Comitê minimiza riscos de lama de barragem rompida em Minas chegar a Alagoas
Enquanto bombeiros e voluntários continuam o resgate das vítimas no município de Brumadinho, em Minas Gerais, órgãos competentes discutem as consequências do rompimento da barragem da Vale para o Velho Chico - já que o Paraopeba é um de seus afluentes. A situação não deve, porém, impactar o São Francisco e dificilmente a lama chegará até Alagoas e ao oceano.
Quem explica é o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, acrescentando que, devido à velocidade com que os rejeitos se movem, de cerca de 1km por hora, eles devem ser diluídos até a Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, entre os municípios de Curvelo e Pompéu, impedindo que continuem no curso do rio Paraopeba e cheguem à Usina de Três Marias.
O local é o primeiro embarramento do Velho Chico. "Retiro Baixo tem um porte razoável e estão sendo tomadas medidas para receber com folga o volume desse rejeito. Se esperava que ele chegasse lá entre 2 e 7 de fevereiro, mas isso só vai acontecer entre 15 e 20, então esperamos que chegue bastante diluído e que quando houver a passagem dessa água para a Três Marias ele esteja mais diluído ainda".
Por isso mesmo, segundo o presidente do comitê, não deve haver impacto no Médio e no Alto São Francisco, onde está localizada Alagoas. "De alguma maneira essas águas do Paraopeba vão descer para o oceano, mas durante percurso de mais de 2 mil km a capacidade de diluição dos reservatórios e do próprio leito do rio vai se encarregar de evitar qualquer impacto significativo", diz.
Ele acrescenta que não há cenário de "ameaça real". "As pessoas podem ficar tranquilas porque seguramente isso não terá impacto nas demais regiões do São Francisco. Água para irrigação, aquicultura, nada disso será afetado. Como Três Marias tem uma grande capacidade, a expectativa é que essa lama não cause um impacto drástico a não ser no Paraopeba, que já está sofrendo com a tragédia".
Preocupação com Três Marias
De acordo com o presidente do CBHSF, o principal ponto de preocupação com relação ao Velho Chico é justamente na Usina de Três Marias, já que ainda não é possível afirmar com garantia que a onda de rejeitos de minério de ferro vinda da barragem da Vale não cause impacto no local. O assunto será discutido com prefeitos da região.
"Ao que se imagina, mesmo em Três Marias essa pluma de rejeitos [mistura dos rejeitos com água] já chegará bastante diluída. Mesmo assim, o comitê vai realizar uma reunião, no dia 1º de fevereiro, com gestores de municípios no entorno do Lago das Três Marias para avaliar a situação", aponta Anivaldo, acrescentando que populações ribeirnhas da região também estão sendo atendidas.
Moradores do entorno estão sendo mobilizados para a adoção de medidas que minimizem o impacto humano do crime cometido pela mineradora - já que na parte ambiental não há tanto o que fazer. "Pode ser que ao chegar lá a lama não cause grandes transtornos no abastecimento humano, mas seguramente há certos impactos menos perceptíveis, como aquele para a vida aquática".
São os fatores que não podem ser controlados, como as chuvas, que mais preocupam as autoridades, já que um grande volume delas pode mudar as características e velocidade da evolução da pluma. Por isso, a questão vem sendo acompanhada diariamente e um encontro do comitê com o secretário de Meio Ambiente de Minas e a presente do Instituto Mineiro de Águas já está marcado.
Desastre - e crime - ambiental
Mesmo com menores consequências para o Rio São Francisco, o presidente do comitê classifica o ocorrido com o Paraopeba como um grande desastre ambiental. Segundo ele, as perdas são grandes e não se resumem à quantidade de vidas perdidas ou à destruição ambiental causada no entorno da barragem rompida. Elas passam ainda pela questão econômica.
"Isso já é um desastre de grandes proporções. Tanto ambiental quanto economicamente, é um desastre em curso, com mortandade de peixes, interrupção de água para abastecimento humano e consequências econômicas, por exemplo, no cinturão de hortaliças que existia no entorno de Brumadinho. Fora a parte atingida pela lama, outras também estão comprometidas de diversas formas", afirma Anivaldo Miranda.
A perda da biodiversidade na região afetada pelo material vazado da mineradora é um dos principais pontos levantados. "Essa biodiversidade perdida não pode, em boa parte, ser resgatada, como algumas espécies de plantas aquáticas, peixes, insetos. É algo que será avaliado pelos biólogos. O preço que se paga por um acidente desse, além da tragédia humana, é enorme".
O Paraopeba tem uma área total de cerca de 12 mil km² e percorre aproximadamente 540 km, afetando 48 municípios, sendo 35 deles com sede na bacia. De acordo com o presidente, com o tempo a tendência é que os rejeitos possam se assentar ao longo do leito do rio. "Isso está sujeito a observações, mas hoje o que se pode dizer é que o Rio Paraopeba está salvando o São Francisco".
