira década do século XXI, e conforme matéria da BBC, publicada no dia 27 de abril de 2012, há pelo menos 40 denominações religiosas inclusivas no Brasil, situadas principalmente no eixo Rio de Janeiro - São Paulo. “Todavia, este número tem sido rebatido por denominações protestantes convencionais, alegando que a BBC Brasil não faz referência a nenhuma pesquisa científica em torno dos dados apresentados”, enfatiza o mestrando.
Primeira igreja inclusiva de Maceió
A Igreja Missionária Inclusiva (IMI) é a primeira igreja do gênero do Estado de Alagoas. Ela foi fundada em 2011, no bairro do Jacintinho, com os preceitos da Metropolitan Community Church, e hoje se encontra no Poço. Seu público é composto por 20 membros fixos, em sua maioria jovens do sexo masculino, entre 15 e 33 anos. Segundo o pastor líder, existem apenas duas fieis lésbicas.
Lacerda relata que todos são gays, inclusive o pastor, mas independente disso, defendem valores cristãos, presentes na Bíblia, como o matrimônio monogâmico e a virgindade antes do casamento. “Todavia, se um membro já chegou à igreja se relacionando com alguém de maneira estável, tendo relações sexuais, não caberá ao corpo eclesiástico reprimir tais condutas, uma vez que tais práticas já existiam antes mesmo da 'conversão' a esta denominação. Caberá aos líderes orientarem com amor. Através do amor tudo pode ser mudado e reconciliado. Esta é a concepção da IMI”, ressalta o pesquisador.
Após as primeiras visitas à igreja e formulação de questionários com os seus membros, Lacerda constatou que os membros vieram de igrejas como Assembleia de Deus, Batista e Adventista do Sétimo Dia, entre outras denominações. Muitos entraram na IMI de uma forma conturbada e com uma confusão de ideias e sentimentos, com relação à santificação da homossexualidade.
“Por isso a igreja também faz um trabalho quase que terapêutico no sentido de trabalhar a aceitação de seus membros com relação à sexualidade. O discurso da IMI ressalta valores da igreja cristã primitiva, no sentido do acolhimento, do amor, aglutinando à questão da orientação sexual. O próprio lema da igreja diz muito a este respeito: incluindo e reconciliando vidas através do amor”, observa o sociólogo.
Apesar da predominância gay nestes locais, Lacerda relata que as igrejas inclusivas não aceitam apenas pessoas com essa orientação sexual, inclusive querem evitar o termo “Igreja gay”, “que foi dado pela grande mídia, por segmentos conservadores do mundo cristão. Segundo o pastor líder, é de desejo da igreja trazer outros segmentos discriminados por parte da sociedade, ou que tenham pouca visibilidade, como deficientes físicos e idosos”.
Bandeiras levantadas
Com cunho cristão, as igrejas têm uma longa tradição na luta pelos direitos dos homossexuais, desconstruindo categorias tidas como homofóbicas, mas mantendo um culto central a Jesus Cristo. O entendimento teológico diferenciado em relação a Bíblia serve de embasamento para o discurso de busca por uma cidadania religiosa para os seus membros.
As igrejas inclusivas mantêm crenças em instituições como a família, o casamento, a própria religião, como esfera legítima de socialização. “As lutas em torno da legalização do casamento gay, da criminalização da homofobia, apontam para uma necessidade de reconhecimento social. No tocante ao cristianismo, esse movimento inclusivo, como bem expressa o teólogo André Musskopf, visa buscar a construção de uma cidadania religiosa”, diz Lacerda.
Os religiosos acreditam que por meio do reconhecimento de sua cidadania e do pluralismo será possível combater a intolerância dos discursos religiosos, traduzidos em agressões de âmbito simbólico e físico aos homossexuais.
Apesar de ainda estar com o trabalho em andamento, o tema apresenta contribuições interessantes para o atual momento, em que o principal representante da igreja católica, Papa Francisco, declarou que os homossexuais não poderiam ser marginalizados.
Conforme Lacerda, a não aceitação da homossexualidade de seus membros pelas igreja Católica e outras denominações evangélicas convencionais são a principal razão para a formação das igrejas inclusivas, predominantemente destinadas ao público LGBT, como são denominados as Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros e simpatizantes.
