Em um movimento calculado, o governador de Alagoas, Paulo Dantas, surpreendeu ao antecipar uma decisão incomum no cenário político brasileiro: vai concluir seu mandato até o final, sem disputar novos cargos em 2026.

Com esta posição, Dantas busca consolidar sua base e maximizar o apoio para o grupo que lidera, criando uma armadilha estratégica para a oposição e fortalecendo o projeto que o MDB pretende consolidar no estado. Esse compromisso, segundo especialistas, configura uma manobra política bem estruturada que desafia diretamente o plano de oposição liderado por figuras como Arthur Lira e o prefeito de Maceió, JHC.

A base governista está definida. O ministro Renan Filho e o senador Renan Calheiros são as apostas para manter o grupo no governo e na representatividade do Senado. A decisão de Dantas traz uma confiança renovada no poder do grupo que tem, hoje, a base política mais ampla do estado: são mais de 80 prefeitos, 700 vereadores, 14 deputados estaduais, quatro deputados federais e dois senadores.

A estratégia atual do governo é fortalecer essa base, direcionando os esforços para a eleição do sucessor no governo e para a reeleição de Renan Calheiros ao Senado. Com duas vagas ao Senado disponíveis, o grupo pode ainda indicar um nome adicional, deixando aberta a possibilidade de uma aliança com Arthur Lira, caso se torne necessário, para um equilíbrio pragmático.

Já em Maceió, o prefeito JHC mantém o suspense sobre sua eventual renúncia, embora o cenário deva se clarificar até abril de 2026. A pressão para que ele dispute o governo é alta, especialmente vindo de Arthur Lira, que deseja vê-lo como oposição competitiva ao grupo de Dantas. No entanto, JHC pondera sobre os riscos de abandonar a Prefeitura para um confronto com o governo, onde as chances de vitória são desafiadoras. A aposta é que, caso decida sair, JHC prefira a vaga do Senado, onde a disputa seria mais favorável para ele.

Se JHC optar por permanecer na Prefeitura, o foco deve se voltar para manter sua influência parlamentar. Isso inclui o apoio à reeleição de sua mãe, Eudócia Caldas, ao Senado e a tentativa de eleger sua esposa, Marina, como deputada federal. Essa tática garante à sua base um espaço importante sem que ele mesmo entre em disputas desgastantes.

Anunciando que não pretende se desincompatibilizar para disputar novas vagas em 2026, Paulo Dantas aposta todas as fichas na continuidade de sua gestão.

A decisão de Dantas, vista por alguns como arriscada, é, na verdade, um ato que evidencia o compromisso de fortalecer o próprio grupo político em detrimento de um projeto pessoal e também altera profundamente o tabuleiro para 2026, aumentando a influência do grupo governista.

 Ao manter sua gestão e anunciar sua saída do cenário eleitoral para 2026, ele sinaliza confiança na continuidade e no legado que construiu. A oposição, diante desse cenário, precisará reformular sua estratégia, enquanto Arthur Lira e JHC encaram um desafio de se reestruturar, especialmente se o prefeito de Maceió decidir manter-se na Prefeitura.