Ex-presidente hondurenho é libertado nos EUA após perdão de Trump

Por Redação com Agência Brasil 02/12/2025 19h07
Por Redação com Agência Brasil 02/12/2025 19h07
Ex-presidente hondurenho é libertado nos EUA após perdão de Trump
Hernández foi condenado por facilitar cargas de cocaína para os EUA - Foto: Reprodução

O presidente norte-americano, Donald Trump, que tem se apresentado como um temível combatente das drogas ilegais, perdoou o ex-presidente hondurenho Juan Orlando Hernández, que estava cumprindo uma sentença de 45 anos após ser condenado por conspirar para importar toneladas de cocaína para os Estados Unidos.

A medida extraordinária de Trump pode prejudicar a credibilidade dos EUA na América Latina, encorajar atores corruptos e expor o presidente republicano a acusações de críticos de que ele está minando décadas de esforços dos EUA para combater as redes transnacionais de drogas. Trump disse que acredita que Hernández foi tratado injustamente pelo governo de seu antecessor democrata, Joe Biden.

Trump assinou o perdão para Hernández na noite de segunda-feira, disse uma autoridade da Casa Branca. O Departamento Federal de Prisões o libertou da prisão em Hazelton, West Virginia, na segunda-feira.

O presidente dos EUA tem citado os perigos dos fluxos de drogas ilícitas da América Latina como justificativa para uma série de ataques mortais dos EUA a embarcações no Caribe e no Pacífico, além de um reforço militar perto da Venezuela.

Democratas e especialistas em direito têm criticado os ataques e questionado sua justificativa legal, observando que eles mataram dezenas de pessoas.

Durante o governo Biden, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos afirmou que Hernández havia abusado de seu poder ao aceitar milhões de dólares em subornos de traficantes para proteger seus carregamentos de cocaína com destino aos Estados Unidos e para alimentar sua ascensão na política hondurenha. Um júri de Manhattan considerou Hernández culpado em março de 2024. Ele foi sentenciado em junho do ano passado.

A esposa de Hernández, Ana Garcia, elogiou Trump em uma publicação nas redes sociais na segunda-feira.

"Depois de quase quatro anos de dor, espera e julgamentos difíceis, meu marido Juan Orlando Hernández VOLTOU a ser um homem livre, graças ao perdão presidencial concedido pelo presidente Donald Trump", afirmou Garcia.

Em sua sentença, Hernández disse que foi vítima de traficantes de drogas que testemunharam contra ele depois que ele ajudou a extraditá-los de Honduras para os Estados Unidos. "Isso foi uma perseguição política por traficantes de drogas e políticos", disse Hernández na época, de acordo com a transcrição do tribunal.

Em vez disso, ele se retratou como um flagelo dos traficantes de drogas.

"Eu tinha uma política contra todas essas pessoas porque não as suportava", disse Hernández. "Eles causaram muitos danos ao país."

Hernández alega perseguição

Hernández escreveu uma longa carta a Trump na qual se considerava um alvo político do governo Biden-Kamala, comparando-se a Trump, que enfrentou vários processos durante o mandato Biden e alegou que as acusações tinham motivação política.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, disse na segunda-feira que Hernández havia sido vítima de uma "armação".

"Essa foi uma clara acusação excessiva de Biden. Ele era o presidente deste país. Ele estava no partido de oposição. Ele se opunha aos valores do governo anterior, e eles o acusaram porque ele era o presidente de Honduras", disse ela.

O Departamento de Justiça disse em uma declaração após sua sentença em junho de 2024 que ele ajudou a facilitar a importação para os EUA "de quase insondáveis 400 toneladas de cocaína" e estava "no centro de uma das maiores e mais violentas conspirações de tráfico de drogas do mundo".

Eleições em Honduras

A libertação ocorreu um dia após a eleição presidencial em Honduras, na qual Trump apoiou o candidato conservador Nasry Asfura, do Partido Nacional, que está enfrentando o liberal Salvador Nasralla.

A última contagem de votos mostrou os dois candidatos praticamente empatados, com pouco menos de 40% dos votos.

O partido de Asfura forjou uma estreita parceria com Washington durante o governo de Hernández, que governou de 2014 a 2022 e foi preso logo após deixar o cargo.

Honduras tornou-se um centro global de exportação de cocaína depois que um golpe de 2009 criou instabilidade política e permitiu que os cartéis de drogas ganhassem influência. O país de cerca de 11 milhões de habitantes, assolado pela pobreza, tornou-se um dos lugares mais violentos do mundo, pois grupos rivais lutavam para controlar as rotas do tráfico.

Durante a presidência de Hernández, centenas de milhares de hondurenhos fugiram da extorsão e da violência das gangues migrando para os Estados Unidos.