Quem explica é o presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Anivaldo Miranda, acrescentando que, devido à velocidade com que os rejeitos se movem, de cerca de 1km por hora, eles devem ser diluídos até a Usina Hidrelétrica de Retiro Baixo, entre os municípios de Curvelo e Pompéu, impedindo que continuem no curso do rio Paraopeba e cheguem à Usina de Três Marias.
O local é o primeiro embarramento do Velho Chico. "Retiro Baixo tem um porte razoável e estão sendo tomadas medidas para receber com folga o volume desse rejeito. Se esperava que ele chegasse lá entre 2 e 7 de fevereiro, mas isso só vai acontecer entre 15 e 20, então esperamos que chegue bastante diluído e que quando houver a passagem dessa água para a Três Marias ele esteja mais diluído ainda".
Por isso mesmo, segundo o presidente do comitê, não deve haver impacto no Médio e no Alto São Francisco, onde está localizada Alagoas. "De alguma maneira essas águas do Paraopeba vão descer para o oceano, mas durante percurso de mais de 2 mil km a capacidade de diluição dos reservatórios e do próprio leito do rio vai se encarregar de evitar qualquer impacto significativo", diz.
Ele acrescenta que não há cenário de "ameaça real". "As pessoas podem ficar tranquilas porque seguramente isso não terá impacto nas demais regiões do São Francisco. Água para irrigação, aquicultura, nada disso será afetado. Como Três Marias tem uma grande capacidade, a expectativa é que essa lama não cause um impacto drástico a não ser no Paraopeba, que já está sofrendo com a tragédia".
Preocupação com Três Marias
De acordo com o presidente do CBHSF, o principal ponto de preocupação com relação ao Velho Chico é justamente na Usina de Três Marias, já que ainda não é possível afirmar com garantia que a onda de rejeitos de minério de ferro vinda da barragem da Vale não cause impacto no local. O assunto será discutido com prefeitos da região.
"Ao que se imagina, mesmo em Três Marias essa pluma de rejeitos [mistura dos rejeitos com água] já chegará bastante diluída. Mesmo assim, o comitê vai realizar uma reunião, no dia 1º de fevereiro, com gestores de municípios no entorno do Lago das Três Marias para avaliar a situação", aponta Anivaldo, acrescentando que populações ribeirnhas da região também estão sendo atendidas.
Moradores do entorno estão sendo mobilizados para a adoção de medidas que minimizem o impacto humano do crime cometido pela mineradora - já que na parte ambiental não há tanto o que fazer. "Pode ser que ao chegar lá a lama não cause grandes transtornos no abastecimento humano, mas seguramente há certos impactos menos perceptíveis, como aquele para a vida aquática".
São os fatores que não podem ser controlados, como as chuvas, que mais preocupam as autoridades, já que um grande volume delas pode mudar as características e velocidade da evolução da pluma. Por isso, a questão vem sendo acompanhada diariamente e um encontro do comitê com o secretário de Meio Ambiente de Minas e a presente do Instituto Mineiro de Águas já está marcado.
Desastre - e crime - ambiental
Mesmo com menores consequências para o Rio São Francisco, o presidente do comitê classifica o ocorrido com o Paraopeba como um grande desastre ambiental. Segundo ele, as perdas são grandes e não se resumem à quantidade de vidas perdidas ou à destruição ambiental causada no entorno da barragem rompida. Elas passam ainda pela questão econômica.
"Isso já é um desastre de grandes proporções. Tanto ambiental quanto economicamente, é um desastre em curso, com mortandade de peixes, interrupção de água para abastecimento humano e consequências econômicas, por exemplo, no cinturão de hortaliças que existia no entorno de Brumadinho. Fora a parte atingida pela lama, outras também estão comprometidas de diversas formas", afirma Anivaldo Miranda.
A perda da biodiversidade na região afetada pelo material vazado da mineradora é um dos principais pontos levantados. "Essa biodiversidade perdida não pode, em boa parte, ser resgatada, como algumas espécies de plantas aquáticas, peixes, insetos. É algo que será avaliado pelos biólogos. O preço que se paga por um acidente desse, além da tragédia humana, é enorme".
O Paraopeba tem uma área total de cerca de 12 mil km² e percorre aproximadamente 540 km, afetando 48 municípios, sendo 35 deles com sede na bacia. De acordo com o presidente, com o tempo a tendência é que os rejeitos possam se assentar ao longo do leito do rio. "Isso está sujeito a observações, mas hoje o que se pode dizer é que o Rio Paraopeba está salvando o São Francisco".
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