Doença crônica é responsável por 72% das mortes no País

Por Assessoria 30/07/2013 19h07
Por Assessoria 30/07/2013 19h07
Doença crônica é responsável por 72% das mortes no País
Foto: Assessoria
Pressão arterial, tabagismo, glicemia, inatividade física, sobrepeso e obesidade são os principais fatores de risco que levam à mortalidade. Segundo Alberto Barceló, representante da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), no Brasil, a doença crônica é responsável por 72% das mortes, e a doença cardiovascular e o câncer são as principais causas de morte em todos os países das Américas.

Temas como esse e outros assuntos sobre os cuidados crônicos estão sendo abordados em Maceió, no Curso de Manejo em Condições Crônicas, que prossegue até sexta-feira (2), no Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) e reúne coordenadores da Atenção Primária e Vigilância em Saúde de todos os estados.

Nas discussões acerca do fortalecimento das redes de atenção à saúde, o especialista da Opas alertou que Atenção Primária tem atuado separadamente da Atenção Secundária. De acordo com Barceló, isso ocasiona a ausência de uma ficha de acompanhamento, o que desalinha o sistema e ocasiona uma alocação ineficiente de serviços.

“É necessário, portanto, reprojetar esse sistema. Recomendamos que os profissionais executem o modelo de atenção às doenças crônicas de forma integral, assegurando o enfoque centrado no paciente, a partir de políticas multissetoriais que apoiem os cuidados crônicos e o sistema de informação clínico, introduzindo assim o apoio sistemático ao automanejo do paciente”, esclareceu.

Alberto Barcelós abordou ainda que é preciso reorientar a atenção para um enfoque preventivo e populacional, mudando as estruturas do sistema de saúde para melhorar o manejo das condições crônicas. Isso porque o que acontece usualmente é paciente aparecer, receber tratamento, depois de receber alta e logo desaparecer.

“Os modelos de cuidados crônicos resultam numa interação produtiva entre equipe de saúde e paciente. A integração deve ter a atenção centrada no paciente, pois uma informação clara ajuda a tomar decisões corretas. Assim, mais doentes crônicos serão diagnosticados, e vão procurar os centros de saúde, alcançar a meta de tratamento e buscar a prevenção”, explicou.

Redução do risco – A população de países de baixa renda e dois terços das pessoas com mais de 60 anos estão entre o público alvo crescente das condições crônicas. Por outro lado, segundo Patrícia Chueri, do Departamento de Articulação e Redes de Atenção à Saúde do MS, é possível identificar uma redução no número de doenças crônicas em relação à diminuição do número de fumantes.

“O tabagismo é fator de risco para todas as doenças crônicas e não só para as cardiovasculares. A redução dessas doenças crônicas se justifica também pela expansão da Atenção Primária, que proporciona um melhor acesso e a qualidade do cuidado”, disse Chueri.

Segundo a representante do MS, muitos são os desafios. “É preciso melhorar e qualificar a prática clínica, ampliar o acesso à medicação, legitimar a Atenção Primária como responsável pelo cuidado e ordenadora da rede, integrar e compartilhar o cuidado, promover o autocuidado, além do papel do Estado em apoiar a regionalização e o diagnóstico”, listou.

Algumas ações importantes na Atenção Primária já vêm sendo realizadas para reverter esses dados, como a iniciativa do Programa Academia da Saúde, o prontuário eletrônico do cidadão, a Farmácia Popular do Brasil, o site de apoio ao autocuidado (http://dab.saude.gov.br/portaldab/autocuidado.php e o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (Pmaq/AB).

É ainda meta do MS, reduzir a taxa de mortalidade prematura em menores de 70 anos, reduzir a obesidade em crianças e adolescentes, deter o crescimento da obesidade em adultos, reduzir o consumo de álcool, dentre outras iniciativas.

Serviço – O fator fundamental na clínica das condições crônicas é a estabilização. Segundo Eugênio Vilaça, consultor do Conass, apenas consulta médica não estabiliza. De acordo com ele, 70% dos casos que chegam às urgências são condições crônicas que tornaram agudas, o que é uma falha do sistema de saúde.

“Estabilizar é controlar a glicemia do diabético, a pressão do hipertenso. Ao não se estabilizar o diabetes, por exemplo, o paciente pode ter amputadas as extremidades e vir a ficar cego. O problema do sistema de saúde é que os pacientes procuram o especialista, que não tem agenda, quando devem buscar a Atenção Primária”, esclareceu.

Ainda segundo Vilaça, 70% a 80% dos portadores de condições crônicas simples, como hipertensos de baixo risco, devem ser atendidos pela Atenção Primária, por uma equipe de autocuidado. E apenas 1% a 15%, uma pequena parte com condições crônicas mais complexas, devem procurar o especialista.

Condições crônicas – A condição crônica vai além de doença crônica, ela é uma condição de saúde, que pode ser aguda ou crônica. Já as condições de saúde são circunstâncias que se apresentam de forma persistente e exigem respostas sociais reativas ou proativas, eventuais ou contínuas e fragmentadas ou integradas. Quando crônicas, essas respostas são proativas, contínuas e integradas.