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Bullying: seu filho é uma Vítima, um Agressor ou Espectador?

05/10/2015 22h10
05/10/2015 22h10
Bullying: seu filho é uma Vítima, um Agressor ou Espectador?
 
Mãe, não quero ir á escola, porque... estou com dor de cabeça, dor de barriga... Se essas queixas forem frequentes, cuidado, senhores pais ou responsáveis, pensem duas vezes antes de castigar seu filho ou o rotular de preguiçoso. Ele pode ser uma vítima de Bullying.
 
A palavra Bullying é um termo da língua Inglesa bully que significa valentão, se referindo a todas as ações agressivas, verbais ou físicas intencionais e de forma repetitiva. Estes comportamentos ocorrem sem motivação evidente, podendo ser executado por um ou mais indivíduos, causando muito sofrimento e frustração nas vítimas.
Hoje uma das grandes preocupações dos pais é identificar se o seu filho sofre de Bullying. E de fato é um desafio, uma vez que muitas dessas práticas são vistas como meras brincadeiras. No entanto, qualquer brincadeira onde os apelidos, gozações e chacotas são recebidos como ofensas, não devem ser considerados como algo engraçado.
Outra dificuldade para identificar o Bullying é porque a maioria das vítimas sofre por muito tempo caladas, por terem vergonha, por medos, por falta de oportunidade de diálogo tanto com pais quanto com os professores.
O bullying pode acontecer em qualquer lugar, mas a escola é o local onde existem mais aglomerados de crianças de idades semelhantes, sendo assim um local mais propício. No entanto, só pode ser considerado Bullying se a agressão ocorrer entre iguais e de maneira repetitiva.
De acordo com um projeto aprovado no senado e ainda em discussão na Câmara dos Deputados, foi criado um Programa de Combate à Intimidação Sistemática, no qual define oito tipos de Bullying:
1. Físico: Violência física como socar, chutar ou bater em um colega repetidas vezes. Este é o bullying mais fácil de idenditicar.
2. Psicológico: Perseguir, amedrontar, aterrorizar, manipular, intimidar, dominar, chantagear o colega de escola.
3. Moral: Difamar, caluniar ou espalhar um boato sobre alguém
4. Verbal: Insultar ou xingar de forma repetitiva ou criar apelidos que humilham os colegas
5. Sexual: Assediar, induzir ou abusar de alguém
6. Social: Ignorar, isolar ou excluir constantemente um colega do convívio social
7. Material: Furtar, roubar ou destruir os pertences de alguém
8. Virtual: Humilhar os colegas pela rede, enviar mensagens que invadem a intimidade, falsificar fotos e dados pessoais provocando sofrimentos e constrangimento.
 
Mas e ai como agir diante do Bullying? Nunca se deve ignorar o sofrimento da criança, pedindo para ela esquecer ou deixar o problema de lado. Há crianças que encaram as dificuldades com mais autonomia, mas isso depende dos repertórios comportamentais que a mesma vivencia no seu dia a dia.
Se a escola for o local onde a criança sofre com as ameaças, os pais devem falar com diretores e professores para que estes possam coibir esses comportamentos. É importante também estimular a autoestima dos seus filhos, uma vez que uma das principais vitimas de Bullying são as crianças tímidas e que demonstram mais fragilidades. Assim os pais devem estimular os seus filhos a se defenderem, mas sem o uso da violência. A criança pode falar com firmeza, “eu não sou isso!”;  “não vou te dar o meu lanche!”; ou que “não quer brincar”. 
Muitos pais se enganam quando pensam que ao brigar com seu filho, que sofre essas intimidações, estará o estimulando a ter coragem, pelo contrário, seu filho poderá não falar mais sobre o assunto com você.
Assim, fiquem atentos aos comportamentos da criança em casa, se frequentemente queixa-se de insônia, tristeza, irritação, dores de cabeça e de barriga, baixo rendimento escolar, sem estímulo para ir á escola dentre outros fatores que devem ser levados a sério, uma vez que o bullying podem causar efeitos psicológicos como: isolamento, depressão, fobias, transtornos alimentares, transtornos de ansiedade, pensamentos destrutivos como desejos de morrer e o suicídio. Estejam atentos, afinal só consegue observar essas diferenças quem acompanha o dia a dia do filho.
Todavia, no ciclo do Bullying, se existe uma vítima é porque há um agressor e esse comportamento necessita também da atenção e ação dos pais e professores.
Geralmente as crianças que são agressoras e intimidam as outras, apresentam em casa comportamentos hostis, intolerância e resolvem as situações com agressividades e violência física . Em alguns casos foram ou são vítimas de outros agressores. Os pais por sua vez não devem reforçar esses comportamentos agressivos, mas manter-se atento as ações dos seus filhos mantendo-se disponível para diálogos e em muitos casos, buscar ajuda de professores e de psicólogos.
Outros participantes desse ciclo vicioso são os espectadores, que são aquelas crianças que assistem a ação dos agressores, mas não reagem. Em muitos casos se calam por medos de se tornarem vítimas, passando a experimentar sentimentos de muita ansiedade.
Mas independente se a criança for vítima, agressor ou espectador, esse ciclo deve ser quebrado. O ideal é que tudo se resolva dentro do âmbito escolar. No entanto, quando a situação ultrapassar o ambiente escolar diante da sua gravidade, o fato deverá ser direcionado ao Ministério Público, que aplicará medidas cabíveis, como por exemplo: medidas socioeducativas.
Finalizo esse texto afirmando que, todos somos responsáveis pela promoção de ambientes harmoniosos para nossas crianças, para que estas possam desenvolver repertórios de comportamentos aceitáveis socialmente. Falar sobre Bullying atualmente é algo bem comum, mas o que você está fazendo para acabar com essa prática?






Jackelline dos Santos Lima
CRP: 15/3275
Psicóloga Analista do Comportamento   
 
 
Referência:
Projeto define oito tipos de bullying que devem ser evitados na escola. Disponivel em:  http://www12.senado.leg.br/ Acessado em 30 de setembro de 2015. 

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Seus responsáveis são os psicólogos comportamentais Cinthia Ferreira CRP 15/3287, Jacinto Neto CRP 15/3274, Jackelline Lima CRP 15/3275 e Renata Lopes CRP 15/3296, graduados em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas e pós graduação em Análise do Comportamento.
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