Você acorda e enquanto toma banho já começa a sonhar com sua meta. Por exemplo, se seu objetivo é perder peso, já começa a se imaginar com todos os quilos a menos, as roupas que vai usar quando isso acontecer e os(as) gatos(as) que irá atrair com o novo corpo. Outro exemplo, se sua meta é passar em um concurso, automaticamente já imagina tudo aquilo que vai poder comprar com o dinheiro que irá ganhar, além do reconhecimento profissional e pessoal que irá ter.

Planos como os citados acima parecem excelentes, mas quando se trata de alcançar metas, pensar apenas no início e no fim é um grande erro, pois entre esses dois pontos existe um grande e árduo caminho a ser percorrido, e é nesse percurso onde muitos se perdem e passam a vida a questionar o porquê de as coisas não darem certo. Quando o assunto é alcançar objetivos seu grande aliado será o planejamento, tema esse que já foi abordado aqui no Além da Caixa (www.jaenoticia.com.br/blog/89/Alem-da-Caixa), e, portanto, não irei focar nele. O foco de hoje será o inimigo: a procrastinação.

De acordo com o dicionário Aurélio, “procrastinar” significa “deixar para depois”. Após essa clara explicação eu volto a fazer perguntas: você faz primeiro o dever e depois o lazer ou vice-versa? Quando seu chefe solicita um relatório você faz de imediato ou antes toma um cafezinho, coloca o papo em dia e dá uma olhada nas redes sociais? Você liga o computador para produzir seu TCC pela manhã e tudo parece mais atraente do que isto levando você a escrever apenas um parágrafo ao final do dia (ou nem mesmo isso)? Você espera a segunda-feira para começar a dieta? Ou seja, procrastinar é optar por fazer as atividades mais prazerosas ou menos importantes. Bom, se sua resposta foi “sim” para algumas dessas questões, tenho que lhe informar que você, leitor, está praticando a arte da procrastinação.

O que a princípio parece muito reforçador, como substituir o trabalho da faculdade pelo filme com o(a) namorado(a), é na verdade uma falsa sensação agradável que faz você sentir-se bem por um tempo. No entanto quando você volta a fazer a obrigação, volta todo o sentimento (comportamento) ruim, fazendo com que você ande em círculo: tarefa desagradável – fuga – tarefa desagradável – fuga...

            Nesse momento, você que está lendo esse texto, pode estar se perguntando o que pode ser feito para evitar a procrastinação. A resposta foi dada acima: planejamento. É preciso dar um passo de cada vez. É como uma longa caminhada de 100km, se o indivíduo focar no ponto de partida e no ponto de chegada, o percurso será um tormento. Para caminhar 100km é preciso que se ande um quilômetro de cada vez. Cada quilômetro uma vitória. Sem esquecer do tênis apropriado, da boa alimentação e da água. Ficou claro?

Ou seja, não dá para falar em planejamento sem falar em organização. Organizar o ambiente o qual você vai estudar/trabalhar é imprescindível. E, para tal, a primeira coisa a fazer é tirar do ambiente qualquer coisa que o distraia, como por exemplo, televisão, redes sociais, bate papos... e por aí vai! Apesar de muito atrativos, esses mecanismos funcionam como reforçadores imediatos, não te trazendo benefícios a longo prazo. Ainda em se tratando de planejamento, organizar os horários de estudo ou de tarefas a serem desempenhadas em um papel – separando por horários – também pode ser um excelente artifício. Assim, você estabelece as metas para aquele dia e ao final dele pode avaliar se foram cumpridas ou não, fazendo você ganhar bem mais tempo e/ou aprendizado.

Sair da zona de conforto e realizar atividades tidas como desagradáveis pode parecer ruim, mas não se pode esquecer que são estas as que impulsionam os indivíduos para alcançar objetivos e torna-se um ser humano cada vez mais completo. Se você ao ler esse texto percebeu que se identificou mais do que gostaria e acredita que precisa de ajuda profissional para te auxiliar, um psicólogo comportamental pode te ajudar.

Lembro que quando criança ouvia uma famosa apresentadora de TV falar para os telespectadores: “eu quero, eu posso eu consigo”. Hoje, após algumas experiências eu gostaria que ela tivesse ensinado que “eu quero, eu planejo, eu persisto, eu consigo”.

Renata Lopes Santos
CRP 15/3296
Psicóloga Clínica Comportamental