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Dízimo: um ato de amor!
Olá, amigos! Graça, paz e bem da parte de Jesus de Nazaré. Estamos aqui para mais um encontro. Que Deus nos ajude a compreender sua palavra. Hoje falaremos sobre um assunto bastante polêmico no meio cristão, o DÍZIMO. Já faz algum tempo que queria falar sobre esse assunto, pois muitos cristãos têm dúvidas sobre o que é o dízimo e sobre sua obrigatoriedade para nós seguidores da boa nova do evangelho. Afinal, o dízimo é uma ordenança cristã, ou um ato de reconhecimento e de adoração a Deus? O que a Bíblia diz? Vamos entender!
A palavra dízimo, em sua origem (etimologia), significa a décima parte de algo, isto é, dez por cento sobre o todo. O primeiro relato bíblico sobre o tema se encontra no livro de Gênesis, capítulo 14, quando Abraão deu a Melquisedeque (Rei de Salém e Sacerdote do Rei Altíssimo) a décima parte dos bens que ele recuperou para os reis de Sodoma e Gomorra, quando venceu a batalha contra o rei Codorlaomor. Mas, deixemos para detalhar mais sobre esse episódio quando formos comentar sobre o dízimo no Novo Testamento, tendo em vista que essa mesma história é recontada pelo Apóstolo Paulo, quando escreveu sua carta aos Hebreus, no capítulo 7.
Continuemos....
Historicamente, o dízimo tem sua origem no sacerdócio levítico judaico (Lv 27:30-34), que diz: “Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor, santas são ao Senhor. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao senhor. Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados. Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai”.
Quero destacar a parte final desse texto, quando diz que essa ordenança foi dada para os filhos de Israel, a saber, os judeus. Portanto, nesse início de reflexão já dá para percebermos para quem Deus destinou a obrigatoriedade dessa contribuição.
O dízimo no antigo testamento fora instituído por Deus com a função de sustentar os sacerdotes e os levitas. Os levitas eram o povo que pertencia à tribo de Levi, uma das doze tribos de Israel que foi escolhida pelo Senhor para cuidar do templo e dos rituais religiosos da época, por isso, as outras onze tribos deveriam separar dez por cento de tudo que conquistassem para ofertar na casa do Senhor. Isso para que os levitas tivessem como se dedicar exclusivamente ao sacerdócio religioso. Vale ressaltar que essa contribuição nunca era feita em dinheiro, mas em mantimentos: lavouras ou animais. Por isso, que quando Jesus chega ao templo, ele se depara com vários cambistas, vendendo animais para serem sacrificados ou entregues como dízimo ao Senhor. É nesse contexto que ele pronuncia as seguintes palavras: “Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu pai casa de venda”. (Jo 2:16). Portanto, percebe-se que o dízimo era uma obrigação instituída pela lei Mosaica para os Judeus e tinha a função de manter os levitas e o templo do Senhor e não era pago com dinheiro.
Esse é o contexto histórico do Velho Testamento em relação ao dízimo. Compreendido isso, passemos a analisar o que diz o Novo Testamento sobre esse assunto. A pergunta a ser respondida é: assim como os judeus, nós cristão também somos obrigados a dizimar?
Antes, é preciso fazer uma distinção entre o Antigo e o Novo testamento. O Antigo Testamento é baseado na Lei de Moisés e foi dado para o povo de Israel, a saber, os judeus, inclusive, Jesus era Judeu, por isso, ele seguia as leis e a tradição judaica. Por outro lado, nós cristãos não seguimos as ordenanças do Velho Testamento, pois somos seguidores da boa nova do evangelho. Assim sendo, todas as nossas ordenanças estão contidas no Novo Testamento.
Então irmão Sérgio, se não seguimos o Velho testamento por que a maioria dos líderes religiosos das igrejas evangélicas quando vão pregar sobre o dízimo, leem o texto de Malaquias, afinal, esse texto não é do Velho Testamento? Pois é! Mas, tem uma explicação para isso: é que esse texto, apesar de não ter sido escrito para nós cristãos, encaixa-se perfeitamente no sistema religioso do nosso país. Sistema esse que em vez de priorizar o Reino de Deus, visa angariar o máximo de dinheiro que puder, enriquecendo os cofres das igrejas, e consequentemente os bolsos desses pastores inescrupulosos. Simples assim! É que esse texto contém três elementos que são infalíveis para retirar dinheiro do povo, quais sejam: a culpa, o medo e a ganância. Explico! Vamos ao texto:
“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.
