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Projeto do Senado quer aumentar licença-paternidade de 5 para 30 dias

Por Niel Antonio 25/07/2016 15h03
Por Niel Antonio 25/07/2016 15h03
Projeto do Senado quer aumentar licença-paternidade de 5 para 30 dias
Foto: Divulgação/ Ilustração
Os primeiros meses de um recém-nascido são de muita alegria, mas também de trabalho dobrado para as mamães que precisam amamentar, trocar fraldas, lavar as roupinhas do pequeno, além de cuidar de algumas tarefas domésticas ou administrá-las. Mas a cultura de que essas tarefas são apenas da mulher tem dividido opiniões, principalmente entre casais mais antigos e os mais jovens.

Por que somente a mulher deve cuidar do lar, se atualmente ela também coopera com o saldo positivo na conta conjunta? A mulher atual, que estuda e busca se profissionalizar nas mais diversas áreas do conhecimento, não tem mais paciência para ser "motorista de fogão", como dizem por aí, administrar sozinha as tarefas domésticas e ainda encontrar tempo para cuidar do esposo, lavando a roupa dele, passando, ou limpando o chão onde ele pisa.

Os casais mais jovens têm sido cada vez mais parceiros, independentes, ao ponto de saberem quais são suas obrigações dentro de casa e fora dela. É questão de empatia mesmo. Já pensou você lavar, secar e alguém chegar somente para sujar e não limpar nada? Não é plantando a discórdia, não, mas é injusto.

Uma frase grosseira, mas que tem muito sentido, foi dita por uma cantora de 'funk' e feminista declarada, Tati Quebra Barraco, para justificar que as tarefas domésticas devem ser divididas entre todos os moradores da casa e não ficar apenas sob a responsabilidade da mulher.

"Sou feminista, sim, casada e, atualmente, dona de casa. Gosto de casa limpa, gosto de cuidar da minha família, porém a obrigação não é só minha, é de todos que moram aqui. Como costumo dizer: não varro casa com a vagina, varro com as mãos e mãos todos têm", disse Tati.

Não precisa ser feminista para ter essa opinião, pois quem sofre com a prática diária sabe o real significado de tudo isso. Mas, voltando ao contexto dos bebês, a gente sabe que a licença-maternidade dura 120 dias, enquanto que a licença-paternidade dura apenas 5. Será que é responsabilidade apenas da mulher cuidar do filho? Porque esse cuidado e obrigação contínuos se estendem por muitos e muitos anos e a educação da criança não depende somente da mãe. Depende do pai também.

Apesar de não representar tanto avanço na área paterna, há um projeto de autoria do senador Álvaro Dias, no Senado Federal, que objetiva estender de 5 para 30 dias o prazo da licença-paternidade. Já para as mamães, a licença poderá ser estendida de 120 para 180 dias, ambas sem prejuízo do emprego e do salário. A proposta foi apresentada porque, segundo o autor, o tempo ofertado é insuficiente.

"A recomendação atual é a de que a criança seja amamentada nos seis primeiros meses de vida. Por isso, propomos que a duração da licença-maternidade seja aumentada de 120 para 180 dias. Também sugerimos que a duração da licença-paternidade seja aumentada de cinco para trinta dias, de modo que o pai possa auxiliar a mãe, em tempo integral, no trato da criança, em seu primeiro mês de vida, período que exige a maior dedicação dos pais", diz o texto.

Para o pai de segunda viagem, Edival Moura, ajudar a esposa nos cuidados domésticos e também com a criança no primeiro mês de vida é essencial. Ele justifica que o tempo de licença estabelecido por lei para os pais não atende às necessidades da família.

"O período de cinco dias é muito pouco, principalmente para um parto cesariano, porque a recuperação da mãe é mais lenta. Sem falar que para uma cirurgia, a dieta é de 30 dias para qualquer esforço. Eu ajudo em casa, troco fralda, dou banho, faço a mamadeira, levo ao pediatra. Também lavo e passo", comentou Edival Moura.
 
 

Edival Moura afirma que os pais devem contribuir nas tarefas domésticas, além de cuidar dos bebês (Foto: Arquivo Pessoal).

Para Edival, casamento é cumplicidade. "Hoje a mulher trabalha e ajuda nas despesas de casa, nada mais justo que o homem ajudar nas atividades do lar. A responsabilidade de um relacionamento feliz é do casal. Cada cônjuge precisa ter em mente que é responsabilidade dele a felicidade do outro. Fico feliz quando ela me ajuda. Então certamente ela ficará feliz em ser ajudada também", finalizou.

A proposta chegou à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, em maio deste ano, e aguarda a designação do relator. Para acompanhar os próximos passos do projeto, clique aqui.

Niel Antonio

Jornalista formado pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), acredita numa comunicação social e ambiental com potencial transformador. Produz conteúdo no silêncio e também ao som de uma boa MPB. Nas entrelinhas das áreas do Jornalismo, busca desafios de produção diversos, como experiência a ser acrescentada aos quatro anos de bacharelado.

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