O jornalista, radialista, historiador e sociólogo Fernando Valões foi homenageado pela Câmara Municipal de Maceió com a entrega da Comenda Arnon de Mello. A honraria foi proposta no ano passado pelo vereador e atualmente deputado federal Fábio Costa (PP). A solenidade foi presidida pelo presidente da casa Galba Netto (MDB).

Costa que também é delegado disse em seu pronunciamento que conheceu Valões durante sua atuação como delegado Regional de Santana do Ipanema. A época a violência estava muito elevada na região com a ocorrência de assaltos, tráfico e homicídios.

"Fui designado com a missão de enfrentar essa criminalidade. O Fernando Valões fazia o acompanhamento e a cobertura das operações. Ele me procurava para falar sobre as ações mas eu era muito mais tímido do que sou hoje. Então foi quando tive a oportunidade de conhecer o Fernando a quem considero um dos maiores profissionais de comunicação de Alagoas. Trabalhou em várias emissoras de televisão, fez documentários, escreveu livro e não bastasse tudo isso prestou Enem e foi estudar sociologia", destacou Fábio.

Falando por improviso Costa destacou a história de Valões e o considerou um exemplo de homem de família e também na área da comunicação. Conforme lembrou o profissional tem o nome sempre lembrado entre os grandes profissionais que atuam em Alagoas.

Discurso
Valões agradeceu o reconhecimento e a homenagem. Muito contente com a honraria ele disse que o trabalho sempre foi a única forma de se sustentar. Ao falar do passado lembrou da seca de 1970 e o sofrimento de sua família quando o pai saiu de casa e sua mãe sustentou a todos como manicure.

"Quando era pequeno montei uma empresa de carros para carrêgo na feira, montei outra empresa de picolé e também uma para engraxar sapatos. Com o dinheiro ia para o cinema porque já era aficionado pelas imagens. Mas veio a seca e pedi para ir para São Paulo com dinheiro emprestado para comprar passagem. Lá trabalhei como office-boy. Depois voltei para Alagoas e peguei a família e os levei para Maceió, onde trabalhei num supermercado. Ouvi em 1975 o Edécio Lopes anunciar que a TV Gazeta iria ser inaugurada e precisaria de atores. Fui lá e vi uma enorme fila. Então, ouvi uma voz que dizia aí não é o seu lugar. Fui bater no estacionamento da empresa e vi os equipamentos chegando e sendo descarregados. Pedi para colocarem nas costas pois queria ajudar. Quando senti o cheiro do ambiente da televisão decidi que não queria ser ator e sim trabalhar com aqueles equipamentos. Conheci Pedro Collor que me agradeceu após bater em meu ombro. Ia completar 18 anos. Depois na hora de montar a equipe fui indicado para fazer o teste de operador de videotape onde acabei aprovado em primeiro lugar", lembrou Valões.

Em 1977 já era o primeiro editor e tudo era feito em película de cinema. Depois foi para Vitória (ES) participou da inauguração da TV Gazeta da cidade. A Globo propôs que as afiliadas fizessem documentários e os melhores passariam no Globo Repórter. O que ajudou a produzir e editar acabou sendo o vencedor. Em seguida, por conta da repercussão, os chefes da emissora no Rio de Janeiro foram a vitória e quiseram conhecer os profissionais. Então surgiu o convite para ir para a sede da empresa onde teve a oportunidade de deixar o seu nome nos créditos em três novelas: Maria, Maria, o Astro e a Sucessora.

"Em 1980 Pedro Collor liga para a Globo e quem atendeu o telefone fui eu. Ao ouvir minha voz ficou surpreso. E aí me convidou para Maceió ganhando seis vezes mais. Depois montei uma empresa em Arapiraca, fui o primeiro repórter do interior, acompanhei o ASA por mais de 20 anos. Nessa época levei para TV Madson Delano e formei 78 locutores. Voltei anos depois para Santana do Ipanema para ser solidário e montei uma ONG que funciona até hoje e forma jovens para a música com o professor Paulo César. Hoje temos médico na Santa Casa que passou por esta ONG, professores e diversos profissionais. São meninos da roça e da periferia que vencem na vida", completou Valões.

Ele também conseguiu montar uma emissora de rádio comunitária que teve o programa de jornalismo reconhecido nacionalmente pelo Ministério da Cultura vindo a ser premiado. Em seguida conquistou um outro prêmio, desta vez da empresa Meta dona do Facebook no valor de R$ 15 mil dólares.

"Em 2015 tive um deslocamento de retina e perdi a visão, mas decidi que iria continuar meus desafios e fui estudar sociologia. Hoje estou em sala de aula e também dou palestras de como podemos vencer nossos problemas", disse Valões.

História
Sobre a honraria ele disse que conheceu Arnon de Mello e trabalhou ao seu lado. Era um homem simples e humilde. Foi ele quem sempre deixou as portas abertas para o trabalho em sua emissora. A mesma lembrança teve em relação a Pedro Collor. Valões não hesitou em destacar sua importância para a comunicação alagoana.

"Essa comenda é muito importante. É a comenda da liberdade e da verdade. E da sua luta, dos jornalistas e do povo. Quero dizer a todos da alegria. Destaco ainda a secretaria criada pelo prefeito JHC para pessoas com deficiência. Que ela possa fazer muito portos nós. Tenho orgulho de morar em Maceió e saber que nós temos um presidente da Câmara de Vereadores como Galba Netto. Um homem sério que conduz todas as discussões da casa com paz e com unidade", concluiu Valões.

Para Galba presidir a solenidade foi motivo de honra por conta da história de vida do homenageado. Principalmente porque o jornalista Fernando Valões conhece a importância da política e do Legislativo para a sociedade.

"Foi um belo discurso e uma bela aula de história. De uma vida cheia de conquistas. De alguém que soube do seu papel social como profissional e que, agora, está ainda mais envolvido com causas sociais. As comendas e títulos da CMM servem justamente para fazer o reconhecimento de pessoas que têm contribuição com a sociedade", afirmou o presidente.

A solenidade contou com a presença de familiares e amigos de Valões. Na mesa de honra o filho e secretário Municipal de Comunicação Felipe Valões representou a todos.