Banco e moeda locais ampliam crédito financeiro de pequenos comerciantes de Igaci
m levantamento do Instituto Data Popular estima que mais de 55 milhões de brasileiros não possuem, por questões socioeconômicas ou devido a processos burocráticos, qualquer tipo de conta bancária. Neste grupo estão cerca 53% da população do Nordeste.
Foi por causa do número alto de pessoas que não possuem sequer uma conta corrente ou poupança que surgiram o Banco Comunitário Olhos D’água e a moeda social Terra em Igaci, município do Agreste alagoano com pouco mais de 25 mil habitantes.
Implantando em 2016, o projeto de economia solidária foi desenvolvido por meio de uma parceria entre as universidades federais de Alagoas e da Bahia e a associação de agricultores do município. O objetivo é facilitar o acesso a microcrédito, educação financeira, circulação de moedas e o apoio ao comércio local.
"Aqui todo mundo trabalha com a moedinha [Terra]. Recebemos e passamos troco com ela. Também fazemos compras e pagamos com a moedinha", diz a agricultura e feirante que vende feijão verde, hortaliças e almoço na feirinha, Elisangela Bezerra.
O Banco Olhos D'Água disponibiliza crédito para famílias de baixa renda movimentarem pequenos negócios. O recurso é repassado em duas moedas Real ou Terra, que possuem valores equivalentes. Porém, a Terra possui circulação restrita no município contribuindo assim para o fortalecimento da economia local.
Com 80 projetos de financiamentos de créditos já aprovados em pouco mais de um ano de funcionamento e com 22 estabelecimentos comerciais conveniados a receberem a moeda Terra, o Banco Comunitário já movimenta quase R$ 50 mil no pequeno município que possui um PIB Municipal avaliado em pouco mais de R$ 153 mil.
“À primeira vista, o valor da movimentação financeira do Banco Comunitário parece ser pequena. Porém, ao levarmos em consideração indicativos sociais e educativos, conseguimos perceber a importância da experiência para a inclusão de famílias no sistema financeiro e para desenvolvimento econômico”, expõe o coordenador da Incubadora Tecnológica de Economia Solidária da Universidade Federal de Alagoas (Ites-Ufal), Leonardo Leal.
Leal explica que a experiência do Banco Comunitário foi implantada em Igaci por conta do potencial associativo do lugar, que possui mais de 30 associações comunitárias de atividades ligadas a terra.
“Com isso, a moeda Terra circula tanto em estabelecimentos comerciais fixos, a exemplo de mercados e farmácias, na feira semanal e entre os comerciantes e produtores rurais”, explica Leal.
Terra na mão é dinheiro no bolso
A cada dia, a circulação da moeda Terra, que possui notas físicas de 0,50; 1; 2; 5 e 10, passar a ser incorporada com naturalidade nas transações do comércio de Igaci.
No município onde a maior parte da atividade econômica está vinculada à agricultura, Terra na mão é sinônimo de dinheiro no bolso.
"Hoje, cerca de 15% das nossas vendas são pagas com a moeda Terra. Pra gente, receber Real ou Terra é indiferente. O importante é vender. No entanto, a circulação da Terra reduziu de forma significativa o fiado. Ou seja, é melhor receber em Terra, que é igual a Real, do que colocar a venda no caderno de fiado", relata a gerente da farmácia Vitória Santos.
Na feira de produtos orgânicos a Terra está na mão e no bolso dos comerciantes e agricultores, que se orgulham em negociar com a moeda de circulação local.
O Banquinho [Banco Comunitário] e a moedinha são um orgulho pra gente. Levo a moedinha pra tudo que é lugar e as pessoas ficam curiosas porque só conhecem Real", diz Elisangela Bezerra.
A conversão de Terra para Real
Para fazer a transação comercial com a moeda Terra, o comerciante precisa assinar um contrato com o Banco Olhos D'água. Só assim é possível converter a Terra em Real. E apesar dos valores serem equivalentes, alguns comerciantes, de olho na fidelidade dos clientes, acabam oferecendo descontos para a compra com a moedinha.
A agente de crédito do Banco Olhos D'água, Valdiene Pereira, explica que a conversão da moeda é simples, sendo necessário somente os comerciantes informarem um dia antes quanto pretendem converter de Terra para Real.
"Só eles podem fazer essa conversão. Aos consumidores, cabe apenas a circulação da moeda pagando e recebendo troco", diz ao enfatizar que a moeda local possui vários itens de segurança que impedem a falsificação, mas que o relacionamento de confiança entre os envolvidos nas transações é o que vale.
A Terra é lançada no mercado local a partir de microcréditos oferecidos aos agricultores vinculados às associações agrárias. O dinheiro é disponibilizado ao cliente de duas formas: em Terra e Real, que pode ser acessado de forma virtual (crédito) e em moeda física.
Diferente de um banco tradicional, o banco comunitário possui um grupo gestor formado por pessoas da comunidade, que avaliam os créditos disponibilizados diante de critérios técnicos e sociais.
"Entre a avaliação para disponibilização de crédito estão as condições de endividamento do cliente e a viabilidade do investimento. Os créditos são educativos e tem como finalidade ajudar no desenvolvimento econômico das famílias", completa Valdiene.