E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos”.
O texto já começa dizendo que aquele que não der o dízimo, estará roubando a Deus. Está aí o elemento culpa. Eles usam essa parte do texto para colocar nas mentes das pessoas o sentimento de culpa, caso elas não deem o dízimo para eles. Então as pessoas são levadas, de forma ardil, a acharem que se não contribuírem, de fato, estarão roubando o dinheiro de Deus. Ficam com essa culpa na mente, por isso, contribuem. Aí, se não pegar os fiéis na culpa, vai pegá-los no outro elemento, qual seja: o medo. O texto diz também que aquele que não der o dízimo será amaldiçoado. E se tem uma coisa que o povo tem medo é de ser amaldiçoado por foças sobrenaturais, agora imagine receber uma maldição logo de Deus, o todo poderoso, por isso, com medo de Deus, o povo dizima. Cá pra nós, pense comigo, você acha mesmo que Deus, pai de Jesus, nosso pai, nosso Aba, iria nos amaldiçoar? Por último, ainda dentro desse texto, existe um terceiro elemento infalível para retirar dinheiro do povo, esse elemento é uma verdadeira carta na manga, pois é o que mais atrai as pessoas, qual é ele? A ganância. Continua o texto, se você der o dízimo, receberá dez vezes mais. É, ou não é, um ótimo negócio dar dinheiro na igreja e receber dez vezes mais? Por isso, que os falsos líderes religiosos gostam tanto desse texto, pois ele serve de isca perfeita para dar um laço nos fiéis e retirar o máximo de dinheiro deles. Todavia, essa passagem de Malaquias também não se aplica a nós cristãos, pois é uma determinação para os Judeus, é Velho Testamento.
Feitas essas ponderações, vejamos o que diz o Novo Testamento sobre o dízimo, pois afinal é ele quem vai determinar o que devemos seguir. Nele encontramos apenas duas passagens que abordam esse tema, todavia, em nenhuma delas há uma ordenança para nós sermos dizimistas. A primeira menção se encontra no evangelho escrito por Mateus, quando Jesus diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas”. (Mt 23:23). Aqui, fica bem claro que Jesus não está dando ênfase ao dízimo, o que Jesus está fazendo é mostrando aos escribas e fariseus que o amor ao próximo e a misericórdia são infinitamente mais importantes que o dízimo. É disso que Jesus está falando. Certo irmão Sérgio, mas nessa passagem Jesus não manda que eles permaneçam dando seus dízimos? Sim, claro! Mas, observe que Jesus estava falando com os escribas e fariseus, que eram dois grupos religiosos do povo judeu, por isso, eram obrigados a guardarem toda a lei judaica. Portanto, essa passagem não se aplica a nós cristãos. Lembre-se que o cristianismo só foi implantado após a morte e ressurreição de Cristo, aliás, como já disse alhures, o próprio Jesus era judeu, por isso, ele teve que cumprir toda a lei por mim e por você, é isso que diz Mt 5:17.
Dito isso, analisemos a outra passagem no Novo Testamento sobre o dízimo, é o texto que se encontra no livro de Hebreus, capítulo 7, versículos de 1 a 9: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive”.
Esse é o texto, vamos para o contexto, o Apóstolo Paulo está revivendo aquela passagem que já mencionamos no início de nossa reflexão (lembram?) (Gen 14: 1-24), a qual fala que Abraão venceu o rei Codorlaomor, libertando seu sobrinho Ló que tinha sido levado cativo e devolveu os bens recuperados aos reis de Sodoma e Gomorra. Agora eu lhe pergunto: de que o Apóstolo Paulo está falando nesse texto, é de dízimos, ou é de outra coisa? Claro que o que ele está enfatizando aqui é que o sacerdócio de Cristo é muito maior do que Abraão, pois Melquisedeque era um tipo de Cristo. A intenção primeira do Apóstolo Paulo aqui é dar ênfase ao Sacerdócio de Cristo, que não vem da tribo de Levi, mas vem diretamente de Deus. Ok, entendi irmão Sérgio, mas explique melhor sobre esse dízimo de Abraão, afinal, nessa época a Lei Mosaica ainda não existia. Tudo bem, vamos lá...
