Os bastidores da política alagoana ganharam novos contornos com a aproximação entre a família Caldas e o clã Calheiros, em articulação que teria contado com aval do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros nomes de peso em Brasília. O prefeito de Maceió, João Henrique Caldas (PL), o JHC, e seu pai, João Caldas, articularam discretamente o pacto que resultou na indicação da procuradora Marluce Caldas, tia do prefeito, ao Superior Tribunal de Justiça (STJ). O movimento, porém, deixou de fora o deputado federal Arthur Lira (PP), até então principal aliado do prefeito.

Segundo informações de bastidores, Lira foi o último a ser informado sobre o acordo. Quando recebeu a notícia, a costura já estava selada, sem margem para interferência. A articulação envolveu diretamente Lula, a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente do PSB, João Campos, o ministro dos Transportes, Renan Filho (MDB), e o senador Renan Calheiros (MDB), consolidando uma aliança improvável até pouco tempo atrás.

A imagem de João Caldas sentado ao lado de Renan Calheiros durante a sabatina de Marluce no Senado foi interpretada como um gesto público de consolidação do pacto. Renan, inclusive, fez questão de elogiar o prefeito de Maceió, chamando-o de uma das “mais gratas revelações da política nacional”, em um discurso que soou como aceno de trégua e cooperação.

O acordo político vai além da nomeação da procuradora ao STJ. Nos bastidores, a negociação incluiu a permanência de JHC na Prefeitura de Maceió até o fim do mandato, descartando, pelo menos por enquanto, uma candidatura ao governo de Alagoas ou ao Senado em 2026. Esse gesto abre espaço para o retorno de Renan Filho à disputa pelo governo estadual, enquanto Renan Calheiros ganha fôlego para buscar a reeleição no Senado.

A exclusão de Arthur Lira das negociações expõe uma fissura na aliança que vinha sendo construída em Alagoas desde 2020. O deputado do PP contava com JHC em sua chapa para o Senado, o que daria peso eleitoral ao projeto nacional de Lira. Sem o prefeito de Maceió, Lira terá de medir forças diretamente com os Calheiros e Paulo Dantas, em um cenário cada vez mais incerto.

Embora aliados de JHC em Maceió neguem publicamente a existência do pacto, a movimentação em Brasília e os sinais públicos indicam que o prefeito escolheu priorizar sua permanência na capital e o fortalecimento do grupo familiar, mesmo que isso implique desgastar a relação com Lira.

Nos próximos meses, a principal incógnita será se JHC manterá silêncio estratégico ou assumirá de vez a nova aliança com os Calheiros, redesenhando o tabuleiro político de Alagoas para 2026.