O recurso para implantação do projeto do Banco Comunitário foi disponibilizado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho, do Governo Federal.
Foi por causa do número alto de pessoas que não possuem sequer uma conta corrente ou poupança que surgiram o Banco Comunitário Olhos D’água e a moeda social Terra em Igaci, município do Agreste alagoano com pouco mais de 25 mil habitantes.
Implantando em 2016, o projeto de economia solidária foi desenvolvido por meio de uma parceria entre as universidades federais de Alagoas e da Bahia e a associação de agricultores do município. O objetivo é facilitar o acesso a microcrédito, educação financeira, circulação de moedas e o apoio ao comércio local.
"Aqui todo mundo trabalha com a moedinha [Terra]. Recebemos e passamos troco com ela. Também fazemos compras e pagamos com a moedinha", diz a agricultura e feirante que vende feijão verde, hortaliças e almoço na feirinha, Elisangela Bezerra.
O Banco Olhos D'Água disponibiliza crédito para famílias de baixa renda movimentarem pequenos negócios. O recurso é repassado em duas moedas Real ou Terra, que possuem valores equivalentes. Porém, a Terra possui circulação restrita no município contribuindo assim para o fortalecimento da economia local.
Com 80 projetos de financiamentos de créditos já aprovados em pouco mais de um ano de funcionamento e com 22 estabelecimentos comerciais conveniados a receberem a moeda Terra, o Banco Comunitário já movimenta quase R$ 50 mil no pequeno município que possui um PIB Municipal avaliado em pouco mais de R$ 153 mil.
“À primeira vista, o valor da movimentação financeira do Banco Comunitário parece ser pequena. Porém, ao levarmos em consideração indicativos sociais e educativos, conseguimos perceber a importância da experiência para a inclusão de famílias no sistema financeiro e para desenvolvimento econômico”, expõe o coordenador da Incubadora Tecnológica de Economia Solidária da Universidade Federal de Alagoas (Ites-Ufal), Leonardo Leal.
Leal explica que a experiência do Banco Comunitário foi implantada em Igaci por conta do potencial associativo do lugar, que possui mais de 30 associações comunitárias de atividades ligadas a terra.
“Com isso, a moeda Terra circula tanto em estabelecimentos comerciais fixos, a exemplo de mercados e farmácias, na feira semanal e entre os comerciantes e produtores rurais”, explica Leal.
Terra na mão é dinheiro no bolso
A cada dia, a circulação da moeda Terra, que possui notas físicas de 0,50; 1; 2; 5 e 10, passar a ser incorporada com naturalidade nas transações do comércio de Igaci.
No município onde a maior parte da atividade econômica está vinculada à agricultura, Terra na mão é sinônimo de dinheiro no bolso.
"Hoje, cerca de 15% das nossas vendas são pagas com a moeda Terra. Pra gente, receber Real ou Terra é indiferente. O importante é vender. No entanto, a circulação da Terra reduziu de forma significativa o fiado. Ou seja, é melhor receber em Terra, que é igual a Real, do que colocar a venda no caderno de fiado", relata a gerente da farmácia Vitória Santos.
Na feira de produtos orgânicos a Terra está na mão e no bolso dos comerciantes e agricultores, que se orgulham em negociar com a moeda de circulação local.
O Banquinho [Banco Comunitário] e a moedinha são um orgulho pra gente. Levo a moedinha pra tudo que é lugar e as pessoas ficam curiosas porque só conhecem Real", diz Elisangela Bezerra.
A conversão de Terra para Real
Para fazer a transação comercial com a moeda Terra, o comerciante precisa assinar um contrato com o Banco Olhos D'água. Só assim é possível converter a Terra em Real. E apesar dos valores serem equivalentes, alguns comerciantes, de olho na fidelidade dos clientes, acabam oferecendo descontos para a compra com a moedinha.
A agente de crédito do Banco Olhos D'água, Valdiene Pereira, explica que a conversão da moeda é simples, sendo necessário somente os comerciantes informarem um dia antes quanto pretendem converter de Terra para Real.
"Só eles podem fazer essa conversão. Aos consumidores, cabe apenas a circulação da moeda pagando e recebendo troco", diz ao enfatizar que a moeda local possui vários itens de segurança que impedem a falsificação, mas que o relacionamento de confiança entre os envolvidos nas transações é o que vale.
A Terra é lançada no mercado local a partir de microcréditos oferecidos aos agricultores vinculados às associações agrárias. O dinheiro é disponibilizado ao cliente de duas formas: em Terra e Real, que pode ser acessado de forma virtual (crédito) e em moeda física.
Diferente de um banco tradicional, o banco comunitário possui um grupo gestor formado por pessoas da comunidade, que avaliam os créditos disponibilizados diante de critérios técnicos e sociais.
"Entre a avaliação para disponibilização de crédito estão as condições de endividamento do cliente e a viabilidade do investimento. Os créditos são educativos e tem como finalidade ajudar no desenvolvimento econômico das famílias", completa Valdiene.
O recurso para implantação do projeto do Banco Comunitário foi disponibilizado pela Secretaria Nacional de Economia Solidária, do Ministério do Trabalho, do Governo Federal.
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