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Você tem traumas?
Estava indo para o trabalho quando fui abordada por dois sujeitos que passavam de moto e armados anunciaram o assalto. Mesmo depois de vários dias do ocorrido, não consigo voltar à rotina de trabalho, tenho pensamentos recorrentes e intrusivos que remetem à lembrança do trauma e freqüentes pesadelos. As consequências começam atingir a minha vida social, uma vez que apresento comportamento de esquiva, isolando-me e recusando-me a sair de casa.
Por Jackelline Lima
CRP: 15/3275 Analista do comportamento
O caso acima descrito é fictício, no entanto, muitas pessoas já passaram por situações semelhantes e infelizmente desenvolvem o TEPT (transtorno de estresse pós traumático), este é classificado como um transtorno de ansiedade que está relacionado à ocorrência de algum evento traumático. No entanto, esses eventos não necessariamente precisam ocorrer de forma direta à pessoa. Existem casos em que ao presenciar uma situação aversiva ou alguma forma de violência com terceiros, a pessoa poderá apresentar sinais do transtorno tais como: tremores, sudoreses, taquicardia, tonturas, dor de cabeça, dificuldade de concentração, distúrbio do sono, irritabilidade e hipervigilância. De um modo geral são situações que representam ameaça à sua vida ou à vida de terceiros.
Os casos mais comuns de eventos traumáticos são: assaltos, acidentes de carros, sequestros, estupros, perda de um ente querido, agressões físicas, tragédias, dentre outros. Assim, passado por pelo menos um desses eventos, algumas pessoas iniciam um processo de emparelhamento das emoções e reações comportamentais com os estímulos da situação: o local onde ocorreu, objetos que estavam próximo, características físicas do agressor.
Dessa forma, quando se deparar com estímulos semelhantes ao do ocorrido apresentará reações de medo. Por exemplo, uma pessoa que foi assaltada por um motoqueiro, ao ouvir o som de uma moto se aproximando já apresenta tremores, sudorese ou qualquer comportamento de alerta.
Uma vez desenvolvido o TEPT as consequências são bastante acentuadas. A pessoa passa a relembrar o evento traumático com muita frequência, apresenta insônia, pesadelos, flash back da situação ao longo do dia, revivendo detalhes da situação, prejudicando a concentração, evitando ambientes e pessoas semelhantes ao ocorrido.
As consequências podem ser ainda mais prejudiciais quando a pessoa evita os meios sociais, não consegue desenvolver atividades rotineiras, isolando-se por um intenso medo e, muitas vezes, paralisam ou cancelam projetos de vida. Há também a possibilidade de se desenvolver outros problemas comportamentais, tais como: transtorno de pânico, depressão, ansiedade generalizada, agorafobia, dentre outros.
A incidência do TEPT é crescente, uma vez que, a violência (seja ela física ou psicológica) está cada vez mais presente em nosso cotidiano e com ela cresce também a insegurança nas pessoas e consequentemente o desenvolvimento de traumas, podendo ocorrer tanto em crianças quanto em jovens e adultos. No entanto, existem pessoas que tem a capacidade de resiliência maior, ou seja, apresentam mais resistência conseguindo se reerguer e superar situações traumáticas mais rapidamente que outras. Mas esse é um ponto que será melhor discutido em outro texto.
O tratamento deve ser realizado com psicoterapia e em alguns casos associado a medicamentos prescrito por um profissional especializado, quanto mais precoce for realizado o diagnóstico, melhor o resultado do tratamento. A psicoterapia facilitará a ruptura dos emparelhamentos das situações estressoras e assim promoverá o desenvolvimento de habilidades de enfrentamento das situações que lembram o evento traumático. Assim, progressivamente o indivíduo voltará a participar dos meios sociais e as rotinas habituais.
Por Jackelline Lima
CRP: 15/3275 Analista do comportamento
Além da Caixa
O Além da Caixa é um espaço para a discussão dos mais diversificados temas sob a ótica da psicologia do comportamento. De maneira direta e com uma linguagem clara falaremos ao público em geral, mas sem destoar dos princípios da Psicologia Científica.
Seus responsáveis são os psicólogos comportamentais Cinthia Ferreira CRP 15/3287, Jacinto Neto CRP 15/3274, Jackelline Lima CRP 15/3275 e Renata Lopes CRP 15/3296, graduados em Psicologia pela Universidade Federal de Alagoas e pós graduação em Análise do Comportamento.
Endereço: Clínica Vida Bella - Av. Ceci Cunha, 255, Alto do Cruzeiro - Arapiraca/AL.
Telefone para contato: 35211565 / 96180666
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