A atitude de Abraão aqui foi de reverência e adoração para com Deus, pois ele, sem ser obrigado, pegou a décima parte do despojo, ou seja, dos bens que recuperou e deu ao Rei de Salém, espécie de Cristo. Essa oferta de Abraão tinha as seguintes características:
a) FOI VOLUNTÁRIO; b) FOI DADO DIRETAMENTE A CRISTO; c) FOI DADO UMA ÚNICA VEZ; d) SERVIU PARA MOSTRAR O PODER DA GRAÇA DE DEUS NA VIDA DE ABRAÃO.
Como se percebe, esse dízimo que Abraão ofereceu a Deus, em nada tem haver com os dízimos que são exigidos nas igrejas de hoje em dia, primeiro porque foi voluntário, como o próprio texto diz, segundo que foi dado diretamente ao próprio Cristo, terceiro porque foi dado como forma de gratidão a Deus por tudo que ele lhe concedera.
Tá aí, um ótimo exemplo a seguirmos é fazer isso que Abraão fez, doarmos a Deus, não por obrigação, mas porque somos gratos pelo favor imerecido que recebemos todos os dias, seja pelo dom da vida, seja pelo nosso alimento, seja pela nossa família, enfim, motivos não nos faltam para agradecermos a Deus.
Portanto, para nós Cristãos, não existe a obrigação de sermos dizimista, o que existe é um coração generoso e voluntário para a obra do Senhor. Generosidade essa que, pela graça de Deus, ultrapassa e muito qualquer tipo de valor ou percentual pré-determinado pelo sistema religioso legalista. Quem vive da graça têm consciência de seu papel cristão, quem vive na graça sabe que tem que doar tudo o que tem em favor do Reino de Deus; quem está na graça, sabe que o que importa para Deus é um coração amoroso, que contribui com alegria. Ser dizimista no reino de Deus é ser igual à viúva que deu tudo que tinha; é ser igual ao samaritano que socorreu o necessitado; é ser igual a zaqueu, que quis restituir quatro vezes mais do que tinha defraudado. Ser dizimista não se resume a contribuir no templo, até porque, Jesus nunca nos mandou construir templos, pelo contrário, ele nos mandou ir ao mundo pregar o evangelho para toda criatura. O reino de Deus não é placa de igreja, nem monte, nem templo. O reino de Deus acontece no caminho do amor, no caminho de Jericó, no caminho da casa de Jairo, no caminho de Emaús, ou em qualquer outro caminho.
Antes de encerrar essa reflexão, como forma de precaução e para evitar interpretações distorcidas sobre o que foi falado nesse texto, quero deixar claro que não estou dizendo que sou contra você ser dizimista na sua igreja, o que eu defendo é que o cristão não é obrigado a dizimar, pois o dízimo ou a oferta (aliás, gosto mais desse termo) tem que ser de forma voluntária e amorosa, como disse o Apostolo Paulo: “ Cada um contribua conforme propôs em seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama quem dá com alegria” (2Cor 9:7).
Também tenho consciência de que esse tema é bastante amplo e polêmico, por isso, caso surja alguma dúvida, ou se deixei de comentar sobre alguma passagem bíblica de que os irmãos tenham dúvida dentro do tema, podemos discuti-la nos comentários, inclusive, peço que você que leu esse texto deixe seu comentário, não importando se favorável ou contrário ao que foi dito.
Assim, nessa breve reflexão, espero que os irmãos tenham compreendido que para nós cristãos não existe o dever de dar o dízimo, pois tal estatuto foi instituído como obrigação para os judeus. Para nós cristãos, o que existe é um coração grato que de forma voluntária contribui para o Reino de Deus sem medir esforços e sem ficar limitado a determinado percentual pré-estabelecido.
Que o Espírito Santo do Senhor nos conduza sempre a verdade da palavra de Deus. Amém! Até o próximo.
Conhecerás a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8:32) Sérgio Nicácio Lira
A palavra dízimo, em sua origem (etimologia), significa a décima parte de algo, isto é, dez por cento sobre o todo. O primeiro relato bíblico sobre o tema se encontra no livro de Gênesis, capítulo 14, quando Abraão deu a Melquisedeque (Rei de Salém e Sacerdote do Rei Altíssimo) a décima parte dos bens que ele recuperou para os reis de Sodoma e Gomorra, quando venceu a batalha contra o rei Codorlaomor. Mas, deixemos para detalhar mais sobre esse episódio quando formos comentar sobre o dízimo no Novo Testamento, tendo em vista que essa mesma história é recontada pelo Apóstolo Paulo, quando escreveu sua carta aos Hebreus, no capítulo 7.
