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Ministério Público identifica graves problemas de acesso à saúde, educação e infraestrutura em Quilombo de Santana do Mundaú

Por Política em Pauta com Ascom MPF/AL 04/04/2025 14h02
Por Política em Pauta com Ascom MPF/AL 04/04/2025 14h02
Ministério Público identifica graves problemas de acesso à saúde, educação e infraestrutura em Quilombo de Santana do Mundaú
Quilombo Filús, em Santana do Mundaú - Foto: Ascom MPF/AL

O Ministério Público Federal (MPF) realizou uma visita à comunidade quilombola Filús, localizada na Serra dos Cachorros, no município de Santana do Mundaú, Alagoas. A ação foi coordenada pelo procurador da República Eliabe Soares e teve como objetivo ouvir os moradores, identificar as principais carências da região e buscar caminhos para implementar políticas públicas efetivas.

Isolado geograficamente, o Quilombo Filús abriga cerca de 50 famílias e é marcado por uma característica única: o alto índice de albinismo entre seus moradores. A comunidade preserva com orgulho sua cultura e tradições, mas convive com uma série de dificuldades de acesso a direitos básicos, como educação, saúde, água potável, transporte e saneamento.

A Escola Municipal Ulisses Souza de Mendonça, única da comunidade, atende apenas alunos do 1º ao 5º ano, em duas salas multisseriadas e sem oferta de fardamento escolar. São 27 crianças frequentando o ensino básico em condições limitadas. Os estudantes mais velhos precisam se deslocar para outras localidades — o que depende de transporte escolar irregular e de uma estrada em péssimas condições.

O posto de saúde local só funciona a cada 15 dias, sempre às terças-feiras. Fora desse período, os moradores ficam sem assistência, e casos de emergência exigem o acionamento da prefeitura para transporte à cidade, em qualquer horário.

A situação é ainda mais crítica devido ao número elevado de pessoas com albinismo na comunidade, o que exige acompanhamento médico regular, especialmente para prevenir doenças de pele e problemas de visão. A distribuição de protetor solar é feita pela prefeitura, mas de forma limitada, o que aumenta os riscos à saúde da população.

A escassez de água é uma das maiores preocupações da comunidade. Um poço perfurado por uma ONG ainda não funciona por falta de bomba, e o único abastecimento disponível vem de uma cacimba com bomba, que libera água apenas em dias alternados.

Segundo a Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh), Filús está entre as prioridades para a instalação de um novo poço e chafariz, dentro do procedimento que acompanha políticas públicas para comunidades quilombolas, como a de Pixaim, em Piaçabuçu.

A comunidade utilizava, no passado, uma estrada que cruzava uma propriedade privada vizinha. Após conflitos sobre a passagem, a prefeitura criou uma nova via, mais longa e vulnerável às chuvas. O antigo caminho, tomado pelo mato, ainda é a rota mais viável e precisa de reformas urgentes.

A principal fonte de sustento das famílias é a agricultura de subsistência, com cultivo de banana, abacate e laranja, além da criação de porcos e carneiros. Uma vez por semana, os moradores comercializam a produção, mas a falta de infraestrutura adequada para transporte e armazenamento limita a geração de renda.

Outro problema crescente é o acúmulo de lixo na comunidade. A ausência de coleta regular e de ações de limpeza urbana tem gerado preocupação entre os moradores, que esperam da prefeitura uma solução definitiva para a questão ambiental.

Política em Pauta

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