Foi desta experiência de rejeição, vivenciada pelo reverendo americano Troy Parry, em sua comunidade cristã de origem, a Igreja Batista, que ele resolveu fundar a Igreja da Comunidade Metropolitana (ICM), em 1968. A época, marcada pelas lutas feministas e o liberalismo sexual serviram como propulsor para o nascimento de outras instituições homogêneas em todo o mundo ocidental.
No Brasil, as igrejas inclusivas ganharam maior expressão na primeira década do século XXI, e conforme matéria da BBC, publicada no dia 27 de abril de 2012, há pelo menos 40 denominações religiosas inclusivas no Brasil, situadas principalmente no eixo Rio de Janeiro - São Paulo. “Todavia, este número tem sido rebatido por denominações protestantes convencionais, alegando que a BBC Brasil não faz referência a nenhuma pesquisa científica em torno dos dados apresentados”, enfatiza o mestrando.
Primeira igreja inclusiva de Maceió
A Igreja Missionária Inclusiva (IMI) é a primeira igreja do gênero do Estado de Alagoas. Ela foi fundada em 2011, no bairro do Jacintinho, com os preceitos da Metropolitan Community Church, e hoje se encontra no Poço. Seu público é composto por 20 membros fixos, em sua maioria jovens do sexo masculino, entre 15 e 33 anos. Segundo o pastor líder, existem apenas duas fieis lésbicas.
Lacerda relata que todos são gays, inclusive o pastor, mas independente disso, defendem valores cristãos, presentes na Bíblia, como o matrimônio monogâmico e a virgindade antes do casamento. “Todavia, se um membro já chegou à igreja se relacionando com alguém de maneira estável, tendo relações sexuais, não caberá ao corpo eclesiástico reprimir tais condutas, uma vez que tais práticas já existiam antes mesmo da 'conversão' a esta denominação. Caberá aos líderes orientarem com amor. Através do amor tudo pode ser mudado e reconciliado. Esta é a concepção da IMI”, ressalta o pesquisador.
Após as primeiras visitas à igreja e formulação de questionários com os seus membros, Lacerda constatou que os membros vieram de igrejas como Assembleia de Deus, Batista e Adventista do Sétimo Dia, entre outras denominações. Muitos entraram na IMI de uma forma conturbada e com uma confusão de ideias e sentimentos, com relação à santificação da homossexualidade.
“Por isso a igreja também faz um trabalho quase que terapêutico no sentido de trabalhar a aceitação de seus membros com relação à sexualidade. O discurso da IMI ressalta valores da igreja cristã primitiva, no sentido do acolhimento, do amor, aglutinando à questão da orientação sexual. O próprio lema da igreja diz muito a este respeito: incluindo e reconciliando vidas através do amor”, observa o sociólogo.
Apesar da predominância gay nestes locais, Lacerda relata que as igrejas inclusivas não aceitam apenas pessoas com essa orientação sexual, inclusive querem evitar o termo “Igreja gay”, “que foi dado pela grande mídia, por segmentos conservadores do mundo cristão. Segundo o pastor líder, é de desejo da igreja trazer outros segmentos discriminados por parte da sociedade, ou que tenham pouca visibilidade, como deficientes físicos e idosos”.
Bandeiras levantadas
Com cunho cristão, as igrejas têm uma longa tradição na luta pelos direitos dos homossexuais, desconstruindo categorias tidas como homofóbicas, mas mantendo um culto central a Jesus Cristo. O entendimento teológico diferenciado em relação a Bíblia serve de embasamento para o discurso de busca por uma cidadania religiosa para os seus membros.
As igrejas inclusivas mantêm crenças em instituições como a família, o casamento, a própria religião, como esfera legítima de socialização. “As lutas em torno da legalização do casamento gay, da criminalização da homofobia, apontam para uma necessidade de reconhecimento social. No tocante ao cristianismo, esse movimento inclusivo, como bem expressa o teólogo André Musskopf, visa buscar a construção de uma cidadania religiosa”, diz Lacerda.
Os religiosos acreditam que por meio do reconhecimento de sua cidadania e do pluralismo será possível combater a intolerância dos discursos religiosos, traduzidos em agressões de âmbito simbólico e físico aos homossexuais.
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