A crise na educação de Maceió provocou uma mudança significativa no primeiro escalão da gestão do prefeito JHC (PL). Foi publicada na edição extraordinária do Diário Oficial, nesta segunda-feira, 02, a exoneração de Victor Soares Braga do cargo de secretário municipal de Educação. Para o seu lugar, foi nomeado Luiz Rogério Neves Lima, que já havia ocupado o posto anteriormente.

A troca confirma o desgaste político acumulado nos últimos meses e sinaliza, segundo bastidores da política alagoana, o afastamento definitivo do grupo político dos Pereira — liderado por Fernando e Jó — da Prefeitura.

Victor Braga, filho do juiz Braga Netto, foi alçado ao comando da Semed pela articulação de Jó Pereira, ex-deputada estadual e ex-secretária da pasta. Durante sua gestão, ele enfrentou uma série de crises que abalaram a confiança pública e geraram duras críticas, inclusive de vereadores da base governista. A permanência de Victor Braga vinha sendo sustentada por interesses políticos e pela influência da família Pereira, mas já vinha se tornando insustentável.

Entre os episódios mais emblemáticos de sua passagem pela secretaria está o colapso do transporte escolar. Desde fevereiro, milhares de estudantes ficaram sem ônibus para frequentar as aulas devido ao encerramento do contrato com a empresa prestadora do serviço. A falta de solução imediata agravou a pressão sobre a gestão.

Mais recentemente, a greve dos professores da rede municipal escancarou ainda mais os problemas da pasta. A paralisação mantém mais de 50 mil crianças e adolescentes fora das salas de aula. 

Além disso, Maceió amarga duas quedas consecutivas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), afastando-se das metas mínimas de qualidade e ficando entre as capitais com pior desempenho educacional do país. A exclusão da cidade do maior programa federal de construção de creches da história também evidencia a falta de articulação da gestão com o governo federal — um fator preocupante para as pretensões eleitorais de JHC em 2026.

A troca de comando na Semed, portanto, não é apenas administrativa. Representa uma ruptura política e um reconhecimento tácito de que a pasta estava sendo mal conduzida. A nomeação de Luiz Rogério Lima pode ser interpretada como uma tentativa de retomada de controle em meio a uma das maiores crises enfrentadas pela administração municipal. Resta saber se a mudança será suficiente para reverter os prejuízos à educação e recuperar a confiança da população.

Além disso, a crise educacional, agora intensificada pela saída de Victor Braga, será um dos maiores desafios de JHC — especialmente se o prefeito mantiver o projeto de disputar o Governo de Alagoas em 2026.