Continuemos....
Historicamente, o dízimo tem sua origem no sacerdócio levítico judaico (Lv 27:30-34), que diz: “Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor, santas são ao Senhor. Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa, acrescentará a sua quinta parte sobre ela. No tocante a todas as dízimas do gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao senhor. Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados. Estes são os mandamentos que o Senhor ordenou a Moisés, para os filhos de Israel, no monte Sinai”.
Quero destacar a parte final desse texto, quando diz que essa ordenança foi dada para os filhos de Israel, a saber, os judeus. Portanto, nesse início de reflexão já dá para percebermos para quem Deus destinou a obrigatoriedade dessa contribuição.
O dízimo no antigo testamento fora instituído por Deus com a função de sustentar os sacerdotes e os levitas. Os levitas eram o povo que pertencia à tribo de Levi, uma das doze tribos de Israel que foi escolhida pelo Senhor para cuidar do templo e dos rituais religiosos da época, por isso, as outras onze tribos deveriam separar dez por cento de tudo que conquistassem para ofertar na casa do Senhor. Isso para que os levitas tivessem como se dedicar exclusivamente ao sacerdócio religioso. Vale ressaltar que essa contribuição nunca era feita em dinheiro, mas em mantimentos: lavouras ou animais. Por isso, que quando Jesus chega ao templo, ele se depara com vários cambistas, vendendo animais para serem sacrificados ou entregues como dízimo ao Senhor. É nesse contexto que ele pronuncia as seguintes palavras: “Tirai daqui estes, e não façais da casa de meu pai casa de venda”. (Jo 2:16). Portanto, percebe-se que o dízimo era uma obrigação instituída pela lei Mosaica para os Judeus e tinha a função de manter os levitas e o templo do Senhor e não era pago com dinheiro.
Esse é o contexto histórico do Velho Testamento em relação ao dízimo. Compreendido isso, passemos a analisar o que diz o Novo Testamento sobre esse assunto. A pergunta a ser respondida é: assim como os judeus, nós cristão também somos obrigados a dizimar?
Antes, é preciso fazer uma distinção entre o Antigo e o Novo testamento. O Antigo Testamento é baseado na Lei de Moisés e foi dado para o povo de Israel, a saber, os judeus, inclusive, Jesus era Judeu, por isso, ele seguia as leis e a tradição judaica. Por outro lado, nós cristãos não seguimos as ordenanças do Velho Testamento, pois somos seguidores da boa nova do evangelho. Assim sendo, todas as nossas ordenanças estão contidas no Novo Testamento.
Então irmão Sérgio, se não seguimos o Velho testamento por que a maioria dos líderes religiosos das igrejas evangélicas quando vão pregar sobre o dízimo, leem o texto de Malaquias, afinal, esse texto não é do Velho Testamento? Pois é! Mas, tem uma explicação para isso: é que esse texto, apesar de não ter sido escrito para nós cristãos, encaixa-se perfeitamente no sistema religioso do nosso país. Sistema esse que em vez de priorizar o Reino de Deus, visa angariar o máximo de dinheiro que puder, enriquecendo os cofres das igrejas, e consequentemente os bolsos desses pastores inescrupulosos. Simples assim! É que esse texto contém três elementos que são infalíveis para retirar dinheiro do povo, quais sejam: a culpa, o medo e a ganância. Explico! Vamos ao texto:
“Roubará o homem a Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar suficiente para a recolherdes.
E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos Exércitos”.
