Gloria Pires sobre 'Babilônia': ''Devo essa personagem a drag queen RuPaul''

Por Quem Acontece 28/08/2015 13h01
Por Quem Acontece 28/08/2015 13h01
Gloria Pires sobre 'Babilônia': ''Devo essa personagem a drag queen RuPaul''
Foto: Reprodução
Os olhares e gestos trocados entre Gloria Pires e Antonia Morais mostram que ali a relação é de muito amor e confiança. Se na vida real o afeto é explícito, na ficção pode ser diferente. A dupla está na comédia Linda de Morrer, que entrou em cartaz dia 20, na qual interpretam mãe e filha que não se entendem. “Sou uma mãe amorosa e cuidadosa”, diz Gloria, ao lado de Antonia, em conversa com QUEM em um hotel na Zona Sul do Rio de Janeiro.

"Crescemos superbem. Dá para ver, cada um de nós segue um caminho”, completa a atriz e cantora de 23 anos, irmã de Ana, de 15, e Bento, de 10 – todos filhos do casamento de 28 anos de Gloria com o músico Orlando Morais, de 53 –, e de Cleo Pires, de 32.

Antonia contracena pela primeira vez com a mãe. As duas fizeram parte do remake de Guerra dos Sexos (2013), mas não dividiram cenas. “É diferente do convívio em casa. Cheguei a ficar preocupada”, diz Gloria, que está na reta final de Babilônia na pele de Beatriz, e esbanja boa forma e beleza aos 52 anos. “Os anos me trouxeram muita coisa boa”, afirma a atriz, exemplo para a filha. “Minha mãe é linda”, derrete-se Antonia.

QUEM: É a primeira vez que vocês atuam juntas. Como foi?
Gloria Pires: Nunca sabemos como será o processo de trabalho. É diferente do convívio em casa. Cheguei a ficar preocupada. Meus filhos são independentes. Não gosto de ser invasiva, mas às vezes sou sem querer.
Antonia Morais: Nunca senti essa sua invasão. Me incomodaria. Não dá para pensar com seu cérebro se há pessoas tomando esse cuidado por você. Tem que tentar fazer sozinha.

QUEM: Como foi a experiência para você, Antonia?
AM: Foi engraçada e muito legal também. Eu estava isolada por um ano preparando as músicas do meu novo trabalho (Milagros). Quando surgiu o filme, vi uma oportunidade de voltar a trabalhar em grupo e exercitar meu lado atriz, que eu não queria deixar parado.

QUEM: A relação de mãe e filha no filme é conflituosa. Mas você, Gloria, é mais amorosa, não?
GP: É difícil falar de si sem se ver de fora. Sou uma mãe amorosa e cuidadosa. Eu e Orlando incentivamos a independência para nossos filhos tomarem o caminho que quiserem, seja tatuar, fazer música, pichar o quarto... o que os inspirar.

QUEM: Quando você vê suas filhas interpretando, é mais crítica ou coruja?
GP: Não me acho coruja (Antonia ri). Realmente tem uma emoção. Ver um filho em ação é aquele momento em que penso: “A vida segue, eles estão aí buscando, se encontrando”. Tem a vibração com essa expectativa, essa novidade, a pureza que se manifesta é muito poética. Fico emocionada (os olhos de Gloria se enchem d’água e ela faz um carinho em Antonia).

QUEM: Antonia, você se acha mais parecida com seu pai ou sua mãe?
AM: Sou parecida com ele. Mas quando vejo uns vídeos de Dancin’ Days (1978), acho que sou igual a ela. É bom porque minha mãe é linda! E o meu pai também! Peguei um pouco dos dois, graças a Deus!


Glória Pires e Antonia Morais (Foto: Reprodução)

QUEM: Vale qualquer sacrifício pela beleza?
AM: Para mim não vale.
GP: Hoje todo mundo tem uma questão com a autoimagem, as pessoas se veem mais, se fotografam mais. A foto tem uma proporção absurda. Não é fácil lidar com a ideia que as pessoas têm de você e como você se enxerga. São coisas distintas. Isso era um problema que só artistas e modelos sentiam. Hoje a autoexposição é geral, é muito grande. É natural que essas questões ganhem uma proporção descomunal.

QUEM: O filme fala sobre a busca da beleza. Você já fez algum procedimento estético, Gloria?
GP: Já fiz várias coisas, mas o essencial é ter bom senso. Cada um sabe de sua necessidade. Eu, por exemplo, não sou consumista. Nunca vou às compras quando estou deprimida. Só compro quando preciso. Penso, olho e se tenho dúvida não compro. Até que ponto vale buscar toda essa tecnologia e o conforto que temos hoje? Temos autonomia para dizer: “Agora chega, quero desligar meu celular”.

QUEM: E você consegue?
GP: Durmo de celular desligado!

QUEM: Como mãe, já sentiu culpa e pensou: “Devia trabalhar menos”?
GP: Já tive muito esse questionamento. Pensava em diminuir, mas no começo da carreira é preciso marcar seu espaço. A maturidade e a vivência com os filhos e com o marido, que também é workaholic, ajudaram.
AM: Crescemos superbem. Dá para ver, cada um de nós segue um caminho.
GP: Tem dado certo. O Marcos Palmeira compartilhou no grupo de WhatsApp da novela uma mensagem do papa Francisco muito bacana: “Não existe família perfeita, não existem os pais perfeitos, os filhos perfeitos, porque ninguém é perfeito”. Isso é obvio, mas a gente é tão prepotente em achar que comanda a vida, que faz as escolhas. Na verdade, agimos de acordo com o que temos à mão. Se só há a opção de precisar trabalhar, tem que trabalhar.

QUEM: E como está a vida depois dos 50 anos?
GP: Minha vida toda melhorou. Não só depois dos 50, mas com o passar dos anos, que foram me trazendo paz, segurança, conhecimento. Colho os frutos e o resultado de crenças e ideias realizadas. Os anos me trouxeram muita coisa boa. A idade é uma aliada.

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