A renovação da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE) nas eleições de 2026 tende a ser uma das menores da história recente. Essa é a avaliação predominante entre deputados da base governista e da oposição que já se articulam para disputar a reeleição no próximo ano. A informação foi revelada pelo jornalista Edivaldo Júnior.

Nos bastidores do parlamento, a expectativa é de que apenas três ou quatro cadeiras mudem de mãos, em um cenário marcado pela força dos atuais mandatos e pelo impacto das novas regras eleitorais.

O diagnóstico é praticamente unânime entre os parlamentares. Quem já ocupa um mandato larga com ampla vantagem na disputa eleitoral, impulsionado pelo acesso a emendas parlamentares, pela estrutura de gabinete, pela presença constante nas bases eleitorais e por maior visibilidade política. “Hoje, quem disputa a eleição com mandato tem chance muito maior de vencer”, resume um influente interlocutor da Assembleia ouvido pelo blog.

Outro fator determinante para a baixa renovação é a redução no número de chapas proporcionais. Com a consolidação das federações partidárias e estratégias mais concentradas, o cenário mais provável aponta para apenas três ou quatro chapas realmente competitivas: o tradicional chapão do MDB, uma grande chapa da oposição e a chapa da Federação Brasil, formada por PT, PCdoB e PV. Nesse contexto, deputados avaliam que a renovação “real” pode ficar limitada a duas ou três vagas.

Alguns nomes já aparecem como praticamente certos para ocupar cadeiras a partir de 2027, embora nem todos representem, de fato, uma mudança no perfil do parlamento. É o caso de Hugo Wanderley Filho, ex-prefeito de Cacimbinhas e ex-presidente da AMA, que deve substituir o pai, o deputado Dr. Wanderley. Movimento semelhante ocorre com a deputada estadual Flávia Cavalcante, que não deve disputar a reeleição e abrirá espaço para o pai, o ex-prefeito Cícero Cavalcante, considerado favorito.

A lógica se repete na base do governo estadual. A deputada Carla Dantas não deve tentar um novo mandato, abrindo caminho para Paulinho Mendonça, nome ligado politicamente ao governador Paulo Dantas. Essas trocas internas, no entanto, não são vistas pelos deputados como renovação efetiva da Assembleia, já que mantêm as mesmas bases de apoio e grupos políticos.

Mudança considerada “pra valer” é aquela que traz novos parlamentares e novos grupos para dentro da ALE. Entre os nomes apontados como estreantes com chances reais está Marcos Beltrão, irmão do prefeito de Coruripe, Marcelo Beltrão. Ele surge como favorito, respaldado pela força política do Litoral Sul, região que por décadas teve representação com Yvan Beltrão e João Beltrão, mas que ficou fora da atual legislatura.

A concentração de candidaturas também pode favorecer outros nomes. Na eleição passada, o excesso de concorrentes disputando o mesmo eleitorado prejudicou alguns projetos. Agora, com menos candidaturas, Henrique Chicão, que obteve mais de 29 mil votos em 2022, aparece fortalecido, especialmente no Sul do estado, e é citado como competitivo.

Outro nome lembrado é Tenorinho Malta, prefeito de Inhapi e irmão do ex-presidente da Assembleia, César Malta. Ele é visto como herdeiro de um capital político ainda relevante no Sertão. Já Guilherme Lopes, filho do prefeito de Penedo, Ronaldo Lopes, também permanece no jogo. Com mais de 24 mil votos na última eleição e base consolidada no Baixo São Francisco, ele figura entre os que podem disputar uma das poucas vagas que devem ser renovadas.

Além desses, ex-deputados como Léo Loureiro, Davi Maia e Tarcísio Freire tentam se recolocar no cenário político estadual. Também aparecem duas jovens lideranças femininas: a vereadora por Maceió, Teca Nelma, e a prefeita de Atalaia, Ceci Hermann. No caso delas, a avaliação interna é de que o desempenho dependerá menos de estruturas tradicionais e mais da capacidade de mobilização, comunicação e conquista do chamado voto de opinião.