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Deputado deve indicar nova diretoria do HEA, mesmo após escândalo que culminou com a exoneração da cunhada

Por Paulo Marcello 28/12/2019 08h08
Por Paulo Marcello 28/12/2019 08h08
Deputado deve indicar nova diretoria do HEA, mesmo após escândalo que culminou com a exoneração da cunhada
Nezinho já teria os nomes da nova direção do Hospital de Emergência do Agreste - Foto: Imagem: AL.leg
Apesar da exoneração da cunhada do deputado estadual Ricardo Nezinho, Regiluce dos Santos Silva, do cargo de gerente da Unidade de Emergência Daniel Houly (HEA), após ter sido presa na operação Florence Dama da Lâmpada da Polícia Federal (PF), surge a informação de que o cargo será ocupado, mais uma vez, por uma pessoa de confiança do parlamentar, o que tem gerado muita discussão no ambiente hospitalar, em Arapiraca.

A ex-diretora da Unidade de Saúde do Agreste foi presa junto a então diretora do Hospital Geral do Estado (HGE), Marta Celeste, após esquema descoberto pela PF que funcionava na secretaria de Estado da Saúde e que desviou cerca de R$ 30 milhões. De acordo com o delegado da PF, Jorge Eduardo Ferreira de Oliveira, os alvos da operação foram médicos, diretores de hospitais e servidores públicos.

O governador Renan Filho (MDB) concedeu exoneração a Regiluce dos Santos no último dia 26 e até agora não nomeou o(a) substituto(a) ao cargo, mas funcionários da UE comentam que, apesar da ligação da ex-gestora com o deputado Nezinho, ele mesmo será o responsável pela indicação da nova direção da Unidade que ainda sofre as consequências do escândalo na Saúde que desencadeou a operação que cumpriu 16 mandados de prisão, entre eles, a filha do vice-governador Luciano Barbosa, Lívia Barbosa.

Segundo servidores do Hospital do Agreste, o deputado será o responsável pela indicação da nova diretoria da HEA e que o episódio será ‘abafado com panos quentes’ enquanto seguem as investigações da Polícia Federal sobre o caso. O procurador do Ministério Público (MPF), Marcelo Jatobá, disse que foi criado o Instituto de Ortopedia de Alagoas (Iortal) especificamente para prestar serviços para o HGE e HEA. A investigação, no entanto, apontou que a entidade já estava recebendo por procedimentos feitos para os hospitais antes mesmo de o CNPJ ser validado.

Marta Celeste e Regiluce Santos foram apontadas como parte do esquema milionário que desviou recursos públicos da Saúde de Alagoas. O delegado Jorge Eduardo Ferreira de Oliveira destacou que a partir das investigações abriu-se um mar de provas que comprovam o esquema e todos os desvios. Três nomes que são citados no inquérito, aceito pelo juiz titular da 4ª Vara Federal, Sebastião José Vasques, estão entre os principais doadores da campanha de Nezinho para prefeito de Arapiraca em 2016. Regiluce Santos (então diretora do HEA); seu esposo, o médico anestesista José Ronaldo Pereira de Melo (irmão de Nezinho); e o médico Gustavo Francisco Vasconcelos Nascimento, que seria um dos mentores do esquema por meio do Iortal, responsável pela prestação de serviços de Órtese, Prótese e Materiais Especiais (OPME) à Sesau.

No período eleitoral de 2016, Regiluce doou R$ 40 mil para as despesas do pleito; Ronaldo doou R$ 63.500 e Gustavo Vasconcelos desembolsou R$ 50 mil para a campanha de Ricardo Nezinho que pleiteava a vaga de prefeito de Arapiraca. Pela Lei eleitoral, as doações estariam limitadas a 10% dos ganhos declarados à Receita Federal, no ano anterior. O próprio deputado doou dinheiro para a campanha, foram R$ 65 mil, segundo o inquérito de quase 300 páginas.