O texto já começa dizendo que aquele que não der o dízimo, estará roubando a Deus. Está aí o elemento culpa. Eles usam essa parte do texto para colocar nas mentes das pessoas o sentimento de culpa, caso elas não deem o dízimo para eles. Então as pessoas são levadas, de forma ardil, a acharem que se não contribuírem, de fato, estarão roubando o dinheiro de Deus. Ficam com essa culpa na mente, por isso, contribuem. Aí, se não pegar os fiéis na culpa, vai pegá-los no outro elemento, qual seja: o medo. O texto diz também que aquele que não der o dízimo será amaldiçoado. E se tem uma coisa que o povo tem medo é de ser amaldiçoado por foças sobrenaturais, agora imagine receber uma maldição logo de Deus, o todo poderoso, por isso, com medo de Deus, o povo dizima. Cá pra nós, pense comigo, você acha mesmo que Deus, pai de Jesus, nosso pai, nosso Aba, iria nos amaldiçoar? Por último, ainda dentro desse texto, existe um terceiro elemento infalível para retirar dinheiro do povo, esse elemento é uma verdadeira carta na manga, pois é o que mais atrai as pessoas, qual é ele? A ganância. Continua o texto, se você der o dízimo, receberá dez vezes mais. É, ou não é, um ótimo negócio dar dinheiro na igreja e receber dez vezes mais? Por isso, que os falsos líderes religiosos gostam tanto desse texto, pois ele serve de isca perfeita para dar um laço nos fiéis e retirar o máximo de dinheiro deles. Todavia, essa passagem de Malaquias também não se aplica a nós cristãos, pois é uma determinação para os Judeus, é Velho Testamento.
Feitas essas ponderações, vejamos o que diz o Novo Testamento sobre o dízimo, pois afinal é ele quem vai determinar o que devemos seguir. Nele encontramos apenas duas passagens que abordam esse tema, todavia, em nenhuma delas há uma ordenança para nós sermos dizimistas. A primeira menção se encontra no evangelho escrito por Mateus, quando Jesus diz: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas”. (Mt 23:23). Aqui, fica bem claro que Jesus não está dando ênfase ao dízimo, o que Jesus está fazendo é mostrando aos escribas e fariseus que o amor ao próximo e a misericórdia são infinitamente mais importantes que o dízimo. É disso que Jesus está falando. Certo irmão Sérgio, mas nessa passagem Jesus não manda que eles permaneçam dando seus dízimos? Sim, claro! Mas, observe que Jesus estava falando com os escribas e fariseus, que eram dois grupos religiosos do povo judeu, por isso, eram obrigados a guardarem toda a lei judaica. Portanto, essa passagem não se aplica a nós cristãos. Lembre-se que o cristianismo só foi implantado após a morte e ressurreição de Cristo, aliás, como já disse alhures, o próprio Jesus era judeu, por isso, ele teve que cumprir toda a lei por mim e por você, é isso que diz Mt 5:17.
Dito isso, analisemos a outra passagem no Novo Testamento sobre o dízimo, é o texto que se encontra no livro de Hebreus, capítulo 7, versículos de 1 a 9: “Porque este Melquisedeque, que era rei de Salém, sacerdote do Deus Altíssimo, e que saiu ao encontro de Abraão quando ele regressava da matança dos reis, e o abençoou; A quem também Abraão deu o dízimo de tudo, e primeiramente é, por interpretação, rei de justiça, e depois também rei de Salém, que é rei de paz; Sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas sendo feito semelhante ao Filho de Deus, permanece sacerdote para sempre. Considerai, pois, quão grande era este, a quem até o patriarca Abraão deu os dízimos dos despojos. E os que dentre os filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de Abraão. Mas aquele, cuja genealogia não é contada entre eles, tomou dízimos de Abraão, e abençoou o que tinha as promessas. Ora, sem contradição alguma, o menor é abençoado pelo maior. E aqui certamente tomam dízimos homens que morrem; ali, porém, aquele de quem se testifica que vive”.
Esse é o texto, vamos para o contexto, o Apóstolo Paulo está revivendo aquela passagem que já mencionamos no início de nossa reflexão (lembram?) (Gen 14: 1-24), a qual fala que Abraão venceu o rei Codorlaomor, libertando seu sobrinho Ló que tinha sido levado cativo e devolveu os bens recuperados aos reis de Sodoma e Gomorra. Agora eu lhe pergunto: de que o Apóstolo Paulo está falando nesse texto, é de dízimos, ou é de outra coisa? Claro que o que ele está enfatizando aqui é que o sacerdócio de Cristo é muito maior do que Abraão, pois Melquisedeque era um tipo de Cristo. A intenção primeira do Apóstolo Paulo aqui é dar ênfase ao Sacerdócio de Cristo, que não vem da tribo de Levi, mas vem diretamente de Deus. Ok, entendi irmão Sérgio, mas explique melhor sobre esse dízimo de Abraão, afinal, nessa época a Lei Mosaica ainda não existia. Tudo bem, vamos lá...
