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Quando o amor acaba

21/05/2015 22h10
21/05/2015 22h10
Quando o amor acaba
Quando o amor acaba
            Foram anos de relacionamento... Agora você fecha os olhos e como um filme de uma antiga fita cassete você parece reviver os sorrisos, os abraços, os beijos, a magia, o prazer, os mesmos sentimentos e sensações de um tempo que o amor parecia que seria eterno.
Já expliquei em outro texto (O Amor, Maria e João) o que é o amor. Skinner (1948) diz que amor é reforçamento positivo, ou seja, são conseqüências que aumentam a freqüência dos “comportamentos de amar”. Por exemplo: você manda flores para sua namorada e ganha um beijo dela (a probabilidade de mandar flores aumentará), você telefona para o seu namorado e ele atende (a probabilidade de ligar aumentará), você abraça seu marido e ele te abraça de volta (a probabilidade de abraçar também aumentará), você pensa em seu marido e se sente feliz (a freqüência de pensar aumentará). Melhor dizendo são processos onde há reforçamentos mútuos entre o par de amados.
Logicamente que nem sempre nossos comportamentos serão consequenciados continuamente dessa maneira. Em algumas ocasiões você não terá o beijo, a ligação atendida ou o abraço de volta; em outras ocasiões os terá. A esse processo damos o nome de reforço intermitente. Possivelmente você terá mais dificuldades em deixar um relacionamento se seu parceiro (a) agir com você dessa forma. Se somente em algumas ocasiões seus telefonemas, beijos e abraços forem retribuídos a freqüência de telefonar, beijar e abraçar será mantida numa constância alta.
Vamos pensar um pouco?
Sitação A: João costuma ligar para Maria e todas as vezes Maria o atende. Nesse caso, João não ligará tão frequentemente, pois Maria o atenderá sempre.
Situação B: João costuma ligar para Maria, mas, agora, Maria não o atende nunca. Nesse caso, a princípio a freqüência de ligar será bastante alta, mas chegará o momento em que João cansará de ligar e ocorrerá uma redução das ligações até a completa extinção.  Quando você não sabe se vai conseguir o que quer, você fará sempre mais vezes na intenção de conseguir seu objetivo.
Situação C: João liga para Maria, que às vezes o atende, mas às vezes não. Nesse caso, a freqüência de ligar será bastante alta, pois o sujeito se comporta no intuito de receber a conseqüência que, aqui, nem sempre virá.
Por isso, muitas pessoas se mantêm em relacionamentos fracassados e infelizes, pois em espaçadas ocasiões são reforçadas (beijos, abraços, sexo, presentes...), mas na maior parte das vezes não, permanecendo, assim, presos a esses relacionamentos durante anos  e anos de suas vidas.
Mas atente, leitor, quando não há mais conseqüências reforçadoras para comportamentos que no passado foram reforçados (situação B), os comportamentos entrarão em um processo denominado extinção. Quando dizemos que o amor acabou estamos, na verdade, dizendo que os “comportamentos de amar” não estão produzindo mais conseqüências reforçadoras. Por exemplo, telefonar e não ser atendido, acariciar e não ser acariciado, presentear e não ser correspondido, não se sentir mais feliz na presença do companheiro (a), não sentir mais atração por ele (a). Junto a esse processo ocorrem as reações emocionais: choro, tristeza, saudade etc.
Quem nunca passou por um momento de “sofrência” (como se diz nos dias atuais) que atire o primeiro coração partido, pois na maior parte dos casos, as relações amorosas da vida real não são eternas como nas histórias dos contos de amor. Por diversos motivos elas chegam ao fim e quase sempre o término gera sofrimento para umas das partes. As perdas, em diferentes aspectos, estarão nos acompanhado ao longo de toda a nossa jornada e devemos aprender a lidar com elas, do contrário seremos pessoas frustradas e deprimidas. Mas o que fazer diante de uma separação dolorosa?
Nesses casos, um dos caminhos é buscar outras “fontes de prazer” na vida: lugares, atividades, amigos, praticas esportivas, um novo romance... Enfim, ser reforçado por outros contextos e outras pessoas, pois deixar de amar é alterar comportamentos e situações.  Falando assim o processo de superação pode parecer fácil, mas na maior parte das vezes não é. Assim, um profissional pode ajudar a buscar e acrescentar novos “prazeres” a sua vida e ajudar na superação de sofrimento causado pelo término da relação.  
 
Referências
 
SKINNER, B. F.. Walden II: uma sociedade do futuro. 2. Ed. São Paulo: EPU, 2009

 
Por Jacinto Neto
Psicólogo Clínico Comportamental
CRP 15 3274 

Além da Caixa

O Além da Caixa é um espaço para a discussão dos mais diversificados temas sob a ótica da psicologia do comportamento. De maneira direta e com uma linguagem clara falaremos ao público em geral, mas sem destoar dos princípios da Psicologia Científica.
Seus responsáveis são os psicólogos comportamentais Cinthia Ferreira CRP 15/3287, Jacinto Neto CRP 15/3274, Jackelline Lima CRP 15/3275 e Renata Lopes CRP 15/3296, graduados em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas e pós graduação em Análise do Comportamento.
Endereço: Clínica Vida Bella - Av. Ceci Cunha, 255, Alto do Cruzeiro - Arapiraca/AL.
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