Uma técnica de enfermagem da rede municipal da Barra de São Miguel, no Litoral Sul de Alagoas, está sendo investigada por vender ilegalmente vacinas contra meningite que deveriam ser aplicadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo denúncias registradas, a profissional cobrava entre R$ 500 e R$ 700 por cada dose, apresentando o imunizante como se ele não estivesse disponível na rede pública.

A Polícia Civil abriu investigação para apurar a extensão do esquema e já identificou indícios de que as doses utilizadas teriam sido retiradas do próprio posto de saúde onde a servidora atuava. De acordo com os relatos, ela aplicava a vacina contra meningite tipo C — que é distribuída gratuitamente pelo SUS —, mas afirmava aos responsáveis que se tratava de uma dose de outro tipo, supostamente adquirida de uma distribuidora privada. Uma clínica citada pela investigada desmentiu essa versão.

A delegada Liana Franca, responsável pelo caso, explicou que a técnica enganava os clientes ao vender como exclusivo um imunizante oferecido gratuitamente pelo poder público. “Ela aplicava a vacina tipo C dizendo que era tipo B e vendia como se fosse um produto da rede privada. É um crime contra a saúde pública”, afirmou.

Um casal que registrou ocorrência relatou que o filho, ainda bebê, recebeu um número de doses incompatível com o que é recomendado pelos protocolos oficiais de vacinação. A polícia suspeita que mais famílias possam ter sido prejudicadas.

Até o momento, duas vítimas procuraram a delegacia, mas a expectativa é de que o número aumente com a divulgação do caso. “A servidora ainda não foi presa, mas será ouvida nos próximos dias”, acrescentou a delegada.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde da Barra de São Miguel informou que tomou conhecimento do caso no dia 5 de novembro e determinou imediatamente o afastamento cautelar da profissional. O órgão afirmou que está adotando todas as medidas administrativas cabíveis e reforçou o compromisso com a transparência e o total esclarecimento dos fatos.