A atitude de Abraão aqui foi de reverência e adoração para com Deus, pois ele, sem ser obrigado, pegou a décima parte do despojo, ou seja, dos bens que recuperou e deu ao Rei de Salém, espécie de Cristo. Essa oferta de Abraão tinha as seguintes características:
a) FOI VOLUNTÁRIO; b) FOI DADO DIRETAMENTE A CRISTO; c) FOI DADO UMA ÚNICA VEZ; d) SERVIU PARA MOSTRAR O PODER DA GRAÇA DE DEUS NA VIDA DE ABRAÃO.
Como se percebe, esse dízimo que Abraão ofereceu a Deus, em nada tem haver com os dízimos que são exigidos nas igrejas de hoje em dia, primeiro porque foi voluntário, como o próprio texto diz, segundo que foi dado diretamente ao próprio Cristo, terceiro porque foi dado como forma de gratidão a Deus por tudo que ele lhe concedera.
Tá aí, um ótimo exemplo a seguirmos é fazer isso que Abraão fez, doarmos a Deus, não por obrigação, mas porque somos gratos pelo favor imerecido que recebemos todos os dias, seja pelo dom da vida, seja pelo nosso alimento, seja pela nossa família, enfim, motivos não nos faltam para agradecermos a Deus.
Portanto, para nós Cristãos, não existe a obrigação de sermos dizimista, o que existe é um coração generoso e voluntário para a obra do Senhor. Generosidade essa que, pela graça de Deus, ultrapassa e muito qualquer tipo de valor ou percentual pré-determinado pelo sistema religioso legalista. Quem vive da graça têm consciência de seu papel cristão, quem vive na graça sabe que tem que doar tudo o que tem em favor do Reino de Deus; quem está na graça, sabe que o que importa para Deus é um coração amoroso, que contribui com alegria. Ser dizimista no reino de Deus é ser igual à viúva que deu tudo que tinha; é ser igual ao samaritano que socorreu o necessitado; é ser igual a zaqueu, que quis restituir quatro vezes mais do que tinha defraudado. Ser dizimista não se resume a contribuir no templo, até porque, Jesus nunca nos mandou construir templos, pelo contrário, ele nos mandou ir ao mundo pregar o evangelho para toda criatura. O reino de Deus não é placa de igreja, nem monte, nem templo. O reino de Deus acontece no caminho do amor, no caminho de Jericó, no caminho da casa de Jairo, no caminho de Emaús, ou em qualquer outro caminho.
Antes de encerrar essa reflexão, como forma de precaução e para evitar interpretações distorcidas sobre o que foi falado nesse texto, quero deixar claro que não estou dizendo que sou contra você ser dizimista na sua igreja, o que eu defendo é que o cristão não é obrigado a dizimar, pois o dízimo ou a oferta (aliás, gosto mais desse termo) tem que ser de forma voluntária e amorosa, como disse o Apostolo Paulo: “ Cada um contribua conforme propôs em seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama quem dá com alegria” (2Cor 9:7).
Também tenho consciência de que esse tema é bastante amplo e polêmico, por isso, caso surja alguma dúvida, ou se deixei de comentar sobre alguma passagem bíblica de que os irmãos tenham dúvida dentro do tema, podemos discuti-la nos comentários, inclusive, peço que você que leu esse texto deixe seu comentário, não importando se favorável ou contrário ao que foi dito.
Assim, nessa breve reflexão, espero que os irmãos tenham compreendido que para nós cristãos não existe o dever de dar o dízimo, pois tal estatuto foi instituído como obrigação para os judeus. Para nós cristãos, o que existe é um coração grato que de forma voluntária contribui para o Reino de Deus sem medir esforços e sem ficar limitado a determinado percentual pré-estabelecido.
Que o Espírito Santo do Senhor nos conduza sempre a verdade da palavra de Deus. Amém! Até o próximo.
Conhecerás a verdade, e a verdade vos libertará (Jo 8:32) Sérgio Nicácio Lira
Sérgio Nicácio Lira
Sérgio Nicácio Lira. Bel em Direito pelo Centro de Estudos Superiores de Maceió (CESMAC), extensão Arapiraca, no ano de 2009. Servidor Público do Tribunal de Justiça de Pernambuco (Oficial de Justiça) . Seguidor e Discípulo de Jesus, o Cristo. Estudante da palavra de Deus.
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